Pacientes questionam a reforma do Ceme
A reportagem do Primeira Página esteve no Centro de Especialidades Médicas (Ceme), em São Carlos, nesta quinta-feira, 23, para conferir como está o andamento da reforma que vem sendo executada a pedido do Ministério Público.
Segundo uma matéria publicada pela prefeitura na última segunda-feira, 20, 80% das obras já foram concluídas, porém não é isso que pacientes e funcionários relataram ao jornal. Vale lembrar que o Ministério Público apontou a existência de trincas, infiltrações, ausência de sistema de segurança contra incêndio e dispositivo de acessibilidade em parte da edificação. Sem essas reformas, o Ceme poderia correr o risco de fechar.
Entretanto, não é isso que vimos no local. Lá, ainda é possível ver rachaduras e trincas nas paredes. Os ralos do banheiro estão sem proteção, as portas estão enferrujadas e comprometidas, não há válvulas de descargas e as paredes estão descascadas. Nenhum pedreiro, caçamba ou movimentação de obra foi vista no Centro.
Os próprios funcionários denunciam que não houve reforma. “Os pedreiros vieram aqui, passaram uma massa na parede e uma tinta por cima, mas reforma grande não teve”.
“A prefeitura acha que somos ignorantes, está na cara que não teve nada. A situação aqui no Ceme continua a mesma, continuamos a ser mal atendidos e ainda temos que conviver com um lugar desestruturado e em más condições de uso”, desabafou um paciente.
No Ceme também é possível ver grande número de pessoas esperando nos corredores para serem atendidas. “Como vai haver uma grande reforma por aqui, com esse monte de gente esperando para ser atendido? Fica impossível”, disse outro paciente.
Se não houve reforma pelo lado de dentro, por fora então a situação é mais visível: muros estão pichados, as paredes estão descascadas, portas e janelas deterioradas e o mato alto.
Durante a presença da reportagem no Ceme uma funcionária (possivelmente do alto escalão) veio questionar a presença da reportagem e o motivo de estarmos fazendo fotos no local, que, diga-se de passagem, é público.
Segundo a prefeitura, os 20% que não foram concluídos se resumem ao sistema de hidrante, ao alarme contra incêndio, a iluminação de emergência e sinalização de rota de fuga. Este projeto já foi encaminhado ao Corpo de Bombeiros.
Ainda no dia 20 de janeiro, em matéria publicada pela própria prefeitura, o secretário municipal de Saúde, Ricardo Innecco Castro salientou que além das exigências do MP, outras melhorias estão previstas, como a reforma geral em todo o prédio, além da implantação de novas especialidades médicas.
Secretário de Obras garante reparos feitos no prédio
Em resposta às indagações feitas pelo Primeira Página à Prefeitura, o secretário de Obras, Marcio Marino ressaltou que a prefeitura cumpriu com todas as ordens do Ministério Público.
“Fizemos a reforma de dez salas que estavam com trincas. O reparo foi feito por dentro e por fora, em seguida foi feito o reboco e a pintura delas. O que o MP pediu já foi feito, falta somente a execução do projeto do bombeiro que esta aguardando aprovação”, ressaltou o secretário.
Marino ainda enfatizou que as reformas de infiltração, troca de telhado e calhas, pinturas e reboco também foram finalizadas. Em relação às trincas que ainda existem no Ceme, o secretario disse saber desse problema, porém explica que essas trincas não são estruturais. “Elas não comprometem o prédio e nem levam riscos à população”, disse ele.
Quanto a outros reparos, como a colocação de grade de proteção nos ralos, válvula de descarga, Marino ressaltou que a equipe de manutenção da secretaria de saúde já está ciente do caso e já está tomando providências.
