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Estudo da utilização do far-UVC 222 na descontaminação é realizado no CEPOF – IFSC – USP

Aumento do tempo de prateleira de alimentos também foi estudada

06/02/2022 06h53 - Atualizado há 2 anos Publicado por: Redação
Estudo da utilização do far-UVC 222 na descontaminação é realizado no CEPOF – IFSC – USP Foto: Reprodução
Reportagem: Kleber Chicrala

Entrevistada : Mariana Mayumi Yamashiro Delfino

A contaminação microbiológica de alimentos tem causado significativas perdas e desperdícios, tanto financeiros quanto materiais, além de acarretar na transmissão de diversas doenças. As doenças transmitidas por alimentos são majoritariamente de origem animal, contudo, muitos surtos iniciam-se por meio da contaminação por bactérias, vírus, fungos e toxinas produzidas por microrganismos em alimentos frescos como frutas e vegetais.

Com a expansão do comércio, houve um aumento nos surtos de doenças causadas por alimentos contaminados, uma vez que sua produção ocorre de maneira extensiva e em muitas localidades. Para as empresas que atuam nesse segmento, um surto alimentar pode ser a causa de significativas perdas econômicas, sendo menos custosos os investimentos na prevenção desses episódios. Dessa forma, o grande desafio do setor alimentício tem sido desenvolver meios que garantam a produção de alimentos de alta qualidade, longa duração e seguros para consumo, fazendo isso de maneira eficiente, econômica e sustentável, considerando também o desafio apresentado pelos consumidores com a demanda por produtos frescos e minimamente processados.

Processos térmicos ou lavagens com soluções químicas são algumas das estratégias utilizadas para descontaminar alimentos; entretanto, podem causar alterações nas propriedades fisiológicas de alimentos frescos, ou apresentar toxicidade ao meio ambiente e à saúde quando utilizados de maneira excessiva. Por esses fatos, as técnicas fotônicas, como a irradiação ultravioleta, têm sido consideradas uma alternativa para o controle de microrganismos, visando a segurança de alimentos in natura. Estas técnicas já são foco de diversas pesquisas desenvolvidas no CEPOF –  Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica do IFSC/USP, cuja motivação é desenvolver tecnologias de baixo custo, com embasamento científico, e que auxiliem a sociedade.

Especificamente nessas pesquisas, é utilizada a radiação ultravioleta no comprimento de onda de 254 nm (UV-c 254), amplamente conhecida como germicida e muito utilizada para descontaminação de águas e superfícies. O mecanismo de ação do UV-c 254 baseia-se na capacidade dessa radiação em danificar o DNA dos microrganismos por meio de lesões mutagênicas que bloqueiam a replicação do material genético, afetando as funções biológicas dos microrganismos e, consequentemente, causando sua morte. O problema dessa técnica está no fato de ela ser carcinogênica e cataratogênica, representando um perigo para a saúde humana e necessitando a evacuações dos locais onde será utilizada.

Em contrapartida, o ultravioleta distante na faixa dos 222 nm (far-UVc) vem ganhando destaque ao eliminar com eficiência diversos microrganismos, aparentemente, sem danos à pele exposta a essa radiação. Isso ocorre porque o far-UVc possui penetração muito limitada, sendo insuficiente para alcançar até mesmo a camada mais externa da superfície da pele ou dos olhos; porém, como vírus e bactérias são caracteristicamente menores (com cerca de 1 µm, enquanto as células humanas possuem de 10 a 25 µm), eles são atravessados por essa luz e inativados quando a radiação atinge suas proteínas e biomoléculas na membrana e no citoplasma celular. A luz ultravioleta, além de atuar na descontaminação, também apresenta efeitos fisiológicos em frutas minimamente processadas, aumentando sua bioatividade, reduzindo a atividade enzimática de degradação e, consequentemente, expandindo o tempo de prateleira ao retardar, por exemplo, o amadurecimento e senescência de alguns alimentos.

A aluna de iniciação científica Mariana Mayumi Yamashiro Delfino, sob a orientação do Prof. Dr. Sebastião Pratavieira e co-orientação da Dra. Thaila Quatrini Corrêa e da Dra. Fernanda Alves Dias de Sousa, realiza experimentos junto ao Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CEPOF) – INCT – IFSC – USP , coordenado pelo Prof. Dr. Vanderlei Salvador Bagnato, com o objetivo de avaliar a eficácia do far-UVc 222 na descontaminação de alimentos e no aumento do tempo de prateleira destes após o tratamento.  Ao término da pesquisa, espera-se incorporar essa técnica de segurança microbiológica de alimentos ao cotidiano de sacolões e mercados, já que os estudos sugerem que o ultravioleta distante permite a manipulação dos alimentos durante seu tratamento e não demanda a evacuação das pessoas dose locais.

Fontes: Mariana Mayumi Yamashiro Delfino – CEPOF – INCT – IFSC – USP e Kleber J. S. Chicrala – CEPOF – INCT – IFSC –
USP – Jornalismo Científico/Difusão Científica.

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