Manifestantes exigem Justiça por mortes em estádio
Torcedores egípcios indignados protestaram diante do gabinete do procurador-geral do país nesta quarta-feira, 15, no Cairo, exigindo que as autoridades levam ao tribunais os responsáveis pela violência que deixou 74 pessoas mortas num estádio de futebol.
Membros de torcidas e ativistas disseram que iriam resolver a questão de sua própria maneira a menos que a Justiça seja feita, colocando mais pressão sobre os generais que governam o país e que já enfrentam críticas da opinião pública pela forma como realizam a transição para a democracia após um levante que começou um ano atrás.
“Com nossas almas e nosso sangue, vamos proteger vocês, mártires”, gritava uma multidão de vários milhares. “Abaixo, abaixo o regime militar.”
A violência aconteceu na cidade costeira de Port Said no dia 2 de fevereiro ao final de uma partida entre o time da casa al-Masry e a equipe do Cairo Al Ahly, a mais bem sucedida do futebol africano.
Testemunhas disseram que centenas de torcedores do al-Masry invadiram o campo para agredir os jogadores visitantes, causando pânico entre a torcida do Ahly, que correu para as saídas. Os portões de ferro estavam fechados e dezenas de pessoas foram esmagadas e morreram na correria.
Muitas das vítimas eram integrantes da torcida organizada do Al Ahly “Ultra”, que com frequência enfrentam a polícia de choque em dias de jogos e estavam também na linha de frente dos protestos que derrubaram o ex-presidente Hosni Mubarak do poder em 11 de fevereiro do ano passado.
Alguns críticos do regime militar sugeriram que a violência foi planejada para criar o caos e levar a população a apoiar uma extensão do regime.
Um inquérito parlamentar afirmou que os torcedores e falhas de segurança foram responsáveis pelo incidente, e que os causadores da violência tinham usado bandidos e membros violentos de torcidas organizadas para tirar “proveito da tensão em torno do jogo para conseguir algum ganho político”.
“O relatório ainda é preliminar. A determinação popular irá forçar o relatório final a ser muito preciso”, disse o deputado e membro da equipe de investigação Abu Mohamed Hamed.