“O Papa foi muito corajoso”, afirma D. Paulo Sérgio Machado

16/02/2013 12h57 - Atualizado há 11 anos Publicado por: Redação

A renúncia do Papa Bento XVI, anunciada na manhã do dia 11 de fevereiro, provocou as reações mais variadas. Para o bispo diocesano de São Carlos, Dom Paulo Sérgio Machado, a decisão do Sumo Pontífice, apesar de surpreendente, foi corajosa e anunciada em tempo propício: “Ele escolheu um tempo propício: não foi no Natal, não foi na passagem de ano, ele está renunciando no começo da Quaresma, que é um tempo de conversão, de reflexão. Isso foi pensado pelo Santo Padre”, afirma Dom Paulo, que completa: “Não é um fato inédito: é o décimo Papa que renuncia, mas o último a renunciar viveu há quase seis séculos, então é um fato novo para nós. Mas por outro lado nós reconhecemos que o Santo Padre está consciente das consequências que essa renúncia pode acarretar. Evidente que às vezes a mídia fica especulando sobre as razões. Os formadores da opinião pública, por exemplo, da Folha de São Paulo, que encomenda artigos sobre assuntos da Igreja a pessoas que desconhecem os assuntos da Igreja”. 

O bispo aponta o chamado “Vatileaks” e a idade do pontífice como razões de debilidade do Papa: “O que a gente percebe é que ele se debilitou muito depois do escândalo do vazamento de documentos pelo mordomo, não que fossem comprometedores, eram documentos como qualquer um tem, mas isso o deixou triste pelas pessoas envolvidas. Por outro lado, temos que observar que o Papa está com 85 anos. João Paulo II foi eleito com 58; Bento XVI foi eleito com 78, e isso pesa muito. Apesar de o Papa ser muito disciplinado, ele também está sujeito à idade, e ele está se sentindo sem forças para governar a Igreja”.

Igreja que vem enfrentando grandes desafios, afirma Dom Paulo: “A Igreja enfrenta desafios muito grandes, como o aborto, as células-tronco, o casamento de homossexuais, e muitos outros problemas que as pessoas ficam cobrando do Papa como se ele fosse responsável por tudo isso, e são situações que a Igreja realmente não pode aceitar, e o Papa se vê acusado de coisas que não fez”, explica, afirmando ainda que Bento XVI foi muito corajoso: “Em vez de bater o pé e ficar, ele reconhece que não tem mais condições de ficar à frente da Igreja e que o melhor é renunciar. E a renúncia está prevista no Código de Direito Canônico, no Cânon 322. Então não é um fato inédito. Quando doente, perguntavam por que o Papa João Paulo II não renunciava. Agora, com o Bento XVI, perguntam por que ele está renunciando. Se correr o bicho pega e se ficar o bicho come. De qualquer forma a Igreja é questionada”.