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Só vacina produz imunização coletiva contra Covid-19

Infectologista explica que alcance da imunidade coletiva natural é improvável porque vírus sofre constantes mutações

20/06/2021 05h42 - Atualizado há 3 anos Publicado por: Redação
Só vacina produz imunização coletiva contra Covid-19 Foto: Divulgação

A infecção pelo Sars-COV-2, ou Covid-19, um coronavírus, possui semelhanças com a gripe (H1N1) quanto ao modo de transmissão e também pelas medidas preventivas de higiene e distanciamento. Mas, diferente da gripe, a maioria dos seres humanos não havia entrado em contato com a família desse vírus, portanto não havia imunidade. As alterações causadas pelo vírus no nosso organismo foram sendo conhecidas conforme ficávamos doentes.

Desde o início da pandemia, cientistas buscam entender melhor a imunidade ao novo coronavírus. Por quanto tempo uma pessoa fica imune após contrair Covid-19, após ser vacinada ou ambos? E o que poderia significar imunidade duradoura para reforços de vacinas?

A discussão sobre a imunidade pela vacina e o que vem sendo tratado como natural levou médicos especialistas a explicarem a função do imunizante no combate à proliferação do vírus.

O médico especialista em epidemiologia e coordenador técnico do Comitê de Controle do Coronavírus da UFSCar (Universidade federal de São Carlos – SP), Bernardino Alves Souto, explicou que o alcance da imunidade coletiva natural contra a Covid-19 é improvável porque o vírus vem sofrendo mutações a ponto de causar reinfecções. Devido a isto, a ocorrência de novos casos e novas mortes pela doença poderá ficar persistente ao longo do tempo. “Por outro lado, essas mutações têm o potencial de reduzir a eficácia da vacina, exigindo cada vez mais investimento científico e logístico para superar esta limitação”.

O médico e especialista em geriatria, Gustavo Munno, disse que a expressão “imunidade de rebanho” é um termo técnico da literatura médica que não significa deixar as pessoas expostas ao vírus para chegar a uma imunidade natural.

Ele explicou também que para uma imunidade de rebanho é preciso, segundo a literatura médica, que perto de 80% da população esteja imune ao vírus, para restringir a circulação.

Porém, é importante ressaltar que a vacina contra a Covid-19 não elimina ou mata o vírus tampouco impede a circulação. Neste momento o mundo tem um imunizante que impede o agravamento dos sintomas de quem é contaminado, reduzindo a hospitalização.

Gustavo ressaltou ainda que para uma vacinação eficaz, o processo de imunização da população deve ser feito rápido e abrangente. “Quando se tem um vírus com taxa de mutação alta, invariavelmente irá surgir mutação que a vacina não protege”.

Bernardino reforça: “Deixar a epidemia seguir sem medidas rígidas para contê-la, na expectativa de que ela desapareça à custa da imunidade coletiva natural, vai custar um número enorme de vidas e sequelas que se acumulariam por tempo prolongado. ”

O epidemiologista explicou que a Covid-19 se transmite com rapidez e intensidade elevadas, pode deixar sequelas importantes, algumas até incapacitantes, mesmo em casos não graves e causa grande número absoluto de mortes na população.

“Além disso, sobrecarrega o sistema de saúde ao ponto de prejudicar a assistência a outros problemas de saúde que também matam”, afirmou Bernardino.

Bernardino leva em consideração o vetor econômico, com o custo da assistência alto e o prejuízo ao sistema produtivo de bem de consumo. “Tecnicamente, é um equívoco conduzir a pandemia no sentido de se acomodar à espera de uma imunidade coletiva natural. Em termos de gestão de saúde pública é uma imprudência com potencial de graves consequências humanas, econômicas e sociais”.

De acordo com o site do governo do estado de São Paulo, já foram aplicadas 122.248 vacinas em São Carlos, sendo 85.248 com a primeira e 36.999 com a segunda dose. A expectativa da Secretaria Municipal de Saúde é imunizar 180 mil pessoas até setembro.

A Prefeitura alerta sobre os faltosos da segunda dose, que ainda não buscaram os postos volantes para completarem a vacinação. São 167 trabalhadores de saúde, 636 idosos, 27 profissionais da Educação e nove pessoas com comorbidades.

No cronograma municipal de vacinação contra a Covid-19, São Carlos está imunizando a população que tenha completado 50 anos ou mais.

Eficácia e cuidados

Para que serve a vacina contra a Covid-19?

O objetivo das vacinas é diminuir a infecção, tanto sintomática, como assintomática, principalmente infecções mais severas. Como a proteção não é completa, medidas preventivas devem ser continuadas pelos que foram vacinados como uso de máscara facial, higienização das mãos e distanciamento de pelo menos 1,5 metro entre as pessoas. Quanto mais o vírus circula, mais ele se modifica, o que pode diminuir a eficácia das vacinas.

As vacinas existentes usam vários métodos diferentes. Algumas delas são feitas com o vírus inativo, outras com proteínas recombinantes ou com vacinas de RNA e DNA. A seleção da vacina que faremos depende da disponibilidade de cada localidade. Em São Carlos o Ministério da Saúde enviou a Sinovac/Butatan (Coronavac), Fiocruz/Oxford/AstraZeneca e a vacina da Pfizer.

De acordo com os dados da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), a eficácia significa a capacidade de uma vacina em prevenir determinada doença. Quando se diz que a vacina Coronavac tem 50,4% de eficácia geral, isso significa que as pessoas que receberam a vacina têm 50,4% menos chance de desenvolver covid-19. Os percentuais são de 70% para a vacina da Fiocruz/Oxford/AstraZeneca e de 95% para a vacina da Pfizer.

Eficácia global de 50,4%: significa que o risco de ter a doença com sintoma, em qualquer grau, diminui pela metade. Já a eficácia de 78% contra casos que necessitam de assistência médica significa que a maioria dos vacinados tem casos leves, que podem ser tratados em casa. Esse dado é extremamente relevante porque reduzirá muito o número de pessoas que precisam de internação e assistência médica, reduzindo a sobrecarga do sistema de saúde.

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