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Quem se incomoda com o internetês?

09/03/2013 13h13 - Atualizado há 11 anos Publicado por: Redação
Quem se incomoda com o internetês?

Muito tem se debatido sobre o novo acordo ortográfico e os impactos que ele podem trazer para os usuários da língua portuguesa. Mas antes (e paralelamente) a esse acordo, nosso idioma tem sofrido mudanças importantes (e menos formais) na forma de escrever. E isso, claro, graças aos novos meio de comunicação.

A reportagem do Primeira Página conversou com o professor do Departamento de Letras da UFSCar, Cleber Conde sobre o assunto. Segundo ele, criticar o internetês a pretexto de proteger a língua portuguesa significa uma coisa: falta de conhecimento científico da língua, pois estamos diante um fenômeno complexo, ou seja, com muitas variantes: “E para esse tipo de situação as melhores respostas são aquelas que possuem uma abordagem também complexa, ou seja, uma que considera muitas vertentes do tema”, explica Conde.

Historicamente falando, a língua sempre passou por modificações: invenção e maior utilização da escrita, invenção e utilização da imprensa e, agora, invenção e utilização das ferramentas de comunicação informática: “Estamos lidando com um gênero de escrita rápido, instantâneo, constituído de diversos tipos textuais: blog, microblog, redes sociais, chat, páginas estáticas, páginas dinâmicas, conversas on-line e todas elas têm como suporte a tela do computador, ou do iPad, neste caso um texto que tocamos não só para segurar, mas para movimentá-lo através dos hiperlinks que podem remeter a vídeos, imagens e outros textos. Então, estamos falando de um usuário da língua mais ativo e interativo com o texto e com seu interlocutor”, descreve Conde.

Para ele, isso não quer dizer que sejamos melhores ou piores que os usuários da língua de 50 anos atrás, e sim que somos diferentes e respondemos a um contexto totalmente novo: “Pessoas temem que um dia passemos a escrever “naun” ao invés “não”. Isso é pouco relevante, na verdade a primeira forma equivale a segunda e assim por diante. Mas ambas tem o valor de “não”, o que pode ser uma inovação, mas isso não está determinado, nem há provas científicas de que tal fato vai acontecer na nossa língua escrita formal, informal, ou se vamos pronunciar “vêcê” para “vc” ou se continuaremos com o nosso “você” escrito e “cê” oral”, afirma.

O papel da escola, defende o professor, é orientar os estudantes sobre os diferentes registros: “Punir, discriminar, esbravejar só criará problemas, nós devemos ser “poliglotas”, metaforicamente falando, dentro da nossa própria língua: formais quando necessário e informais também, quando convém”.

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