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Indústria de São Carlos mostra queda na empregabilidade

05/07/2012 12h16 - Atualizado há 12 anos Publicado por: Redação
Indústria de São Carlos mostra queda na empregabilidade

O setor industrial de São Carlos mostra desaceleração na contratação de mão de obra. Nos últimos 12 meses, dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostram que a atividade industrial da cidade fechou 801 postos de trabalho, o que remete a um saldo negativo de 3,85%.

 

Só em maio a indústria são-carlense demitiu 1.043 pessoas e contratou apenas 408. A subtração revela que o saldo ficou negativo em 635 postos de carteira assinada. No ano de 2012 o indicativo de empregabilidade, segundo o Ministério do Trabalho, também não é favorável com a perda de 549 postos.

Entre os associados do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), o acúmulo do ano representa -3,58%, o que significa uma redução de aproximadamente 1.500 postos de trabalho. O nível de emprego industrial na diretoria do Ciesp, em São Carlos, é medido em 13 municípios que compõem a regional.

Na avaliação do diretor regional do Ciesp São Carlos, Ubiraci Moreno Pires Corrêa, a indústria na região perdeu empregos e competitividade nos últimos dez anos e o reflexo é o índice de desemprego gerado, como mostram os últimos dados que a taxa de demissões no setor chega a 3,6%, o que representa perto de 1.500 postos de trabalho.

Ratificam a opinião do diretor do Ciesp os dados do Instituto Brasileiro de Geografia a Estatística (IBGE). Pelos números da última pesquisa de cadastro de empresas realizada em 2010, a cidade havia perdido quatro pontos percentuais na geração de empregos na indústria, em relação a 2006. Em números, 2010 registrou 21.272 pessoas em atividade na indústria. Ou seja, já inferior ao montante de 2006 que foi de 22.196.

Para Corrêa, esta é uma realidade brasileira e que tem ressonância em São Carlos. “O governo federal demorou para acordar para a realidade da indústria brasileira, apesar de estar tomando medidas que são interessantes como desoneração tributária da folha de pagamento ou  ações que evitam a guerra tributária, contudo muitas ainda não entraram em vigor”, declarou.

 

SERVIÇOS – Entretanto, o setor de serviços vem registrando no ano e nos últimos 12 meses índices positivos. De 2011 até o mês de maio foram abertas 15.420 vagas e 13.685 demissões, contabilizando um saldo positivo de 1.735 vagas. Segundo dados da Secretaria de Trabalho e Renda de São Carlos, a setor de serviços tem a melhor média mensal de salário com R$ 2.020,00, seguida pela indústria que remunera em média R$ 1.862,00. A construção civil e o comércio contabilizam R$ 1.279,00 e R$ 1.020,00 respectivamente.

 

Linha de Montagem

Ciesp revisa para baixo projeção do PIB para 2012

A atividade da indústria paulista, medida pelo Índice Nacional de Atividade (INA) do Ciesp, desacelerou 0,6% em maio sobre abril, na série com ajuste sazonal. A produção industrial deve encerrar o ano com baixo desempenho em meio a incertezas econômicas no cenário internacional.

“A indústria de transformação não vai bem, e ainda não chegou a esperada recuperação”, afirmou Paulo Francini, diretor do Departamento de Estudos e Pesquisas Econômicas (Depecon) da Fiesp/Ciesp.

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) revisou para baixo seu prognóstico para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2012, para 1,8% no final deste ano frente à expectativa anterior de 2,6%. Já o PIB da Indústria de transformação deve fechar o ano com 0,8% negativo.

A previsão atual da Fiesp/Ciesp para o INA é que o indicador encerre o ano com queda de 2,1%, em relação ao desempenho de 2011, quando apresentou crescimento de 0,6%.

A entidade ainda estima que o processo de recuperação da atividade deva começar de forma lenta e gradual no segundo semestre, período no qual o conjunto de medidas de estimulo a produção pode começar a surtir efeito.

“Não acreditamos que exista uma medida milagrosa. Tem de ser a soma de várias na direção correta. A redução da taxa Selic, a redução do spread bancário e a variação da taxa de câmbio são positivas”, afirmou Francini. “A última é o PAC Equipamentos. Isso dá resultado, mas não é imediato. Na dinâmica do processo econômico, em particular da indústria, leva tempo para reconhecer e ter confiança. Compartilhamos a visão de que o segundo semestre será melhor”, explicou o diretor.

Anunciado na véspera, o PAC Equipamentos prevê que o governo fará compras no valor de R$ 8,4 bilhões, dando preferência para empresas nacionais.

 

Análise

Crise mundial afeta setor industrial

A convite do jornal Primeira Página, o economista Ronaldo de Cresci analisa os dados da indústria que, na visão dele, sofre com a crise econômica que assola Europa e Estados Unidos. Leia na sequência o pensamento do economista.

 

Ronaldo de Cresci*

Os dados apresentados refletem o momento pelo qual passa nossa indústria, que nos últimos anos tem sofrido com um câmbio valorizado e invasão de produtos asiáticos em diversos segmentos de nossa indústria, sem falar em nossos problemas com infra-estrutura e carga tributária elevada. Os efeitos da crise mundial afetaram diretamente Europa e EUA, refletindo negativamente em nossa oferta de crédito. As entidades setoriais e o Banco Central já revisam as projeções de crescimento para 2012 em virtude da desaceleração da economia. A escassez de crédito afetou diretamente os pedidos para a indústria obrigando o governo a agir diretamente em alguns setores isentando impostos e forçando uma baixa nos juros. Nossa Região teve um aumento no nível de emprego em alguns setores, puxados por Setor de Alimentos, Material Plástico, Químico e Mineral não Metálico, porém sofre no setor metalúrgico, e bens de consumo (linha branca) e automotiva, em detrimento da sazonalidade e crise econômica. Com as medidas do governo espera-se um aquecimento no segundo semestre e reversão do quadro.

 

(*) Ronaldo de Cresci é economista formado pela Unesp, atua como agente de investimentos da Pró-Valor Investimentos e é sócio da Investire Educação Financeira

 

 

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