Governo anuncia terceirização do 190
O governo de São Paulo irá terceirizar o atendimento de emergência da Polícia Militar (PM) no estado, solicitado pelo telefone 190. O anúncio foi feito no último dia 2 em Campinas, no interior de São Paulo, pelo secretário estadual de Segurança Pública, Fernando Grella Vieira e o governador Geraldo Alckmin.
Em nota, “a Polícia Militar esclarece que o projeto piloto para contratar serviço de call center para a atividade de atendimento do telefone de emergência 190 está em fase de construção do edital de licitação”.
Ainda de acordo com a PM, “neste primeiro edital serão contemplados os Centros Operacionais da PM dos municípios de São Paulo, São José dos Campos e Osasco”, diz a nota. “Ressalta-se que o objetivo é o melhor atendimento ao cidadão. No inicio, os atendentes terão acompanhamento dos PMs que trabalham no atendimento das chamadas de emergência, até que se tenha certeza do mesmo nível de excelência de atendimento”.
Para o tenente coronel reformado, João Donizette Scozzafave, que atuou como comandante do 38º batalhão da Polícia Militar de São Carlos, não acredita em melhorias com a terceirização do atendimento 190. Uma vez que os profissionais que trabalham no190 têm formação especializada para o atendimento. Além disso, o serviço é prestado por um pequeno efetivo, que não mudará o déficit do atendimento na rua.
Ele ainda comenta que a intenção do governo é privatizar alguns segmentos PM e transferir atribuições para as Guardas Municipais, que são profissionais que não possuem a formação necessária para agir. “Mais de 300 municípios do Estado já acessam o sistema de informação da PM. Mesmo tomando as funções, os guardas municipais levaram tempo para formação”, afirma Scozzafave.
O coronel diz que com a mudança a PM perde a identidade e passa a ser vista como não mais essencial para sociedade. “A política de Segurança Pública deveria incentivar outras coisas, fortalecendo a instituição e não descaracterizando a PM”, declara.
O docente do Departamento de Física da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e especialista em Segurança Pública, Fernando Araújo Moreira, também é comenta não ser a favor de terceirizar a segurança, porém diz que por outro lado privatizar pode fazer com que o serviço do 190 funcione melhor, por se tratar apenas de um atendimento telefônico, Mesmo assim deve se aguardar a implantação do serviço para analisar as devidas melhorias.
Porém neste momento, faz algumas ressalvas de pontos em que a Secretaria de Segurança Pública deve ter como o treinamento em casos de urgência e emergência por telefone e a averiguação de trotes.
“A princípio não vejo problema em terceirizar 190, já que é um serviço administrativo, porém em atendimentos de primeiros socorros terá que proceder na formação de um policial”, destaca Moreira.
