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O guardião fiel da memória do rádio

02/11/2013 20h48 - Atualizado há 11 anos Publicado por: Redação
O guardião fiel da memória do rádio

Muita gente não sabe, mas São Carlos abriga um dos maiores restauradores e colecionadores de rádios antigos do mundo. Com apenas 37 anos, Indalécio Alves de Oliveira, nascido a 14 de junho de 1976, é proprietário de um acervo que reúne cerca de 540 aparelhos, a grande maioria, rádios valvulados. “Sou muito mais conhecido em outros países do que no Brasil”, conta esse amante da radiofonia que foi até os Estados Unidos para buscar um gramofone e os “discos” originais da marca Edison, que são em formato cilíndrico.

 

Para se ter uma ideia do amor que o engenheiro eletricista e bacharel em Direito tem pelas relíquias, basta citar que após receber uma herança de R$ 90 mil ele foi para o Uruguai, de onde voltou com um caminhão cheio de antigos aparelhos receptores de AM. “Torrei toda a grana no meu hobby, que também é minha vida”, ressalta ele sorrindo.

Indalécio conta que passou toda a sua infância em São Carlos, morando no Parque Santa Mônica, ao lado do pai, Paulo Alves de Oliveira, da mãe Vilma e do irmão Itamar, que morreu há 10 anos num acidente automobilístico. Ele estudou na Escola Sebastião de Oliveira Rocha e depois no Colégio Diocesano. “Era uma época mágica, onde podíamos jogar bola até anoitecer”, conta o restaurador que é casado com Vanessa e é pai de  Raíssa, de 7 anos.

O pai de Indalécio, o policial militar Paulo, enfrentava dificuldades com atrasos no pagamento dos salários para o funcionalismo estadual. Assim, ele resolveu montar uma oficina de conserto de aparelhos eletrônicos em sua casa. “Mas eu nem chegava perto, pois ele não deixava. O máximo que ele fazia era me dar algum livro para eu estudar o assunto”.

Indalécio foi aprender a consertar rádios com um tio de sua mãe, conhecido como “Mane Fala-Fala”, que era dono da Eletrônica Confiança. “Ele tinha muitas sucatas de rádio e me ensinava a consertar. Aí, eu comprava dele e ficava consertando de madrugada, quando meus pais estavam dormindo. Um dia meu pai descobriu tudo e aí começou a incentivar este meu talento”, conta ele. Mas a decisão de ser restaurador de rádio veio após Indalécio conhecer Aldo Colucci. “Foi com ele que descobri o caminho que iria trilhar”.

De maneira poética, ele afirma que é muito difícil avaliar o valor de seu acervo. “Aqui está toda a minha vida, realmente não imagino quanto possa valer. Eu fico pensando o que cada aparelho desses representou na vida de uma pessoas, as boas e más notícias que ele recebeu ouvindo determinado rádio, enfim, como cada um desses rádios fez parte da vida de tanta gente”.

Ele lamenta que atualmente a eletrônica seja descartável e revela seu sonho de montar um museu que possa abrigar todo o seu acervo. “Participo de oito fóruns internacionais sobre rádios antigos. São Carlos é uma cidade maravilhosa, que tem uma história fantástica no rádio e uma emissora como a Rádio São Carlos AM, com quase 80 anos. É uma saga que precisa ser preservada”.

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