5 de Maio de 2024

Dólar

Euro

Cidades

Jornal Primeira Página > Notícias > Cidades > Embrapa analisa 166 pesquisas em encontro

Embrapa analisa 166 pesquisas em encontro

13/04/2012 15h26 - Atualizado há 12 anos Publicado por: Redação
Embrapa analisa 166 pesquisas em encontro

Coordenado pelo pesquisador da Embrapa Instrumentação de São Carlos, Cauê Ribeiro, o 6º Workshop da Rede de Nanotecnologia Aplicada ao Agronegócio (Rede AgroNano), que acontece até amanhã em Fortaleza (CE), traz pesquisadores, professores universitários e estudantes para apresentar, discutir e divulgar os resultados e a evolução das pesquisas que estão sendo conduzidas no tema em 16 unidades da Embrapa e grupos de 35 universidades brasileiras. O evento traz a parceria com a Embrapa Instrumentação (São Carlos).

Serão apresentados 166 trabalhos técnicos, um número 60% superior ao de sua última edição, em 2009, quando o total de apresentações chegou a 100. Participam deste evento cerca de 250 pessoas.

O evento traz a parceria com a Embrapa Instrumentação (São Carlos). O coordenador da rede AgroNano, Cauê Ribeiro, falou com exclusividade ao Primeira Página sobre os projetos em desenvolvimento na Embrapa, a nanotecnologia voltada ao universo agrário e a transferência de tecnologias para o desenvolvimento social.

Primeira Página – Quantos projetos e pesquisas em desenvolvimento na Embrapa Instrumentação serão levados ao encontro?

Cauê Ribeiro – O encontro é focado na rede, co-financiada pela Embrapa, CNPq e Finep, chamada de Rede de Nanotecnologia para o Agronegócio – Rede AgroNano. A Rede compreende ao todo cinco projetos técnicos, divididos em temas como Sensores e Biossensores aplicados à avaliação de produtos agrícolas, águas e saúde animal; filmes finos comestíveis e membranas aplicadas a embalagens de alimentos; aplicações de biopolímeros obtidos a partir de produtos agrícolas na indústria de materiais; aplicações de materiais na descontaminação de águas, liberação controlada de insumos agrícolas, materiais para produção de biocombustíveis; e avaliação de impactos de nanotecnologias no meio ambiente, saúde humana e animal. Além disso, a Rede conta com uma estrutura gerencial e um projeto especialmente dedicado a construir estratégias para transferir essas tecnologias para a sociedade. Ao todo, esse conjunto de atividades envolve em torno de 150 pesquisadores de todo o país, 16 unidades da Embrapa e 35 grupos de universidades.

Primeira Página – Dentro da nanotecnologia voltada ao universo agrário, existe algum tema que receba maior atenção dos pesquisadores da Embrapa?

Cauê Ribeiro – Alguns temas estão mais próximos da aplicação final, como o uso de biopolímeros em embalagens biodegradáveis ou sistemas de liberação controlada de insumos. Outros temas são mais prospectivos, e tem como foco o avanço do conhecimento e preparar a Embrapa para o futuro. Porém, o trabalho em Rede envolve cuidar para que todos os temas sejam fomentados, evitando que temas mais complexos, porém estratégicos, sejam deixados de lado. Também, envolve enxergar as particularidades do estado de cada área – há algumas mais próximas da sociedade, outras que ainda suscitam dúvidas – procurando auxiliar cada linha de pesquisa nessas dificuldades específicas. Este é o porquê da Rede contar com uma estrutura gerencial, para garantir esse crescimento conjunto.

Primeira Página – Estes projetos já dispões de formatação para que sejam transferidas as tecnologias para a sociedade e assim se feche o ciclo da pesquisa?

Cauê Ribeiro – Há várias tecnologias que estão em estado avançado do ponto de vista da pesquisa, mas a transferência para a sociedade não depende exclusivamente de aspectos técnicos. Muitos outros são importantes – como a existência de outras tecnologias para o mesmo fim, o custo (que varia em função de uma série de fatores que envolvem até mesmo o cenário internacional) e questões como marketing, oportunidade, compreensão da sociedade, identificação do público, etc. Em geral esses aspectos são melhor compreendidos pelo setor privado, e nem sempre o processo de transferência através do licenciamento de uma patente significa que o produto chegará à sociedade. Por isso estamos enfatizando a construção de parcerias com o setor privado durante o processo de pesquisa, justamente para facilitar que essas tecnologias cheguem ao seu objetivo final. O curioso é que, nestas parcerias, é comum que o produto final acabe sendo muito diferente do que se pensava no início da parceria, e em alguns casos, a tecnologia é incorporada de forma sutil, nem sempre envolvendo o lançamento de um novo produto, mas de forma ainda benéfica para a sociedade. Justamente esses questionamentos é que estão no foco do projeto voltado a estratégias de transferência, como citado.

Primeira Página – O senhor como coordenador da Rede AgroNano, pode exemplificar qual resposta social este tipo de encontro traz ao universo agrário?

Cauê Ribeiro – Nesse momento a principal resposta é perceber a abrangência dos temas, e realinhar quem são os grupos de pesquisa trabalhando em temas próximos. Assim um encontro desse tipo permite perceber quais tecnologias estão mais maduras, em que temas já temos competência construída e, principalmente, como podemos colocar os vários pesquisadores em contato e potencializar o trabalho de pesquisa pelo trabalho conjunto.

Intercâmbio

Como funciona a Rede AgroNano

A Rede de Nanotecnologia Aplicada ao Agronegócio (AgroNano) é uma iniciativa da Embrapa e foi criada no final de 2006, tendo início, então, a primeira fase com duração até 2010. Em 2011, começou a segunda fase com término previsto para 2015. Na rede, atualmente estão envolvidos 158 pesquisadores de 51 instituições, sendo 16 unidades da Embrapa e grupos de pesquisas de 35 universidades de excelência no país.

A rede atua em três grandes linhas de pesquisa: sensores e biossensores para monitoramento de processos e produtos; membranas de separação e embalagens biodegradáveis, bioativas e inteligentes; novos usos de produtos agropecuários.

Segundo o pesquisador da Embrapa Instrumentação e ex-coordenador da Rede AgroNano, Odílio Assis, em inventário apresentado pelo Project on Emerging Nanotecnologies em 2010 já havia registro ou em fase de comercialização, 1.317 produtos à base de nanotecnologia, comercializados por 587 companhias, sendo destes, 107 relacionados à agricultura e a alimentos. Os dados apontam que só no setor de alimentos a nanotecnologia movimentou US$ 20,4 bilhões em 2010.

Assis acredita que no Brasil o agronegócio é o segmento que maior espaço tem para competitividade em nanotecnologia, graças às suas características e oportunidades de questões vinculadas aos recursos naturais, clima e agricultura tropical.

Recomendamos para você

Comentários

Assinar
Notificar de
guest
0 Comentários
Comentários em linha
Exibir todos os comentários
0
Queremos sua opinião! Deixe um comentário.x