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O trabalho do físico médico

21/07/2012 20h39 - Atualizado há 12 anos Publicado por: Redação
O trabalho do físico médico

A física médica, mesmo não sendo tão conhecida pelo público em geral, já há algum tempo é protagonista na vida de alguns pesquisadores. A maior parte dos físicos médicos, antes da prática, realiza treinamento, com nível de especialização, em hospital escola voltado ao tratamento de câncer, como por exemplo, o INCA [Instituto Nacional do Câncer] situado no Rio de Janeiro, e o Hospital A. C. Camargo em São Paulo, entre outras instituições no país que cumprem essa missão. Esse treinamento existe para as especialidades de Radioterapia, Medicina Nuclear e Radiodiagnostico. Depois disso, tais profissionais colocam em prática o conhecimento físico na área da saúde, trabalhando em clínicas e hospitais voltados ao diagnóstico e tratamento de câncer.

Devido a disseminação de cursos de graduação com ênfase em física médica, essa área do conhecimento tem despertado o interesse das instituições acadêmicas e diversas dissertações de mestrado e teses de doutorado tiveram temas voltados à Física Médica. Hoje em dia, encontrar físicos médicos, com titulação acadêmica, trabalhando em hospitais, já é algo comum.

A experiência de Ricardo Alberto Giannoni, pesquisador do Instituto de Radioproteção e Dosimetria (IRD), da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), pouco difere da descrição acima. Depois de formar-se físico, pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), concluir seu mestrado em Física Aplicada no Instituto de Física de São Carlos (IFQSC/USP) e doutorar-se pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), fez treinamento na área de radioterapia e atuou como físico médico em radioterapia por cinco anos em diversos hospitais do país.

 

RMN+Osteoporose

Depois de alguns anos trabalhando in loco, Ricardo decidiu voltar ao mundo da pesquisa. Durante três meses, ficou hospedado em São Carlos, para estudar técnicas que possibilitassem avaliações de osteoporose, utilizando-se de Ressonância Magnética Nuclear (RMN).

Essa pesquisa foi feita no laboratório de RMN do IFSC, coordenado pelo docente, Tito José Bonagamba. “Vim ao IFSC para estabelecer esse contato e abrir uma nova linha de pesquisa na CNEN”, explica Ricardo.

O intuito é fazer uma avaliação do grau de porosidade do osso e relacioná-la à osteoporose. “As técnicas que existem hoje trazem um grau de incerteza alto, em torno de 40%. O intuito é desenvolver pesquisas para construção de um equipamento de menores proporções, que possibilite um exame rápido e com menor grau de incerteza, explica.

Entre suas idas e vindas ao mundo da pesquisa, Ricardo afirma que todo aprendizado da graduação é importante. “Quando trabalhamos na área radioativa e nuclear, utilizamos conceitos aprendidos em mecânica quântica e eletromagnetismo, entre outros, que servem de base para entender as tecnologias que temos hoje”.

Na CNEN desde 2002, Ricardo trabalha em um ambiente de pesquisa interdisciplinar.  Atuou no programa de inspeções da CNEN em radioterapia e medicina nuclear, e teve a chance de conhecer a maioria das clínicas e hospitais de tratamento de câncer do país. No instituto em que trabalha há engenheiros, agrônomos, biólogos etc. Atualmente no IRD, o foco é a avaliação de dosimetria pessoal interna, ou seja, avaliar e medir a contaminação devido a elementos radioativos de trabalhadores que atuem na área radioativa ou nuclear e de pacientes que foram submetidos a diagnósticos ou terapias de medicina nuclear. Avaliar a qualidade de ambientes de trabalho periculosos e como eles afetam a vida dos trabalhadores é necessário. “Nesses ambientes há a possibilidade de contaminação, pois se trabalha, constantemente, com elementos radioativos”, explica o pesquisador.

Depois de dez anos na CNEN, Ricardo diz que aqueles que trabalham junto dele no IRD desenvolvem diversas pesquisas práticas e teóricas, utilizando-se, inclusive, de modelos computacionais para avaliação de trabalhadores e pacientes. “Dependemos bastante da interação com outras instituições”, como o INCA [Instituto Nacional do Câncer] e hospitais em geral, que nos permitem o acesso a pacientes. Seria necessário construir um centro de tratamento de câncer de alta complexidade no IRD, se quiséssemos desenvolver pesquisa sem depender de outras instituições. Porém, ainda que isso fosse viável, devido a interdisciplinaridade, a colaboração entre instituições é sempre necessária.

No que se refere ao futuro da física médica, Ricardo aposta em terapias gênicas para o tratamento e prevenção de câncer. Mas, ele faz uma ressalva: é preciso que o país melhore questões básicas, como educação e saúde, para ter a capacidade de chegar a esse patamar científico. “Hoje, a maioria dos tumores, quando identificados precocemente, tem alta probabilidade de cura, mas a grande dificuldade é fazer esse diagnóstico precoce para poder fazer uma terapia de caráter curativo”, afirma o pesquisador.

Diante do quadro descrito, parece que mais janelas se abrem ao físico, mas, algumas barreiras ainda precisam ser vencidas. Os pesquisadores já estão fazendo sua parte. Só resta, agora, que o país aumente sua prioridade em saúde e educação para que se alcance um patamar ótimo de avanço científico e, consequentemente, tecnológico.

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