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Barbano reescreve a história do rádio em São Carlos

02/02/2020 00h02 - Atualizado há 4 anos Publicado por: Redação
Barbano reescreve a história do rádio em São Carlos Fotos: Milton Marchetti e Reprodução

O historiador são-carlense Luís Carlos Barbano prepara um novo livro para contar a história do rádio, com ênfase na trajetória desse veículo de comunicação em São Carlos. O projeto que está programado para ser lançado em 2021 pretende mostrar a interação entre comunidade e rádio e como essa união trouxe o desenvolvimento para a cidade no século passado.
O texto ganhou a contribuição do desenhista e chargista Wilson José Peron que trouxe uma ilustração sobre o tema.
Barbano, passa a fazer parte da equipe de articulista do Primeira Página e traz em sai estreia o artigo “Vida Longa para o Rádio”, pode ser lido nessa edição. Ele escreveu em 2015 o livro Ronald Golias: o gigante do humor (RiMa Editora), que além de acompanhar a trajetória de Golias desde seu nascimento em São Carlos, em maio de 1929, até sua morte 76 anos depois, em São Paulo, é também um relato histórico sobre a formatação da televisão no Brasil.
Confira os detalhes da entrevista que ele concedeu ao jornal para falar sobre o livro.
O que te moveu a fazer uma pesquisa para contar a história do rádio em livro?
Sempre gostei de história e sempre fui uma pessoa muito curiosa. Eu sempre quero saber os “porquês” das coisas, a origem das coisas; seja daqui ou de qualquer outro lugar. Conhecer a história de São Carlos sempre foi de meu interesse. Não entendo como alguém pode viver numa cidade, andar por ruas e praças sem conhecer a história da cidade. Acredito que as pessoas só começam a se orgulhar e a cuidar do lugar onde vivem, a partir do momento que elas têm conhecimento da história desse lugar, reconhecendo o valor das pessoas que construíram essa história.
A história do rádio são-carlense entra nessa linha de pensamento. As pessoas não sabem das dificuldades pelas quais os homens e mulheres de outrora tiveram, para realizar as coisas que hoje, nós desfrutamos de forma tão corriqueira. Isso precisa ser contado, para que a atual geração e as futuras gerações se orgulhem disso. Precisamos ser mais otimistas e achar o mérito das coisas e das pessoas que as realizaram, e usá-las como referência e inspiração, para nos valorizar como cidadãos que estamos ajudando a construir o futuro da cidade.
Contar a história do rádio em São Carlos, resgata histórias já esquecidas, momentos de orgulho que precisam ser relembrados e compartilhados; sobre um fato que tomou conta de uma época glamourosa, construtiva e otimista no Brasil. Estamos num momento em que precisamos nos recarregar de motivos, que nos levem a sentir orgulho de sermos são-carlenses e brasileiros.
Sua pesquisa abrange todo o país, ou está focada na história do Rádio em São Carlos?
Seria muita pretensão minha querer abarcar toda a história do rádio no Brasil. Não dá para fazer isso. Seria um trabalho hercúleo, e que acabaria se tornando um martírio para quem fosse ler. É muita coisa! O meu objetivo é de contar a história do rádio em São Carlos. Mas não tem como falar da história do rádio em São Carlos, sem falar um pouco, de como e quando o rádio surgiu no cenário mundial. Apenas uma pincelada. Precisamos primeiro contextualizar o rádio no Mundo e no Brasil, para depois falar de São Carlos dentro desse contexto.
A sua formação acadêmica como historiador é a válvula que o impulsiona a registrar e memorizar os fatos da nossa vida contemporânea?
Não há dúvida disso. Antes de me formar em história eu era apenas uma pessoa interessada na história. Hoje eu continuo sendo aquela pessoa interessada na história, mas com um diferencial: agora eu sou um agente disseminador da história. A minha formação me capacita, tecnicamente e intelectualmente para isso, ao mesmo tempo que me cobra atitudes que me leva a propagar e divulgar a história como um todo; e em especial, a história de São Carlos.
Qual foi o seu ponto de partida para iniciar a pesquisa?
No momento em que concebi a ideia de relatar a história do rádio em São Carlos, a primeira coisa que fiz foi procurar saber se alguém já tinha feito alguma coisa sobre o assunto. Sobre a história do rádio, propriamente dita, há centenas, talvez até milhares de coisas já escritas. Sobre São Carlos eu achei um documentário produzido pela Ômega Produções em 1997, um documentário da UNIARA de 2006, do curso de jornalismo, um belo artigo de Indalécio de Oliveira sobre os rádios fabricados por Gisto Rossi, e dois artigos muitos inspiradores de meu amigo Cirilo Braga: Um sobre a Rádio Progresso e outro sobre Geraldo Eugênio. E a conclusão a que cheguei foi a de que é chegada a hora de alguém contar em livro, com todos os pormenores, amplamente pesquisada e ilustrada, essa riquíssima história. Daí para frente tenho procurado ler tudo o que é possível, para tentar entender sobre o assunto rádio, desde como surgiu, a sua técnica, a forma de transmissão, ou seja, me debrucei sobre o tema. Paralelamente, outras fases seguem em curso, como anotações, entrevistas, coleta de imagens, notas de jornais; subsídios que serão usados para a composição do texto final.
Para recontar essa história da radiodifusão quais foram os seus entrevistados?
Paralelamente às leituras, anotações e coletas de imagens, as entrevistas estão sendo agendadas ainda em um ritmo lento. Até porque eu tenho uma outra atividade profissional, e o meu tempo é escasso. Mas está caminhando dentro de um ritmo previsível e controlado. Muitos nomes já estão relacionados e alguns deles já deram seus depoimentos. São pessoas que, ou trabalharam nas rádios são-carlenses, ou participaram de programas delas.  As entrevistas ocorrem numa relação de tempo e possibilidade, tanto de minha parte como da parte dos entrevistados.
Você tem sido perseverante na trajetória de contar a história de São Carlos. Como você percebeu esse desejo e quando ele virou um objetivo?
Eu disse que a minha formação, ao mesmo tempo que me capacita para escrever sobre história, também me cobra atitudes nesse sentido. Mas talvez seja também uma necessidade minha, do curioso que descobre as coisas, e que por achá-las interessantes e importantes para o sentimento de cidadania do são-carlense, quer compartilhar com todos. E esse desejo de compartilhar, se tornou um objetivo, no momento em que eu dei conta, de que pouco se fala da história de São Carlos nesses últimos anos. Então, aquele lado que me cobra atitudes, chega para mim e diz: tem uma lacuna a ser preenchida, mexa-se!
Qual a perspectiva de lançamento do novo livro?
Esse é um grande problema. A gente quando começa uma pesquisa, com pretensão à publicação, sempre estabelece um prazo que, na maioria das vezes, não consegue cumprir. Isso acontece porque após iniciadas as pesquisas, podem surgir possibilidades de expandir o trabalho, demandando mais tempo; além de percalços que emperram alguns trechos do trabalho. E o que acaba acontecendo é que a gente vai remanejando os prazos. No caso desse projeto do rádio a proposta é de lançar em 2021, uma vez que comecei em meados de 2019. Neste momento estou focando no ano e não no mês de lançamento. Aliás é uma boa data, uma vez que em 2021, a primeira rádio da cidade, a Rádio São Carlos, completará 80 anos de transmissões ininterruptas.

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