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O que Jojo Rabbit realmente ensina sobre nazismo

31/01/2020 00h03 - Atualizado há 4 anos Publicado por: Redação
O que Jojo Rabbit realmente ensina sobre nazismo Fotos: Divulgação

Jojo Rabbit (Taika Waititi) é uma comédia dramática lançada no fim de 2019 que trata sobre o contexto da Segunda Guerra Mundial, com foco na história de um menino alemão nazista que deseja fazer parte da Juventude Hitlerista, mas descobre que sua mãe está escondendo uma garota judia no porão de sua casa. A produção americana foi indicada a seis categorias do Oscar 2020: melhor filme, melhor atriz coadjuvante, melhor roteiro adaptado, melhor figurino, melhor direção de arte e melhor montagem.
Por ser uma narrativa que tenta apresentar um diferente ponto de vista à Alemanha Nazista, retratando acontecimentos que de fato estiveram na história, o filme pode ser utilizado para fins de aprendizagem, porém, com ressalvas. Segundo as assessoras de História, Filosofia e Sociologia do Sistema Positivo de Ensino, Adriana Ralejo e Daniela Silva, a História é uma ciência que, a partir de suas interpretações teórico-metodológicas, possibilita diferentes narrativas de um mesmo período, com isso, elas comentam algumas características de destaque no filme, que devem ser vistas com maior atenção ou podem ser bem aproveitadas:
Produção alemã ou norte-americana?
Na obra, há algumas incompatibilidades com o período retratado. “O filme inicia com imagens da Juventude Hitlerista, porém, a música de fundo utilizada (I wanna hold you hand – Beatles, 1964) é proveniente de um período posterior ao retratado e valorizada pela juventude americana mais do que a alemã”, expõe Adriana Ralejo. Para a historiadora, é preciso analisar quais as intencionalidades e efeitos que essa combinação provoca, “como confundir as realidades da juventude norte-americana com a germânica, ocasionando o que chamamos de anacronismo histórico”.
“Além disso, um dos equívocos – do ponto de vista didático – mais recorrentes nesse tipo de produção é a utilização da língua inglesa como universal; falariam os alemães em inglês?”, questiona ela, ressaltando que isso acontece em diferentes produções cinematográficas produzidas por americanos e que retratam diferentes culturas. Esses exemplos, segundo a professora, entram em contradição com uma sociedade que se constrói sob a ideologia da hegemonia da cultura nazista, conhecidamente nacionalista fanática.
Educação de jovens nazistas
A representação da educação dos jovens no filme demonstra a valorização do treinamento militar e o culto à personalidade de Hitler, que era uma inspiração a ser seguida para o alcance de posições de poder na sociedade alemã da época. “Nesse modelo de educação, a cultura considerada degenerada – judia – é alvo de destruição, representada principalmente pela cena da queima dos livros”, expõe Daniela. Esse incentivo à cultura apenas nazista é reforçado em vários momentos do longa-metragem, inclusive no uso de propagandas nazistas.

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