CROSS tem 1,5 mil pacientes no aguardo de leito de UTI no Estado
Dados da Central de Regulação e Oferta de Serviços de Saúde indicam que serviço cresceu 117% comparado ao primeiro pico da pandemia em junho
A demanda de transferências para casos de Covid-19 entre hospitais no Estado de São Paulo registradas pela Central de Regulação e Oferta de Serviços de Saúde (CROSS) cresceu 117% em comparação ao pico da pandemia: atualmente, são cerca de 1,5 mil pedidos por dia, contra 690 em junho de 2020, quando foi o auge da primeira onda. Já houve cerca de 190 mil regulações desde março do ano passado. Cerca de 35% das solicitações diárias referem-se a leitos de UTI.
É dentro deste cenário que a Santa Casa de São Carlos planeja transferir 60 pacientes em estado grave para outras cidades, ao alegar que não tem estoque para mais que dois dias de anestésicos e sedativos para manter os pacientes entubados internados na instituição.
Na tarde de sexta-feira, a Santa Casa confirmou que recebeu empréstimo de anestésico sedativo e bloqueador neuromuscular de hospitais da região para manter o atendimento por mais dois dias.
Segundo a Secretaria de Estrado da Saúde, que coordena a CROSS, a regulação destes pacientes depende da disponibilidade de leitos e de condição clínica adequada para que o paciente seja deslocado com segurança até o hospital de destino. Os pacientes poderão ser deslocados para hospitais que compõem a rede de saúde pública, em qualquer cidade do estado.
IMPACTO NA REDE HOSPITALAR – De acordo com a CROSS, a rede de saúde está impactada com o aumento de casos e internações. Na quinta-feira, 25, mais de 30,5 mil pessoas estavam internadas por suspeita ou confirmação de Covid-19, mais de 12,6 mil em UTIs. A taxa de ocupação na sexta-feira, 26, era de 92,4% nos leitos de Terapia Intensiva exclusivos para a doença no estado de São Paulo.
Segundo a assessoria de imprensa, o governo de São Paulo tem investido na ampliação de leitos e somente neste mês anunciou a abertura de mais de mil leitos e 12 hospitais de campanha. Até abril, o estado terá mais de 9,2 mil leitos de UTI, contra 3,5 mil antes da pandemia. Ainda assim, é importante que a população respeite a Fase Emergencial do Plano São Paulo, use máscaras, respeite o distanciamento social e fique em casa.
O Departamento Regional de Saúde DRS-3 de Araraquara, ao qual o município São Carlos é subordinado, registrou até sexta-feira, 26, ocupação de 90,8% dos leitos de UTI e 70,7% de enfermaria.
Na região, a Secretaria de Estado da Saúde mantém o serviço estadual Hospital Estadual Américo Brasiliense, em Araraquara, que dispõe de 48 leitos para assistência a pacientes graves da doença, incluindo 28 UTI.
Em São Carlos, a taxa de ocupação dos leitos especiais para Covid-19 de UTI/SUS adulto estava em 77,5% (21 adultos estão internados na Santa Casa e 10 no HU) na sexta-feira. Na Santa Casa estavam internados em leitos de UTI/SUS 21 adultos, apesar de ter 30 vagas, o hospital anunciou a falta de insumos e não retomou a admissão de novos pacientes.
Na enfermaria/SUS estão internadas 27 pessoas. Na rede particular 32 pessoas estão internadas na enfermaria e 28 na UTI.
FALTA DE MEDICAÇÃO – Segundo o governo paulista, a Secretaria de Estado da Saúde vem cobrando o governo federal por medidas “expressas e urgentes” para abastecer a rede pública de saúde com medicamentos utilizados em entubação. “A finalidade é garantir disponibilidade para atender os casos graves de Covid-19, especialmente devido ao crescimento do número de internações. É necessária uma centralização e uma política nacional para que os pacientes continuem sendo assistidos adequadamente”, traz o texto divulgado pela assessoria de imprensa do governo.
O que é a Cross
A Central funciona 24 horas por dia como mediadora entre os serviços de origem e de destino. Seu papel não é criar leitos, mas auxiliar na identificação de uma vaga no hospital mais próximo e apto a cuidar do caso. Nenhuma negativa parte deste serviço, que é apenas intermediário. Cada solicitação é avaliada por médicos reguladores, sendo crucial a atualização do quadro clínico. Os óbitos podem ocorrer em virtude de quadros clínicos graves e rápida evolução negativa. É responsabilidade do serviço de origem manter o paciente assistido e estável previamente de forma a apresentar condições de transferência, bem como providenciar transporte.