Diálogo, água e política
A dramática crise de abastecimento de água vivida pelos paulistas já afeta a economia, mas está se encaminhando para uma solução com a ajuda do governo da Presidenta Dilma, que disponibilizará recursos financeiros e ajuda técnica para construção de um sistema de abastecimento digno de São Paulo.
A demora do governador Geraldo Alckmin em pedir ajuda ao governo federal aconteceu por motivos eleitorais. Caso o pedido fosse feito antes certamente ficaria explícita a responsabilidade do governo do Estado pela falta de planejamento e ineficiência dos órgãos competentes. O governador até tentou com o Secretário-Geral, Bom Ki-moon mudar o Relatório da ONU sobre a crise da água em São Paulo, mas não teve êxito. Em razão disso, os paulistas foram submetidos ao flagelo do racionamento.
Situação semelhante aconteceu em 2006, quando São Paulo foi sacudido por uma onda de ataques do PCC. Naquele momento, Alckmin era governador e estava licenciado para concorrer à Presidência da República. Ao perceber a gravidade da crise da segurança pública no Estado, o então Presidente Lula ofereceu ajuda para controlar a situação. Alckmin não aceitou pelos mesmos motivos eleitorais. O descontrole causou a morte de 126 pessoas assassinadas a tiros nas ruas da capital e nas principais cidades do interior.
A ida de Alckmin a Brasília, exatamente no momento em que o senador Aécio Neves, derrotado na eleição, se nega a aceitar o diálogo proposto pela Presidenta Dilma e assume posição radical contra o governo, deixou uma dúvida no ar. Não se sabe se o governador tomou a iniciativa de aceitar o diálogo para o bem dos paulistas, que passam a ter a ajuda da União, ou se o encontro e a fotografia ao lado da Presidenta Dilma foram uma jogada política, visando às eleições de 2018, para se diferenciar da política “de grotão” do senador Aécio, que insiste no oposicionismo histriônico e inconsequente.
(*) Deputado federal (PT-SP), ex-prefeito de São Carlos e ex-reitor da UFSCar.
