Universitários representam 80% das locações nesta época
São Carlos, por ser uma cidade que abriga duas grandes universidades públicas, nesta época do ano fica com o mercado imobiliário aquecido pelos estudantes em busca de apartamentos, casas grandes para repúblicas e até mesmo quitinetes.
Fernanda Barreto de Souza, responsável pelo setor de locação de uma imobiliária da cidade, afirma de todos os aluguéis feitos nos últimos três meses, 80% são representados por estudantes.
A estudante de mestrado da USP, Daniela Rosim, conta que encontrou alguns problemas na hora de efetuar a locação de seu apartamento. Para ela, o primeiro deles é a correria para garantir o imóvel. “São Carlos tem o mercado imobiliário muito aquecido, precisei fazer a locação rapidamente para não perder o apartamento que queria”, diz.
Para ela, outra parte chata do procedimento é em relação ao fiador. “Todas as imobiliárias que eu fui não aceitavam o seguro fiança. Eu não sou daqui e demorei três dias inteiros atrás de documentos do meu fiador. Três dias são muita coisa, porque deixei de fazer muitas coisas para me dedicar exclusivamente a isso”, lembra a mestranda.
Segundo Fernanda, do locatário são exigidos apenas o CPF e o RG. Ela explica que a maior dificuldade está no fiador. “Os estudantes têm dificuldades nesta parte, pois seus fiadores na maioria das vezes são seus pais e muitos deles não possuem um imóvel em seu nome, que é uma das exigências para ser um fiador”, relata. “Também trabalhamos com o calção, que é um depósito em dinheiro em uma conta poupança rendendo juros e no final do contrato o inquilino resgata o valor corrigido. Essa é uma opção do proprietário, mas existem aqueles que não aceitam esse tipo de garantia e preferem o fiador”.
Na opinião de Guilherme Duarte, outro responsável pelos aluguéis da imobiliária, a locação para estudantes é uma das que menos causa problemas. “Normalmente os estudantes têm ótimo relacionamento com a imobiliária”.
Ele comenta também que os valores de imóveis em São Carlos tiveram uma alta absurda nos últimos meses. Ele conta que uma casa pequena está em torno de R$ 550 ou mais, uma quitinete pode ser alugada por R$ 300,00. Já uma casa grande, muito utilizada para as repúblicas estudantis, sai por R$ 1.350 ou mais. “É raro encontrar uma casa grande por R$ 800”, comenta.
Em relação a toda burocracia existente na hora de alugar um imóvel, a advogada Simone Saldanha Ciarrochi opina: “É exacerbada a burocracia para que estudantes possam efetivar a locação de um imóvel. As razões, realmente, abrigam uma grande incoerência, uma vez que, por tratar-se de pessoas que estão ingressando em uma universidade, em sua grande maioria, não detêm renda. Ou seja, os responsáveis pelo adimplemento de todas as obrigações contratuais, desde o aluguel até o reparo de eventuais danos, são os pais, que têm o maior interesse em que seus filhos estejam bem instalados. Com isso, são os casos de menor inadimplência no meio imobiliário”, fala. “O que existe é uma visão equivocada, em que os estudantes são taxados, sem exceção, como baderneiros, predicado que agrega outros vários, em desfavor dos acadêmicos, entre eles, inadimplentes”, completa.