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São Carlos é 7ª no País em menor vulnerabilidade à violência

22/02/2013 11h10 - Atualizado há 11 anos Publicado por: Redação
São Carlos é 7ª no País em menor vulnerabilidade à violência

São Carlos ocupa a sétima posição entre as cidades do País onde os jovens são, proporcionalmente, menos vulneráveis à violência. No ranking o município ocupa a posição 277. Quanto menor é o índice de vulnerabilidade maior é a pontuação do município. São Carlos melhorou 56 posições no ranking desde a última avaliação, em 2007, quando ocupava a 221ª colocação. Nesta edição, foi feita uma comparação entre os anos de 2007 e 2010.

 

Os dados são do estudo realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que analisou Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência em 283 cidades brasileiras com mais de 100 mil habitantes em 2010.

O índice considerou as taxas de violência a que os jovens de 12 a 29 anos de idade estão expostos: homicídios e mortalidade no trânsito; pobreza, desigualdade socioeconômica; frequência dos jovens nas escolas; e o acesso ao mercado de trabalho.

O indicador baseia-se nos dados consolidados pelo último Censo Demográfico, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizado em 2010, e retrata questões que influenciam a vida de jovens.

O índice de Violência é medido em uma escala que varia de 0 (melhor resultado possível) a 1 (pior resultado possível) e classifica em primeiro lugar as cidades mais vulneráveis à violência. Funciona, portanto, como um “ranking inverso”, no qual a pontuação mais elevada representa maior vulnerabilidade do município.

Ele foi desenvolvido a partir do Índice de Vulnerabilidade Juvenil, da Fundação Seade, de São Paulo, e incorpora em sua dimensão que mede homicídios e acidentes de trânsito a metodologia do Índice de Homicídios de Adolescentes, criada pelo Laboratório de Análise da Violência da UERJ.

 

ESTADO – O Estado de São Paulo conta com sete das dez cidades mais bem posicionadas no ranking: Araraquara (274°), Limeira (278°), Americana (279°), Birigui (280°), Valinhos (281°) e São Caetano do Sul (282°), além de São Carlos. A cidade menos vulnerável à violência juvenil no País é Pouso Alegre, em Minas Gerais, com índice de 0,153 ponto.

Analisando os municípios que mais avançaram e os que mais caíram no ranking, destaca-se por fim que, dentre os dez municípios que mais melhoraram sua posição do Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência entre 2007 e 2010, oito eram municípios que tinham aderido ao Programa de Segurança Pública com Cidadania, lançado em 2007 pelo Governo Federal (Pronasci). O estudo indica que o programa do Ministério da Justiça funcionou e garantiu mecanismos de monitoramento e avaliação da política de segurança pública.

 

Análise

Cientista social analisa dados da pesquisa

 

A professora do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Vera Alves Cepêda, que coordena o Programa de Pós-graduação em Ciência Política, disse que a pesquisa analisa dados estruturais da cidade como acesso à educação, emprego e saúde. Situações pontuais como aumento do homicídio, tráfico de drogas e chacinas, como ocorreu no último ano não tangem a pesquisa para modificar o resultado final.

Vera explica que esses hiatos de violência são neutralizados por períodos de calmaria e tranquilidade quando são vistos de uma perspectiva mais ampla. Confira a entrevista na integra a seguir. 

 

Primeira Página – Como são dados de 2 anos atrás, o índice reflete a realidade vivida na cidade no último ano, inclusive com uma chacina que deixou sete mortos em outubro?

Vera Alves Cepêda – Antes de responder a pergunta gostaria de comentar a natureza dos indicadores do Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência:

– A pesquisa não é pontual, mas sim uma representação estrutural de alguns itens importantes da realidade sócio-econômica dos municípios estudados, cruzando economia (acesso a mercado de trabalho, renda, pobreza e nível da desigualdade econômica), educação (item fundamental quando falamos de IDH, por exemplo) e vitimização (acidentes e homicídios). A pesquisa é um retrato das condições sócio-econômicas e espelha tanto a dinâmica econômica de cada cidade quanto a qualidade de políticas públicas estratégicas (educação e segurança), observadas no longo prazo (2007/2010), portanto são gerais e não circunstanciais.

Claro que cidades com bom desempenho no levantamento podem apresentar: a) surtos pontuais de violência (basta lembrar onda de terror orquestrada pelo PCC em 2006 e o vínculo de natureza similar recentemente) b) regredir no ranking nacional (por ocasião de perda de dinamismo econômico ou por colapso de políticas públicas estratégicas).

PP – A cidade subiu na pontuação (o que leva a uma melhora na qualidade de vida) em 56 pontos comparando com o ranking de 2007. Como a senhora analisa esse fato?

Cepêda – Diria basicamente 2 coisas:

a) houve um crescimento da economia e um aumento de renda e emprego (fenômeno nacional, mas também regional e local)

b) São Carlos e Araraquara são cidades já bem avaliadas nas pesquisas SEADE pelos indicadores educacionais, expectativa de vida e acesso a serviços (são municípios de baixa vulnerabilidade social). A manutenção e melhoria de políticas públicas vão expandindo e consolidando este quadro – é uma espécie de resultado de “bom capital público”.

 

PP = O que pode ser considerado uma ação social que leva o município a ter uma baixa vulnerabilidade à violência?

Cepêda – Elenco como essas as prioridades:

a) Políticas na área de educação (formal, EJA – Educação de Jovens e Adultos, de capacitação e qualificação), b) políticas de Primeiro Emprego, acesso a novas formas de inserção econômica (como economia solidária, cooperativas, empreendedorismo social) e presevação do mercado de trabalho; c) Políticas de estímulo ao desenvolvimento social; d) Políticas de segurança pública e apoio/controle de focos de vitimização (como Delegacia de Mulheres ativa, Promotoras Legais, Ouvidorias)

 

PP – Na avaliação da senha há uma escalada da violência diante dos dados concretos da Secretaria de Segurança Pública? (Veja reportagem com os números nessa página).

Cepêda – Essa realidade mostra hoje pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública poderá ter uma reversão em um próximo índice?

Os indicadores fornecem um quadro, uma trajetória. Mas seu vínculo com a dinâmica econômica e com a sombra que apavoras todas as sociedades hoje (crime organizado e expansão do comércio de drogas) o cenário pode se transformar sim. Ainda mais lembrando que esta realidade – positiva – ainda não é a realidade nacional.

 

Contraponto

Em 2012, homicídios crescem 81% em São Carlos

Os dados completos de 2012 da Secretaria Estadual de Vigilância Pública indicam que São Carlos viveu uma onda de violência com significativo crescimento de homicídios e tráfico de entorpecente que ganharam escalas. Contrapõe à escalada da violência a queda no número de estupros.

 

 Os homicídios atingiram um crescimento de 81,2% nos dois últimos anos, passando de 16 para 29 no ano passado, incluindo aqui uma chacina que fez sete vítimas em outubro.

A cidade vivenciou em setembro e outubro um avanço desse tipo de crime, equivalendo a 14 casos nesses dois meses. Em reportagem do Primeira Página, publicada em 20 de outubro, o delegado Edmundo Ferreira Gomes, da Delegacia de Investigações Gerais (DIG), explicou que a situação da violência em São Carlos começou a ganhar contorno atípico a partir de setembro. “Nos casos anteriores nós conseguimos definir a origem e procedência; mas partir de setembro começaram a ser execuções”, explicou na ocasião.

Fora do diapasão também ficaram os números de ocorrências envolvendo tráfico de entorpecentes. O crescimento atingiu 33,7% passando de 166 para 222 em 2012. Somente em dezembro foram 19 casos, enquanto no mesmo período, em 2011, foram quatro.

Para o tenente-coronel Luis Antônio Fernandes Rosa, comandante do 38º Batalhão da Polícia Militar, em São Carlos, quanto à questão dos homicídios, deve-se verificar que não foi apenas na cidade que houve aumento, mas também no Estado e no Brasil.

“Se compararmos os anos anteriores, 2009, 2010 e 2011, o ano de 2012 foi totalmente fora da curva, tanto que já conseguimos trazer o ano de 2013 para patamares mais sociáveis. Um dos motivos para essa atipicidade foram as questões envolvendo drogas. Se você verificar nossos índices, vai ver os  números de apreensão de drogas foram altos”, disse.

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