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O grandioso Gatsby

07/09/2013 13h51 - Atualizado há 11 anos Publicado por: Redação
O grandioso Gatsby

“Sempre que você tiver vontade de criticar alguém, lembre-se de que ninguém teve as oportunidades que você teve, disse meu pai”. Este começo do livro (e do filme) O grande Gatsby, já mostra que a história “ainda mantém o frescor”, como afirma o crítico Harold Bloom: é enredo que, apesar do tempo, não secou, e é capaz de nos dizer alguma coisa.

 

Memória do narrador Nick Carraway, a história conta os acontecimentos de um verão de sua vida; verão em que se viu cercado e absorvido pela existência de Tom, Dayse, Jordan e, claro, Gatsby. O Grande Gatsby.    

Não sendo mais jovem, Gatsby já tinha aquilo que todo adulto tem: um passado para assombrá-lo. Mas tinha também aquilo que toda imaturidade revela: uma intensa vontade de construir, realmente, um passado imaginário, que foi apenas “mentalmente”.  

E a reconstrução do passado, é, a meu ver, o tema central da história, que a versão recente de Baz Luhrmann soube captar, apesar dos pesares da trilha sonora e da montagem de algumas cenas (em especial as das festas, exageradas e dispersivas da atenção e da sua inseparável companheira, a paciência).

“Não se pode repetir o passado”, diz Nick Carraway, vizinho e amigo de Gatsby: “Não se pode repetir o passado? É claro que pode!”, afirma o personagem principal. Quem ler ou assistir ao filme saberá qual deles tem razão.

A história também é “uma denúncia à vida dos ricos”, como disse o crítico Otto Maria Carpeaux: vida, segundo a visão de Fitzgerald, cheia de grandiosidade mundana, e vazia de Grandeza humana.

Se eu fosse Nick, também acharia Gatsby o maior dentre os personagens daquele verão. Mas isso não significa que Gatsby seja Grande. Acontece que a espécie de gente com quem lida é tão mais baixa, se comparada a ele, que a máxima de Karl Kraus revela sua verdade: “Quando o sol da cultura está baixo, também os anões lançam longas sombras”.       

Gatsby é um anão que, em meio à baixeza do meio, lança longa sombra. E a baixeza é justamente “a vida dos ricos” da década de 1920.

Rico também Gatsby o é. Mas nem sempre o foi; ele já tinha aquilo que quase todo adulto tem: um passado para assombrá-lo; passado de pobreza e encerramento de perspectivas. E é por ter saído dessa situação que ele se torna maior do que os outros personagens (ricos de nascença).  

Mas como e por que ele escapou? Os meios por ele usados e as motivações mostram: ele não era Grande, apenas mundanamente grandioso.

 

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