Lixo acumula nas ruas e população reclama da coleta
A coleta de lixo em São Carlos está apresentando falhas desde sexta-feira (7), de acordo com relato de moradores ouvidos pela reportagem do Primeira Página na manhã de ontem. Na noite de anteontem, inclusive, a Polícia Militar interveio em uma manifestação de coletores e garis, que solicitam um reajuste salarial de 40%. O Sindicato das Empresas de Limpeza Urbana do Estado de São Paulo (Selur) afirma que a data-base da categoria está em discussão e uma das reuniões ocorre na próxima terça-feira, 18 de março. A São Carlos Ambiental garantiu que a situação do recolhimento do lixo seria normalizada até o início da madrugada de hoje.
Na rua Major José Inácio, centro de São Carlos, região em que a coleta é diária por conta dos edifícios residenciais e estabelecimentos comerciais, a coleta tem falhado desde sexta-feira. Nas ruas, o acumulo de lixo é evidente. “Na segunda-feira, o lixo de sexta estava à beira da calçada”, diz.
Na rua Sete de Setembro, o mesmo problema. Maria Carolina Jardim afirma que o caminhão de lixo passa à noite, porém desde segunda-feira, isso não ocorre. “Se o caminhão não passa, os vizinhos voltam com o lixo para dentro de casa”, explica.
Em uma residência na Lourenço Inocentini, Vila Nery, a reportagem flagrou a situação relatada por Maria Carolina. Com a falta de coleta, um morador deixou voltou com o lixo para o quintal.
Ainda na Lourenço Inocentini, ao lado da Rádio Intersom FM, o lixo produzido por um supermercado está desde segunda-feira à beira da calçada, de acordo com moradores e clientes do comércio.
No Parque Primavera, na Capitão Luiz Brandão, o lixo é recolhido às segundas, quartas e sextas-feiras. “Segunda-feira, o lixeiro não passou”, disse Marcelo Milani. Situação comprovada ao circular pelas ruas do bairro. Na rua Buenos Aires, o acumulo de lixo incomoda os moradores. “Poderia ter muito mais lixo na rua. É que os moradores estão recolhendo porque os cachorros e os catadores reviram tudo e fica aquela sujeira”, confirma Paulo Sabino.
REVOLTA
Na noite de terça-feira, os coletores e garis fizeram um protesto, que necessitou da intervenção policial por conta do tumulto. Os funcionários querem um reajuste de 40%. No último acordo, eles receberam 9%.
O salário de um coletor é R$ 795,30. Ele recebe, também, R$ 217 de Vale Refeição e R$ 108,50 de Vale Alimentação, além de um adicional de insalubridade de 40%, que soma R$ 271,20. “Pensar em uma reajuste de 40% está fora da realidade econômica do Brasil”, disse o presidente do Selur, Ariovaldo Caodaglio.
Ele fez uma comparação ao caso dos garis do Rio de Janeiro, que receberam um reajuste de 37%. “Cada região tem a sua realidade diferente. Não podemos nos espelhar no reajuste concedido aos garis do Rio de Janeiro para conceder reajuste em outros municípios. Precisamos analisar a saúde financeira das empresas”.
Caodaglio informa que o prazo para a negociação salarial não terminou, portanto os garis e coletores precisam esperar mais um pouco. “Estamos nos primeiros dias de instalação das negociações. Devem ocorrer entre quatro e seis reuniões para discutir os reajustes. É muito cedo para protestos. As negociações apenas começaram”.
NORMALIZADA
O coordenador operacional da São Carlos Ambiental, Vítor Carvalho da Cunha, garantiu que a coleta estaria normalizada até a madrugada de hoje. Segundo ele, houve o remanejamento de equipes de dois turnos para dar conta do serviço. Ele atribui a manifestação a um grupo pequeno de funcionários, que se espelhou na manifestação dos garis do Rio de Janeiro e começou o movimento.
“É um equívoco fazer a manifestação nesse momento em que a categoria entra para discutir os reajustes salariais”. A São Carlos Ambiental emprega 25 coletores por turno (diurno e noturno), além de oito motoristas.
