Com inflação, consumidores mudam hábitos de compra
A alta dos preços tem motivado consumidores a realizarem algumas mudanças de hábitos na hora das compras. Adquirir produtos de outras marcas, substituir algumas das mercadorias que ficaram mais caras, pesquisar promoções e mudar os locais das compras são algumas dessas alterações indicadas por consumidores ouvidos pela reportagem.
A inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), passou por ajuste e ficou em 5,8% este ano, segundo analistas de instituições financeiras.
Isto se deu após a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) de elevar a taxa básica de juros (Selic), usada pelo BC como instrumento para calibrar a inflação, que tem apresentado alta no país.
Jaqueline Martins, professora de engenharia, diz ter a impressão de que aumentou muito: “Mas eu não paro para ver quanto exatamente. Mas com certeza aumentou”.
Questionada se isso provocou alguma mudança de hábito, ela diz: “Algumas marcas sim, derivados de leite, queijo, iogurte, por exemplo. Produtos de limpeza também”.
Além disso, ela acrescenta, a mudança de preços levou à mudança dos locais em que realiza suas compras: “Procuro lugares mais baratos, por exemplo, para comprar verduras”.
Questionado sobre os aumentos dos preços, Antonio Fagundes diz: “O que mais aumentou, eu acho, foi o feijão”. No que é seguido pela dona de casa Rose Rossi: “O feijão está muito caro”.
O autônomo Denílson Blanco, diz: “Tenho sentido aumento e diminuição em alguns produtos”. Ele afirma que procura comprar produtos que estão com um preço melhor, ou produtos de época.
“Embora tenha sentido queda nos preços da carne, sentiu aumento nos preços de produtos de limpeza”, diz. E como Jaqueline, ele realiza pesquisas de preço, mudando o local de compra de acordo com as promoções.
Tatiana Muzete, que trabalha na Eletrolux, diz: “Sinto aumento em quase tudo na linha de alimentos”, e ela cita o feijão e a batata como exemplos. Questionada sobre como enfrenta essa situação, ela diz: “Tenho substituído o feijão, pois não está compensando. Já paguei R$ 4,00 no quilo, e hoje está mais de R$ 8,00”.
Emprego e demanda
Segundo o professor Elton Eustáquio Casagrande, do Núcleo de Extensão em Conjuntura e Estudos Econômicos da Unesp de Araraquara, a inflação pode ser causada por vários motivos, tais como o aumento do valor do dólar e alterações climáticas.
“Mas no caso atual”, ele explica, “acredito que seja um problema de demanda, de aumento do consumo dos chamados bens de subsistência”.
Ele afirma que o fato de o país viver uma circunstância de baixa taxa de desemprego nos vários níveis, formal e informal, faz crescer a demanda que, não acompanhada pela oferta, provoca aumento de preço.
Num recorte local, a reportagem comparou dados de admissões e demissões ocorridas em São Carlos nos quatro primeiros meses de 2012 e 2013: foram 13.917 admissões ano passado, e 12.723 demissões. Este ano, foram 13.045 admissões e 12.414 demissões. O que significa queda de 6,3% no número de admissões e 2,4% nas demissões.
Os dados são do Ministério do Trabalho.
