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Lápis é o último símbolo da velha indústria de São Carlos

04/11/2012 10h15 - Atualizado há 11 anos Publicado por: Redação
Lápis é o último símbolo da velha indústria de São Carlos

Dos três produtos que São Carlos tinha orgulho de ser o berço nacional – lápis, tratos e geladeira – somente restou o primeiro. E em posição de destaque, já que a revista VEJA estampou em sua edição de 23 de julho de 2009 uma matéria onde destaca que a Faber Castell, com sede na cidade, é a maior produtora mundial de lápis, o que coloca a cidade como a “capital mundial” deste material escolar. O trator desapareceu em 1995 com o fim da CBT e as geladeiras não são mais fabricadas desde o início da década de 2000.

 “A maior fabricante mundial de lápis – No país que mais fabrica lápis, São Carlos na região central do Estado de São Paulo, se destaca; a cidade é responsável por 40% da produção nacional, com 1.8 bilhões de unidades por ano. Desse total 50%  são exportados para mais de setenta países e o restante abastece o mercado local”, diz o texto.

A fabricação do lápis surgiu graças à a iniciativa do imigrante suíço Germano Fehr e seu cunhado Fritz Johannsen, que desenhou e reproduziu máquinas européias. A empresa chamava-se Lápis H. Fehr Ltda. Foi a primeira fábrica de lápis da América Latina e começou a produzir em 1926, com cerca de 60 operários.  Mais tarde, segundo o professor Antonio Carlos Vilela Braga (leia entrevista nesta página),  Germano Fehr e Fritz Johannsen associaram-se ao grande fabricante de lápis alemão Johann Faber, que passou a controlar a empresa e o processo produtivo. Nascia uma nova empresa: Lápis Johann Faber Ltda. em 1930.

A ferrovia, surgida em São Carlos em 1884 e a imigração européia foram, sem dúvida, fatores determinantes para o surgimento da indústria. “O transporte  ferroviário, mais rápido e seguro, permitiu o escoamento da produção local. Por outro lado, os imigrantes eram mais preparados para as atividades profissionais urbanas: o comércio e a indústria”, diz Braga. Segundo ele, os pioneiros da indústria de lápis de São Carlos, Germano Fehr e Fritz Johannsen, tinham essas características. Germano Fehr era suíço e Fritz Johannsen dinamarquês. Chegaram em São Carlos ainda jovens. “Fehr era empreendedor polivalente: fabricou  móveis, foi empreiteiro da construção civil, desde pequenas a grandes obras. Foi comerciante de veículos Ford e pioneiro na indústria têxtil”.

“Em 1925, convenceu seu cunhado (em primeiras núpcias) Fritz  Johannsen a realizar uma viagem a Alemanha com a finalidade de estudar o processo da fabricação do lápis. Johannsen, habilidoso mecânico dinamarquês empregado na fábrica de móveis de Fehr , visitou várias empresas produtoras de lápis em seu país de origem , desenhou as principais máquinas e conseguiu reproduzi-las aqui em São Carlos. Em 1926, entra em operação a primeira fábrica de lápis de toda a América Latina, empregando aproximadamente 60 operários. Quatro anos mais tarde, em virtude da Johann Faber (a maior exportadora de lápis, na época) ameaçar instalar uma fábrica aqui, Fehr e seus sócios abrem mão do controle acionário da empresa e se associam á empresa alemã”, de acordo com Oswaldo Truzzi no livro “Café e Indústria: São Carlos”.

Braga destaca outro fato interessante. “Vê-se que há mais de 80 anos, a cidade já à frente do tempo, antecipava elementos da espionagem industrial. Mas para uma melhor compreensão do estudo da indústria de São Carlos, o trabalho do Prof. Oswaldo Truzzi é indispensável”.

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