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IPCA-15 acelera mais que esperado e sobe 0,33%

20/07/2012 17h18 - Atualizado há 12 anos Publicado por: Redação
IPCA-15 acelera mais que esperado e sobe 0,33%

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) subiu 0,33 por cento em julho, acima das expectativas, mas na avaliação de analistas essa alta não altera a perspectiva de corte da taxa Selic em agosto.

 

Se a aceleração vista em julho se mostrar como uma tendência, no entanto, o Banco Central pode vir a rever sua estratégia de queda dos juros a partir de outubro, avaliaram nesta sexta-feira, 20, analistas ouvidos pela Reuters.

Pesquisa realizada pela Reuters apontou que o indicador avançaria 0,18 por cento neste mês, de acordo com a mediana das previsões de 23 analistas. As estimativas variaram de 0,12 a 0,25 por cento.

A variação deste mês do IPCA-15 – que é uma prévia da inflação oficial do país e foi divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta manhã – também foi maior do que a alta registrada em junho, de 0,18 por cento. No acumulado dos últimos 12 meses, o IPCA-15 subiu 5,24 por cento – nos 12 meses encerrados em junho a alta foi de 5,00 por cento.

Para o economista-chefe da PlannerProsper, Eduardo Velho, a guinada do IPCA-15 é um sinal do repasse de preços do atacado para o varejo previsto para ocorrer entre agosto e outubro. “Talvez nem o BC estivesse esperando por essa alta”, afirmou.

“A princípio, o BC seguirá reduzindo a Selic, mas essa inflação mais alta pode começar a levantar dúvidas sobre se o BC continuará cortando os juros também em outubro”, disse, acrescentando que isso dependerá da velocidade e da intensidade do repasse de preços nos próximos meses.

 

CLIMA

Segundo o IBGE, os principais destaques deste mês foram os grupos Despesas Pessoais e Alimentação. O primeiro registrou alta de 0,92 por cento em julho, a maior entre todos os grupos analisados, depois de ter subido 0,34 por cento em junho.

 

Por sua vez, a alta de 0,88 por cento de Alimentação e Bebidas causou o maior impacto no índice, de 0,20 ponto percentual, respondendo por 61 por cento do IPCA-15 deste mês. Em junho, este grupo subiu 0,66 por cento.

“O clima adverso prejudicou a lavoura de diversos produtos, destacando-se o tomate”, disse o IBGE num comunicado, explicando que os preços deste produto subiram 29,30 por cento em julho, depois de terem avançado 19,48 por cento no mês anterior.

Segundo uma fonte do IBGE, que pediu para não ser identificada, o “clima rigoroso” foi, de fato, o principal motivo para a alta maior que o esperado do IPCA-15 de julho.

 

ALTA ABRANGENTE

Ao analisar os números divulgados, o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, destacou que a alta dos preços foi generalizada, abrangendo seis das nove categorias de preços, e que algumas dessas categorias não são influenciadas pela queda da Selic.

Apesar da surpresa com o índice de julho, Perfeito acredita que “devemos sim continuar com quedas na Selic até o patamar de 7 por cento uma vez que os problemas observados nos preços são em grande medida insensíveis à trajetória dos juros”.

Mas Silvio Campos Neto, economista da Tendências Consultorias, vê chances menores de um corte do juro básico depois de agosto.

“O problema é que há, na verdade, não só pressão temporária de preços dos alimentos, mas também forte aumento da inflação de serviços, o que indica que alguns elementos da inflação estão mostrando persistência.”

A única queda de preços em julho foi registrada pelo grupo Transportes, um recuo de 0,59 por cento, menos intensa que a de 0,77 por cento registrada em junho. Os preços dos automóveis novos caíram 2,47 por cento, ainda sob efeito da redução do Imposto sobre Produto Industrializado (IPI).

 

ACELERAÇÃO

O resultado do IPCA-15 confirma que os preços vêm acelerando, como já haviam mostrado outros indicadores de inflação.

Nesta semana, a Fundação Getulio Vargas (FGV) informou que o Índice Geral de Preços-10 (IGP-10) registrou elevação de 0,96 por cento em julho, após alta de 0,73 por cento em junho. O resultado foi influenciado sobretudo pelos preços no atacado.

 

E o Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) acelerou para uma alta de 1,11 por cento na segunda prévia de julho, ante elevação de 0,63 por cento no mesmo período de junho.

Em junho, o IPCA – usado como meta oficial de inflação, de 4,5 por cento, com margem de dois pontos percentuais para mais ou menos – havia desacelerado para uma alta de 0,08 por cento, menor variação em quase dois anos. O IPCA de julho será divulgado pelo IBGE no dia 8 de agosto.

Ao analisarem na quinta-feira a ata da reunião da semana passada do Comitê de Política Monetária, economistas disseram que ela indicou que deve haver pelo menos mais um corte na taxa básica de juros em seu próximo encontro, em agosto.

O Copom voltou a destacar na ata que o processo de redução da Selic deve ser feito com “parcimônia”. Na semana passada, o comitê reduziu a Selic em 0,50 ponto percentual, para a nova mínima recorde de 8 por cento ao ano, o oitavo corte seguido desde agosto passado, quando começou o processo de afrouxamento monetário. (Reportagem de Camila Moreira, em São Paulo, e Luciana Otoni, em Brasília; reportagem adicional de Rodrigo Viga Gaier, no Rio de Janeiro)

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