IPCA-15 acumula alta de 5% em 12 meses
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) -considerado uma prévia da inflação oficial- subiu 0,18% em junho, ante alta de 0,51% em maio, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira, 21.
O resultado veio abaixo do esperado pelo mercado e reforça a perspectiva de mais reduções na Selic, hoje a 8,50% ao ano. Pesquisa da Reuters mostrou que o indicador subiria 0,28% neste mês, de acordo com a mediana de 16 previsões. As estimativas variaram de0,23 a0,39%.
No acumulado dos últimos 12 meses, o IPCA-15 registrou alta de 5%, abaixo dos 12 meses imediatamente anteriores, quando ficou em 5,05%.
De acordo com o IBGE, ao passar de uma queda de 0,25% em maio para recuo de 0,77% em junho, Transportes foi o grupo que mais contribuiu para a redução do índice na comparação mensal, segundo o IBGE.
Com Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) zero a partir de 21 de maio, os preços dos automóveis novos caíram 3,50%, segundo o IBGE. A medida também influenciou o mercado de carros usados, cujos preços ficaram 2,62% mais baratos que, junto com o comportamento dos preços de veículos novos, teve impacto de 0,16% de queda no índice do mês.
O grupo Alimentos, ainda segundo o IBGE, apresentou alta de 0,66% em julho, depois de subir 0,62 por cento no mês anterior. Os maiores impactos nesse grupo vieram das altas dos preços devido a fatores climáticos em tomate (19,48%), cebola (16,22%), batata inglesa (6,70%), hortaliças (3,29%), óleo de soja (3,20%) e arroz (2,02%).
O resultado do IPCA-15 de agora confirma que os preços vêm arrefecendo, como já haviam mostrado outros indicadores de inflação. Nesta semana, por exemplo, a Fundação Getulio Vargas (FGV) informou que o Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) desacelerou para uma alta de 0,63% na segunda prévia de junho, ante elevação de 1% no mesmo período de maio.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), usado como meta oficial de inflação, também já havia mostrado sinais de fraqueza, ao desacelerar para uma alta de 0,36% em maio, após subir 0,64% em abril.
O IBGE divulga no dia 6 de julho os dados do IPCA referentes a junho. A meta de inflação do governo é de 4,5% pelo IPCA, com margem de dois pontos percentuais para mais ou menos.
JUROS
O movimento de perda de força dos preços é importante para o Banco Central dar continuidade à sua política de redução da taxa básica de juros, hoje na mínima histórica de 8,50%, principalmente diante das dificuldades que a economia brasileira vem encontrando para deslanchar.
Na segunda-feira, o mercado estimou que o IPCA fechará este ano em 5 por cento, de acordo com relatório Focus divulgado pelo BC. Para2013, aexpectativa foi cortada de5,60 a5,54%.
Diante do ritmo lento da atividade no Brasil, a equipe econômica da presidente Dilma Rousseff já abandonou a previsão inicial de crescimento de 4,5% do PIB para este ano e fala em algo em torno de 3%.
O PIB cresceu apenas 0,2% no primeiro trimestre do ano comparado com os últimos três meses de 2011, mostrando que a economia brasileira ainda patinava. O pior cenário é na indústria, cuja produção registrou a segunda queda seguida em abril, ao recuar 0,2% frente a março.
Com esse cenário, o governo tem buscado maneiras para fazer a atividade econômica no país voltar a crescer com mais vigor. A última foi na semana passada, quando anunciou uma linha de crédito de 20 bilhões de reais para que os estados possam realizar investimentos em infraestrutura. (texto de Camila Moreira)