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Covid-19 se alastra e rejuvenesce pandemia em todo o Brasil

Em março, São Carlos registrou 27 mortes de pessoas com menos de 65 anos de idade; sendo três abaixo dos 30 anos

30/03/2021 05h42 - Atualizado há 3 anos Publicado por: Redação
Covid-19 se alastra e rejuvenesce pandemia em todo o Brasil Foto: Divulgação

Diante do volume das mortes em decorrência da Covid-19 em 2021 de pessoas abaixo dos 65 anos e a constatação de pacientes cada vez mais jovens com o quadro agravado e necessidade de internação em UTI (Unidade de Terapia Intensiva) há um levantamento do Observatório Covid-19 da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) que aponta para um aumento de casos entre adultos jovens, movimento chamado de “rejuvenescimento” da pandemia pelos especialistas.

Na Unimed São Carlos há dois pacientes em UTI com 28 e 29 anos. A operadora de saúde não fornece os dados dos pacientes, apenas a idade dos mais novos e mais velhos. No Hospital Universitário, sete de dez pacientes são abaixo dos 65 anos, sondo o mais novo com 35 anos de idade. A assessoria de imprensa da Santa Casa afirmou que não conseguiria este levantamento para ontem.

Em março, 27 mortes pela Covid-19 em São Carlos (SP) foram de pessoas abaixo dos 65 anos, sendo as três mais jovens com 27, 30 e 39 anos. Cinco delas entre 40 e 49 anos, onze entre 50 e 59 anos e oito entre 60 e 65 anos. Pelo estatuto brasileiro do idoso, as pessoas consideradas idosas são acima de 65 anos de idade.

O professor especialista em epidemiologia e coordenador técnico do Comitê de Controle do Coronavírus da UFSCar, Bernardino Alves Souto, afirmou que quanto mais pessoas são contaminadas a tendência é ampliar o número de casos graves e com isto cada vez mais pessoas mais jovens terão a necessidade de um tratamento intensivo. A Fiocruz diz que um dos efeitos dessa mudança é a contribuição para manutenção do cenário crítico na ocupação de leitos hospitalares.

“Mudou o perfil. Antes, a gente até falava que eram os avós; agora são os filhos e os netos”. “Com as novas variantes, temos paciente de 26 anos, 30 anos, sem comorbidades, sobrepeso ou sem doenças associadas”, afirmou André Baptista, médico residente em infectologia do Instituto Emílio Ribas na capital paulista.

“Não sabíamos quais eram as complicações, seu comportamento evolutivo e não tínhamos tratamento específico. Normalmente eram pacientes idosos, com comorbidades, obesos, com diabetes, alguns com hipertensão. O que chamava muita atenção era o sobrepeso. Mas isso mudou. Quando aparecia um jovem, abaixo de 50 anos, era com obesidade grande”.

De acordo com Baptista, o problema é que, agora, como colapsou o sistema, público e privado, os pacientes estão chegando mais graves, com necessidade de entubação muitas vezes já na admissão no pronto-socorro.

A maior presença de jovens internados em hospitais é um fenômeno relatado por profissionais de saúde de diferentes regiões. O boletim da Fiocruz desta semana traduz essa impressão em números. Usando dados relativos a síndromes respiratórias agudas graves (SRAG), que inclui majoritariamente casos de covid-19, a instituição disse ter observado um crescimento nos casos envolvendo adultos jovens ainda mais acentuado do que a média geral.

Na comparação da primeira semana epidemiológica do ano com a décima semana (7 a 13 de março), o número de casos cresceu 316%. Mas entre as faixas etárias de 30 a 39 anos, 40 a 49 anos e 50 a 59 anos, o crescimento foi de 565%, 626% e 525%, respectivamente. Ou seja, mais do que sextuplicaram. No caso dos óbitos, o movimento é menos expressivo, mas ainda presente. A alta total de mortes foi de 223%, mas no caso das faixas de 30 a 39, 40 a 49 e 50 a 59 o incremento foi de 353%, 419% e 317%, respectivamente.

Segundo Bernardino, existe uma linha mutante do SARS-CoV-2 em circulação que é mais transmissível, aumentando a incidência da doença e afetando quem mais se expõe. “Com grande probabilidade os jovens têm feito menos isolamento social e, portanto, se exposto mais, o que pode levar ao maior número de internados e com a forma grave da doença nesta faixa etária. O perfil de agressividade do vírus e a relação disto com a exposição ainda estão em estudo para tentar entender melhor esta juvenilização da pandemia”, explica o professor.

Os especialistas explicam que um dos efeitos do rejuvenescimento da pandemia está ligado à ocupação de leitos. “Por se tratar de população com menos comorbidades – e, portanto, com evolução mais lenta dos casos graves e fatais, frequentemente há um maior tempo de permanência na internação em terapia intensiva. De fato, a média da idade de pacientes internados vem diminuindo progressivamente. A média da idade dos casos na semana 1 de 2021 foi de 62 anos e de óbitos foi de 71 anos. Os dados mostram que na semana epidemiológica 10, os valores foram 58 anos para casos novos e 66 anos para óbitos.”

O observatório continua monitorando a taxa de ocupação de leitos de UTI no País. Nesta semana, o diagnóstico aponta que 24 Estados e o Distrito Federal registram taxas iguais ou superiores a 80% de ocupação, dezessete dos quais têm taxas maiores que 90%. Estão fora do patamar crítico o Amazonas, com ocupação de 79%, e Roraima, 64%. Entre as capitais, dezenove estão com taxas maiores que 90%.

Diante do cenário, os especialistas reforçam a defesa da adoção de dois grupos de medidas: 1) medidas urgentes, que envolvem a contenção da taxa de transmissão por meio de lockdown acompanhado de ampliação da oferta de leitos e prevenção ao desabastecimento de medicamentos e insumos; 2) medidas de mitigação, como ampliar a disponibilidade de máscaras e realizar campanhas para fortalecer o distanciamento social, com objetivo de reduzir a velocidade da propagação.

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