Fatores como emprego e maior renda ampliam acesso à rede em 46,5%
No Brasil, a inclusão digital mais do que dobrou no período pesquisado entre 2005 e 2011, subindo de 20,9% para 46,5%. O avanço da renda e do mercado de trabalho nos últimos anos proporcionou um salto no acesso à internet entre os brasileiros de baixa renda que passaram a ter mais condições financeiras de comprar computadores e planos de acesso à internet.
Na série histórica, os percentuais de internautas aumentaram em todas as faixas de renda, especialmente nas mais baixas, segundo os dados da publicação sobre Acesso à Internet e Posse de Telefone Móvel Celular para Uso Pessoal, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A aposentada Maria Aparecida Boreli adquiriu um plano de internet no ano passado, para a neta de 12 anos realizar pesquisas e trabalhos escolares com mais facilidade. Pagando cerca de R$ 50/mês, Maria comenta que o valor não pesa no bolso em comparação aos benefícios que traz à neta. “A internet em casa facilita e traz mais comodidade a minha neta para fazer as pesquisas da escola e até brincar”, comenta a aposentada.
No grupo que engloba indivíduos sem renda e com renda de até um quarto de salário mínimo, o percentual de pessoas que acessaram a internet aumentou de 3,8%, em 2005, para 21,4% em 2011.
No grupo de mais de um quarto até metade do salário mínimo, o percentual foi de 7,8% para 30%, no mesmo período de comparação. Por fim, no grupo com renda de meio a um salário mínimo, o percentual de internautas foi de 15,8%, em 2005, para 39,5%, em 2011.
De acordo com a professora do Departamento de Ciência e Tecnologia, Chloe Mary Furnival, a evolução do acesso acarreta profundas mudanças na cultura em que vivemos para uma verdadeira cultura digital, caracterizada por um lado por essa ampliação de nossa participação e comunicação, e por outro lado uma grande acumulação de dados e informações sobre nós e potencialmente usados contra nós.
“Dados sobre nós são armazenados em bancos de dados, deixando nossas ‘pegadas digitais’ e a manipulação movimenta a economia de informação. Então se deve pensar sobre as potenciais desvantagens e perdas com o crescimento da cultura digital”, comenta a professora.
Ela ainda destaca que não acredita que o aumento na competência digital e informacional de pessoas necessariamente acarrete o crescimento intelectual delas, justamente porque aquilo que fazemos com as ferramentas (no caso, o micro, a internet), a qualidade daquele uso, vai depender de nossa capacidade intelectual anterior, a qualidade de nossa bagagem educacional formal e informal.
“As gerações X, Y, Z, que cresceram em, ou até nasceram em, na cultura digital certamente serão competentes e ágeis no uso das ferramentas, mas a maneira correta do uso dependerá da inteligência humana”, justifica Chloe.
Programas sociais contribuem com a inclusão digital
Em São Carlos, o Programa Municipal de Inclusão Digital (PID), coordenado pela Fundação Educacional de São Carlos (FESC), mantém atualmente em funcionamento 6 unidades do Programa de Inclusão Digital (PID) com acesso a internet livre em Santa Eudóxia, Água Vermelha, no Santa Felícia, Cidade Aracy e Fesc Campus Vila Prado.
Em 2011 foram registrados 26.357 atendimentos; em 2005, o número registrado era bem menor, 609 acessos.
O Acessa SP é um programa estadual que disponibiliza pontos de internet gratuita à população em dois espaços públicos: Poupatempo e Biblioteca Municipal Amadeu Amaral.
A unidade do Poupatempo teve o sistema implantando em 2010 com cinco computadores e realizou 1.720 atendimentos, cerca de 72 atendimentos/dia; no período de janeiro a abril, recebeu 196 novos usuários.
A Biblioteca Municipal teve o sistema implantado em 2004 e disponibiliza oito computadores e já contabilizou 6.003 atendimentos, cerca de 300 atendimentos/dia; sendo, de janeiro a abril, 143 novos usuários.