Pesquisa aponta falhas em pontos de ônibus
Aos olhos, eles podem parecer modernos e confortáveis. Mas quem encara o transporte coletivo todos os dias, sabe que a realidade não é essa.
No ano passado, a administração Paulo Altomani (PSDB) investiu R$ 129 mil em pontos de ônibus. As substituições ocorreram na Baixada do Mercado, na Praça dos Voluntários e no Terminal Rodoviário. Havia a promessa de instalação de pontos na Praça Coronel Salles, o que não se concretizou. Uma pesquisa do Departamento de Física da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) ratifica o desconforto. A temperatura sob o ponto de ônibus chega a 10º C em relação à temperatura ambiente.
A base de sustentação dos pontos é de metal e a cobertura de policarbonato. A população resume bem o que é ponto de ônibus: uma estufa. “Mesmo no inverno, o desconforto é enorme. Muita gente passa mal aqui. E ele não protege coisa alguma. Quando a chuva bate de lado, a gente se molha toda. E os ônibus já chegaram a bater nessa estrutura. Eu mesma presenciei isso”, disse Larissa Ribeiro.
É muito quente. Estamos no período da manhã. Isso aqui fica insuportável. E nós estamos no inverno. A gente vê pessoas com pressão alta passando mal por aqui”, comentou Regiane Andreolli, que esperava o coletivo na Dona Alexandrina, na Praça dos Voluntários, assim como Larissa.
“O sol parece que passa direto. Não passei mal, mas é quente demais. A Prefeitura tem que mudar isso”, afirmou José Carlos Pires, que esperava um coletivo no ponto do Mercado Municipal.
Em duas ocasiões, o secretário de Transporte e Trânsito, Coca Ferraz chegou a tratar do assunto. Numa das ocasiões, em audiência pública na Câmara, e na reunião que debateu a revitalização do Centro, na sede da Associação Comercial e Industrial de São Carlos (Acisc). “A gente reconhece que os pontos de ônibus são desconfortáveis e com parcerias, queremos revitalizar os terminais de ônibus”, comentou.
A pesquisa
A pesquisa de mestrado é elaborada por Felipe Antunes Calvi, sob a coordenação do professor Filippo Ghiglieno, do Laboratório de Óptica, Lazer e Fotônica, da UFSCar.
No dia 31 de maio, às 12h30, uma das medições apontou 10º C acima da temperatura ambiente nos pontos de ônibus. “Em dia nublado, a diferença de temperatura chegou a 6º C, entre 13h e 14h”, explica o pesquisador.
“Na minha coleta de dados, fui abordado por muitas pessoas que disseram: preferem esperar o ônibus fora do ponto”, pontuou Calvi.
O pesquisador conclui que o ponto de ônibus não serve para amenizar o calor ou trazer conforto. “Ele potencializa o aumento de temperatura na região abaixo da cobertura. No entanto, medidas mais precisas e um ajuste mais fino do modelo permitirão sugerir uma mudança para um ponto de ônibus com maior eficiência na retenção do calor e da luminosidade provenientes dos raios solares”, escreve no relatório entregue à Prefeitura.
EM 2015
Político alertava sobre problema
O desconforto nos pontos de ônibus é um problema alertado desde 2015. O então vereador Catharino (PP) solicitava da Prefeitura, naquela ocasião, medidas de ampliação do conforto térmico no ponto do Terminal Rodoviário.
“Mesmo considerando a boa intenção do Poder Público Municipal em instalar esse equipamento, o material utilizado acabou por deixar o local com grande luminosidade e potencializou a infiltração dos raios solares, provocando um calor insuportável”, explicou Catharino que ainda citou ter recebido inúmeras reclamações de munícipes em seu gabinete naquele ano.