São Carlos apresenta arborização urbana em 21%
Pesquisa da bióloga Sabrina Mieko Viana, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP de Pirassununga, mostra que o índice de arborização de São Carlos é de apenas 21%. Se forem excluídas as arborizações dos campi da Universidade de São Paulo e da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), além dos dois distritos industriais, o volume de arborização cai para alarmantes 11,59%. “Esse índice é
considerado como um valor relativamente baixo”, frisa a bióloga. A pesquisa é de 2011, mas a realidade não está distante dos últimos três anos.
A Prefeitura de São Carlos tenta aumentar os índices de arborização implementando programas de incentivo, como o “São Carlos Mais Verde”, que já plantou 5 mil árvores na área urbana, de acordo com dados da assessoria de comunicação.
Como parâmetro para comparação, um estudo da USP em Ribeirão Preto mostra que 27 bairros apresentam 19,5% de áreas cobertas e a média da cidade é de 23,58%.
“O processo de urbanização não necessariamente ocorre em sintonia com um planejamento arbóreo”, afirma a bióloga, por meio do estudo.
O propósito da bióloga com o estudo foi avaliar a quantidade de cobertura da copa das árvores na área urbana de São Carlos. Também avaliou a distribuição dessa cobertura e a percepção dos moradores sobre a arborização urbana.
Sobre a distribuição da cobertura verde na cidade, a pesquisa afirma que há um desequilíbrio. O Residencial Samambaia, por exemplo, tem 29,6% de cobertura, enquanto bairros como Presidente Collor e Antenor Garcia têm apenas 5%. “É praticamente um deserto”, destaca Sabrina.
Sobre um índice de cobertura arbórea adequado, a bióloga faz ponderações. “Na realidade precisamos ser cautelosos com índices que são comumente citados. Poderia dizer que 30% de cobertura arbórea seria um bom valor de cobertura, mas de nada adianta se ele estiver mal distribuído. É até uma questão de justiça ambiental, que todos tenham acesso a uma boa qualidade ambiental, que inclui uma boa arborização”, explica
RECOMENDAÇÕES
Segundo Sabrina, a pesquisa aponta que as áreas central e Vila Prado têm índices de cobertura entre 6% e 10% de cobertura. “As maiores contribuições vêm de áreas particulares, como quintais. Embora não sejam acessíveis ao públicos essas árvores também proporcionam benefícios ambientais”.
Sabrina exemplifica o caso da Avenida São Carlos. Para ela, seria interessante que houvesse uma árvore de grande porte a cada 10 metros, de forma alternada. “Na prática, você teria uma árvore a cada 5 metros, alternando de cada lado da rua. Assim, a sombra das copas, poderia trazer benefícios para quem passa nesse local. Mas para que isso seja
possível e viável, também é preciso repensarmos o espaço urbano, como por exemplo, adaptando a rede elétrica às árvores e garantindo espaço adequado nas calçadas para que essas árvores se desenvolvam bem”, cita.
“É uma grande mudança de paradigma, e que demanda investimentos, mas que
temos de começar por algum ponto. E veja, eu falo em investimento, porque as árvores trazem benefícios que inclusive podem ser medidos em termos financeiros”, complementa.
Ausência de cuidados afasta pessoas do plantio, diz bióloga
Segundo Sabrina Mieko Viana, as pessoas reconhecem a importância da presença das árvores nas cidades, porém muitos se queixam da ausência de cuidado das
árvores por parte do poder público, como demora em respostas aos pedidos de podas, a sujeira das folhas nas calçadas, os conflitos com a calçada e fiação.
“Eu compreendo que os motivos para o não plantio de árvores passa por vários fatores, como o fato de que não pensamos a cidade para as árvores, como infraestrutura em geral, calçadas, postes e fiação. Cada vez menos usamos os espaços públicos – e ultimanente passamos muito tempo dentro de nossas casas ou no trabalho e deixamos de ter alguma ligação com esse espaço e por isso acabamos não cuidando dele”.
Para a pesquisadora, a violência influencia no plantio de árvores. “Podemos cortar todas as árvores de um local, acreditando que isso vai evitar que bandidos se escondam lá ou
pessoas usem o local pro uso de drogas. Entretanto, isso não acabará com o problema, que só irá migrar para outro local e ainda por cima comprometerá a qualidade ambiental”.
Prefeitura afirma que já plantou 15 mil árvores desde 2013
A Prefeitura de São Carlos, por meio da Coordenadoria de Meio Ambiente, desenvolve o projeto “São Carlos Mais Verde, Recuperando a Biodiversidade”, que desde janeiro de 2013, plantou 15 mil mudas de árvores.
O projeto tem por objetivo ampliar a área de bosques urbanos, e com isso melhorar condições de drenagem e proteção para as microbacias do município. Além disso, pretende-se ampliar consideravelmente a proteção das nascentes, dos principais tributários, Feijão e Monjolinho e seus afluentes que fornecem água de superfície para o abastecimento.
O projeto de recuperação destas nascentes foi entregue ao PAC para avaliação em conjunto com o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) e está relacionado com o “Município Verde Azul” e com o projeto “Cidade Sustentável”.
Para Sabrina Mieko Viana, incentivos municipais com o IPTU, que concede descontos a quem planta árvores defronte à residência, ajudam, porém é preciso que o município faça investimentos nessa área – com contratação de equipes qualificadas e equipamento adequado pra manutenção das árvores. “Teoricamente, todo município deveria ter um Plano Diretor de Arborização Urbana, que não devemos confundir com o Plano Diretor da cidade. A partir de um diagnóstico do que se tem – com um inventário de cadastro da arborização a cidade planeja como irá gerir a sua arborização”, salienta.
