Psicologia da UFSCar desenvolve Instituto para autismo
Professores e pesquisadores do Laboratório de Aprendizagem Humana Multimídia Interativa e Ensino Informatizado (LAHMIEI), da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), estão desenvolvendo o projeto de um instituto público e gratuito de intervenção e pesquisas sobre o transtorno do espectro autista.
A professora Giovana Escobal, coordenadora do projeto, explica que a meta do Instituto é ser uma referência no desenvolvimento de pesquisa, atendimento e capacitação de pessoas que trabalham com transtornos do espectro autista. O prédio em que Instituto funcionará já está construído, e a inauguração e o início das atividades deverão ser no 1º semestre de 2015.
O professor Celso Goyos, coordenador do LAHMIEI, explica que não será objetivo do instituto fazer uma escola especial com serviço de atendimento. “Não é uma alternativa de serviço: queremos atuar juntamente com os serviços já disponíveis, preferencialmente naqueles casos em que as pessoas não conseguem sucesso no tratamento, nos casos difíceis, em que não sabem o que fazer”. Salienta, no entanto, que esse objetivo deverá ser alcançado em médio e longo prazo.
Escobal explica que a partir de dezembro de 2012 muitas atenções se voltaram para o tema do autismo, pois foi quando a presidência da república sancionou a lei que reconhece o autista como pessoa com deficiência: “Portanto, com direitos de usufruir dos mesmos benefícios obtidos por pessoas deficientes”, explica.
Com isso, a sociedade reagiu, e pais e professores começaram a buscar informações sobre esses direitos, e como lidar melhor com indivíduos que sofrem desse transtorno: “Tivemos uma demanda muito grande de pessoas buscando uma capacitação na área”, explica.
Partindo dessas circunstâncias, a UFSCar abriu inscrições para o curso de pós-graduação lato sensu “Análise do Comportamento (ABA) Aplicada ao Autismo”, a ser realizado a partir de março de 2014, com duração de 21 meses.
ESTATÍSTICAS
Dados do Centro de Controle de Doenças apontam a existência de uma criança autista para cada 88 nascimentos nos EUA, país onde a pesquisa e o tratamento do autismo possuem uma rede consolidada. Os pesquisadores do LAHMIEI acreditam que os dados do Brasil não difiram muito desses.
Escobal afirma que o diagnóstico de autismo tem aumentado muito: “Tanto que o número de autistas diagnosticados já é maior do que o número de pessoas diagnosticadas com AIDS, diabetes, e câncer combinados. A prevalência está aumentando”, afirma.
E ela atribui isso, em parte, ao desenvolvimento das pesquisas que estão dando mais ferramentas para realização dos diagnósticos.
AUTISMO
Nassim Chamel Elias, pesquisador do LAHMIEI, explica que o transtorno do aspecto autista é atualmente definido por dois déficits principais: de comunicação social (que une déficit de linguagem e de interação social), e de comportamentos estereotipados (que são repetidos). Além disso, os autistas costumam ter áreas de interesse restritos.
O pesquisador explica que esses déficits se evidenciam a partir do momento em que a criança começa a experimentar circunstâncias sociais mais complexas.
“O autismo se manifesta dentro de um aspecto gigantesco de sinais e características. É difícil dizer que existem dois autistas com sinais iguais ou muito parecidos”, diz Goyos. Ele explica que um quadro de autismo tem de ser diagnosticado antes dos 3 anos de idade: “A criança tem de apresentar todos os déficits. Isso força a comunidade a buscar serviços para essa crianças. Quanto mais tardiamente se introduz a intervenção, menor a possibilidade de sucesso”.
Daí a importância de pessoas treinadas e capacitadas em observar os sinais.
ESPECIALIZAÇÃO
A especialização em análise do comportamento está aberta a qualquer pessoa que deseja se dedicar à área, independente da formação. As inscrições até 10 de fevereiro de 2014 no site www.lahmiei.ufscar.br. Dúvidas sobre o curso ou informações sobre como contribuir com o Instituto pelo e-mail [email protected].
