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Mulher indígena é a primeira a se formar em curso superior na UFSCar

14/02/2014 06h38 - Atualizado há 10 anos Publicado por: Redação
Mulher indígena é a primeira a se formar em curso superior na UFSCar

Deusilene Calomozoré Teodoro tem apenas 24 anos e já é um grande ícone para os povos indígenas brasileiros. A estudante de Gestão e Análise Ambiental é a primeira mulher indígena a concluir um curso superior na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) pelo Programa de Ações Afirmativas.

 

A indígena é do povo Umutina, do Mato Grosso, região que teve a primeira mulher cacique do Brasil – a cacique Creuza Assoripa Umutina.

Deusilene conta que em sua comunidade eles têm ensino fundamental e médio, só que na época de escola não tinha o ensino na aldeia, o que era uma luta todos os dias. “Tínhamos que atravessar o rio, pegar embarcação e quando era época de cheia era difícil, eu precisava pegar o barco diariamente com quatro horas de antecedência para chegar às aulas”, relembra.

Ela apoia as ações afirmativas para o ingresso de indígenas nas Instituições de Ensino Superior no País, mas aposta na melhora do sistema educacional para que a educação seja a melhor ação. “O certo seria ter uma educação de qualidade desde a base, o que não acontece em diversas partes do País, mas as ações afirmativas contribuem muito para que a gente tenha nosso espaço na Universidade. O ensino superior ajuda nosso povo até mesmo a melhorar as condições de saúde e educação deles”.

A experiência de morar na cidade foi algo totalmente diferente para ela. “A cidade é outro universo, as relações pessoais, tudo é bem diferente, mas eu já havia morado em outros lugares antes, mas me adaptei. Mesmo assim foi difícil, na comunidade não têm horários, não tem violência, stress”.

Para a antropóloga e professora do departamento de Ciências S   ociais  da UFSCar, Clarice Cohn, a aluna é um exemplo para a juventude indígena, de como as mulheres indígenas podem contribuir para o fortalecimento das culturas indígenas e a garantia de seus direitos no Brasil contemporâneo.

“Ela teve uma vida universitária muito produtiva, com interações com indígenas e não indígenas, com bom diálogo com os colegas e professores de seu curso. Durante sua graduação, não só colaborou na organização do I Encontro Nacional de Estudantes Indígenas realizado aqui na Ufscar como fez parte de um trabalho de equipe com colegas e professores do seu curso”.

Deusilene pretende ficar mais um ano na cidade para fazer pesquisas e aprimorar seus conhecimentos e depois retornar para a comunidade para ajudar seu povo e sua família e os povos do Brasil.

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