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Copom reduz taxa de juros a 9%

19/04/2012 03h05 - Atualizado há 12 anos Publicado por: Redação
Copom reduz taxa de juros a 9%

O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu por unanimidade nesta quarta-feira, 18, reduzir a Selic em 0,75 ponto percentual, para 9% ao ano. Trata-se do sexto corte seguido desde agosto passado, quando iniciou o processo de afrouxamento da política monetária, e ainda deixou a porta aberta para mais reduções, na opinião de parte dos agentes econômicos.

 

“O Copom considera que, neste momento, permanecem limitados os riscos para a trajetória da inflação. O Comitê nota ainda que, até agora, dada a fragilidade da economia global, a contribuição do setor externo tem sido desinflacionária”, informou o Copom em comunicado. “Diante disso, dando seguimento ao processo de ajuste das condições monetárias, o Copom decidiu, por unanimidade, reduzir a taxa Selic para 9% ao ano, sem viés.”

Pesquisa da Reuters mostrou na semana passada que 45 dos 47 analistas consultados previam corte de 0,75 ponto na Selic agora, sendo que os dois restantes esperavam uma redução de 0,50 ponto. O levantamento mostrou ainda que a grande maioria dos especialistas previa que a taxa ficaria em 9% até o fim do ano.

A Selic, agora, está no menor nível desde abril de 2010, quando passou de 8,75% ao ano – menor patamar histórico – para 9,50%. A ata dessa reunião será divulgada na próxima semana.

 

PARADA?

O comunicado do BC, na avaliação dos especialistas, não foi claro sobre seus próximo passos. Para alguns, pode indicar que o atual ciclo de corte da Selic chegou ao fim. Porém, há quem entenda que uma porta ficou aberta para mais reduções, como é o caso da equipe do banco Santander, que enxerga uma outra baixa em maio, quando o Copom se reúne novamente.

“Não houve uma menção explícita ou implícita a uma pausa (nos cortes), o que é uma surpresa. Não se compromete com o comentário da última ata, que sinalizava que a Selic poderia se estabilizar em torno de 9 por cento”, afirmou a economista sênior do banco espanhol, Tatiana Pinheiro.

Para outros, no entanto, o BC para por aqui.

“Talvez o mercado possa continuar precificando a possibilidade (de mais cortes), dependendo da evolução do cenário externo. Eu, particularmente, não espero. Continuo achando que a taxa de 9 por cento será mantida até o fim do ano”, afirmou o estrategista-chefe do banco WestLB, Luciano Rostagno.

No mercado futuro de juros, uma pequena parte das apostas ainda indicavam que o Copom poderia voltar a reduzir a Selic em maio, no próximo encontro do Copom, com corte de 0,25 ponto percentual.

Em março passado, o Copom surpreendeu parte do mercado ao acelerar o passo e reduzir a Selic em 0,75 ponto percentual, para 9,75% ao ano, voltando-a ao patamar de um dígito. A decisão, naquele momento, foi dividida: cinco diretores optaram pelo corte de 0,75 ponto e dois, pelo de 0,50 ponto.

Apesar disso, ao publicar a última ata em meados do mês passado, os diretores do BC afirmaram que a Selic se estabilizaria “ligeiramente acima” do mínimo histórico o que, para boa parte do mercado, significou dizer que a Selic ficaria em 9% ao ano.

A autoridade monetária tem repetidamente afirmado que a inflação vai convergir para o centro da meta oficial – de 4,5% pelo IPCA – no fim do ano. No último relatório de inflação, por exemplo, o BC previu que o indicador ficará em 4,4% neste ano, mas elevou a estimativa para2013 a5,2%.

Essa divergência para os cenários inflacionários foram vistos por analistas do mercado financeiro como um sinal de que o BC poderá ser obrigado a elevar a taxa básica de juros no ano que vem para conter as pressões de preço.

Em março passado, o IPCA subiu menos do que o esperado, ao registrar alta de 0,21%, a menor desde julho de 2011, acumulando em 12 meses expansão de 5,24%. No ano passado, o indicador fechou com alta de 6,50%, exatamente no teto da meta do governo, que tem dois pontos percentuais de margem para mais ou para menos.

 

POUPANÇA

Apesar do cenário incerto sobre os próximos passos do Copom, o mercado avalia que há ainda mais problemas para mais cortes na Selic, como a poupança. A aplicação tem remuneração fixada em 0,50% ao mês, mais a variação da Taxa Referencial, mas o aplicador é isento de Imposto de Renda. Com a Selic menor, que remunera as aplicações em renda fixa, os investidores podem migrar para a poupança, causando distorções.

Para o economista-chefe da Prosper Corretora, Eduardo Velho, há indicações de que o BC baixará ainda mais a Selic em maio caso o cenário desinflacionário proporcionado pelos preços das commodities se confirme.

“Considero factível um corte para até 8,75 por cento (na Selic). Não considero 8,5% como factível porque, nesse caso, o Copom irá equiparar à rentabilidade da poupança”, comentou ele.

 

ATIVIDADE

O corte desta quarta-feira foi o segundo seguido na mesma magnitude e está em linha com a estratégia do governo de estimular mais a economia e garantir crescimento na casa de 4% neste ano. Barateando os custos dos empréstimos via Selic, o consumo é estimulado e, consequentemente, a atividade.

Dados recentes mostram que a atividade continua patinando, como o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br). Considerado uma espécie de sinalizador do comportamento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, o indicador caiu 0,23 por cento em fevereiro ante janeiro, informou o BC na segunda-feira passada.

Foi o segundo mês seguido de contração, indicando que a economia terá um primeiro trimestre ainda ruim. No acumulado de 12 meses, o IBC-Br mostrou expansão de apenas 2,05% em fevereiro.

Por conta disso, o governo também anunciou uma série de medidas para estimular o crescimento, com foco especial na indústria nacional. (reportagem adicional de Frederico Rosas e Aluísio Alves,em São Paulo)

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