20 de Maio de 2024

Dólar

Euro

Economia

Jornal Primeira Página > Notícias > Economia > Economia brasileira não acelera no 1º tri

Economia brasileira não acelera no 1º tri

29/05/2013 17h39 - Atualizado há 11 anos Publicado por: Redação
Economia brasileira não acelera no 1º tri

A economia brasileira não conseguiu acelerar o passo no trimestre passado, registrando crescimento de apenas 0,6 por cento na comparação com outubro a dezembro passados, abaixo do esperado e com desempenho ruim da indústria e dos consumos das famílias e do governo.

 

O resultado repetiu a mesma taxa de 0,6 por cento do quarto trimestre de 2012 sobre o período imediatamente anterior.

Sobre o primeiro trimestre de 2012, o Produto Interno Bruto (PIB) do país teve uma expansão de 1,9 por cento, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira.

Na comparação trimestral, a indústria teve retração de 0,3 por cento, puxada pelo segmento extrativo mineral (-2,1 por cento). Esse resultado foi particularmente ruim porque o próprio IBGE, no início de maio, havia informado que a produção industrial havia subido 0,8 por cento no trimestre passado, em relação ao período outubro-dezembro de 2012.

“A principal decepção foi a indústria, que acabou puxando o resultado para baixo… Mostra que a economia, apesar de todo o estímulo injetado, tem sérias dificuldades para ganhar ritmo”, resumiu o economista-chefe do banco WestLB, Luciano Rostagno, que vê o PIB crescendo 2,9 por cento neste ano, mas com viés de baixa.

Já o consumo do governo ficou estável no período, enquanto que o consumo das famílias teve alta trimestral de apenas 0,1 por cento, o pior desempenho desde o terceiro trimestre de 2011, quando registrou recuo de 0,2 por cento.

A inflação elevada tem afetado o consumo da população, o que se reflete nas vendas do varejo, que impediam resultado ainda mais tímido da economia. No primeiro trimestre deste ano, as vendas no varejo recuaram 0,2 por cento, a primeira queda desde o fim de 2008, segundo números divulgados anteriormente pelo IBGE.

A inflação medida pelo IPCA, em 12 meses, está perto do teto da meta do governo, de 6,50 por cento.

“O consumo das famílias veio bem fraco e, sendo o ‘driver’ da economia, indica que o crescimento vai ser mais baixo esse ano em relação ao que se esperava inicialmente”, afirmou a economista da consultoria Tendências Alessandra Ribeiro, acrescentando que isso se deve a inflação alta e mercado de trabalho mais fraco, além do endividamento das famílias.

Para ela, a economia “certamente” não vai crescer 3 por cento este ano, devendo ficar entre 2,5 e 2,8 por cento.

Pesquisa Reuters indicava um crescimento da economia entre janeiro e março de 0,9 por cento na comparação trimestral e de 2,3 por cento na anual.

Também dentro da equipe econômica do governo os números vieram abaixo das expectativas, disse à Reuters uma fonte que pediu para não ser identificada.

 

AGROPECUÁRIA E INVESTIMENTOS

Ao mesmo tempo que a atividade da indústria caiu, a agropecuária mostrou forte expansão de 9,7 por cento na comparação trimestral, a maior variação desde 1998, enquanto serviços cresceu 0,5 por cento.

Como esperado, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), uma medida do investimento, mostrou bom crescimento na comparação trimestral, de 4,6 por cento, o melhor desempenho em três anos.

Apesar da melhora neste momento, especialistas acreditam que a qualidade desses investimentos ainda é frágil, já que seu principal destaque é a produção de caminhões.

Neste cenário, o governo tem buscado incentivar os investimentos, anunciando planos para concessões de ferrovias, portos e aeroportos com condições financeiras mais favoráveis, além de desonerações fiscais que devem somar 70 bilhões de reais neste ano.

O crescimento econômico tem sido um dos principais calcanhares de Aquiles da presidente Dilma Rousseff, com taxa média de menos de 2 por cento na primeira metade de seu governo.

 

MENOS APERTO MONETÁRIO?

Com a divulgação do fraco desempenho da economia no início do ano, o mercado futuro de juros mudou suas apostas nesta manhã e agora a maioria acredita que o Comitê de Política Monetária (Copom) irá elevar a taxa básica de juros Selic em 0,25 ponto percentual nesta quarta-feira, a 7,75 por cento.

Até a véspera, a maioria, ainda que com uma pequena vantagem, acreditava que o Banco Central aceleraria o passo e aumentaria a taxa básica de juros a 8,00 por cento.

“Acho que o resultado do PIB acaba dando um choque de realidade para aqueles que achavam que (a Selic) deveria subir 0,5 ponto percentual (esta noite). Mais do que 0,25 ponto percentual vai ser um contrassenso dentro do próprio Copom”, avaliou o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini.

Mas há divergências.

 

“Essa inflação mais alta está afetando o consumo, a confiança do consumidor, e a própria confiança dos empresários”, disse o economista-chefe do banco de investimento J. Safra, Carlos Kawal, que mantém a previsão de uma alta de 0,50 ponto percentual esta noite. Ele prevê expansão do PIB de 2,5 por cento neste ano, mas com viés de baixa. (reportagem adicional de Walter Brandimarte, Asher Levine e Camila Moreira)

Recomendamos para você

Comentários

Assinar
Notificar de
guest
0 Comentários
Comentários em linha
Exibir todos os comentários
0
Queremos sua opinião! Deixe um comentário.x