Maurren quer o tri no Pan
Maurren Maggi, atleta do Tricolor concedeu nesta quinta-feira, 13, a última entrevista coletiva antes de viajar para o México, onde disputa o Pan-Americano de Guadalajara no final do mês – a prova qualificatória está marcada para o dia 24 de outubro.
A campeã olímpica viaja na próxima segunda-feira para o México muito bem preparada para tentar a terceira medalha de ouro na competição – venceu nas outras duas edições em que competiu, em Winnipeg (1999) e no Rio de Janeiro (2007).
“A Maurren está em um nível excelente. Aguentou muito bem o período mais forte de treinamentos e agora está pronta para buscar mais uma medalha”, diz o técnico da atleta, Nelio Moura.
O vice-presidente de Comunicações e Marketing do São Paulo FC, Julio Casares, prestigiou o treinamento da atleta. Representando o clube, desejou sorte para Maurren em mais uma competição.
Veja o que a saltadora e o treinador disseram na última entrevista coletiva antes do embarque, que aconteceu após um treinamento debaixo de chuva na pista do Complexo Esportivo Constâncio Vaz Guimarães, no Ibirapuera.
– O que esperam do nível técnico da prova no Pan-Americano?
Nélio: as provas de salto em Pan-Americano em geral são fortes. A América do Sul está em um nível interessante em comparação internacional, praticamente todas as provas de saltos horizontais a gente sempre espera resultados fortes. Quanto ao salto feminino deve ser uma prova boa, as principais rivais são as cubanas, jamaicanas, uma menina das Bahamas que melhorou muito, canadenses e americanas. Há um grupo grande ameaçando a medalha da Maurren.
Maurren: Pra mim é sempre forte, Pan-Americano é sempre difícil, considero todas as atletas de nível altíssimo, pois estão competindo no Pan-Americano que é uma das competições mais fortes do mundo. Pretendo fazer uma boa prova lá e no melhor nível que eu puder. Não desconsidero nenhuma das competidoras, pois todas estão saltando e podem acertar um bom salto. Vou tentar fazer o meu melhor.
– O que pode levar da participação no Mundial da Coreia?
Com certeza é passado, mas não apago da minha vida porque eu aprendo muito com os meus erros e no decorrer da carreira pude mostrar pra todos, inclusive pra mim mesma. Estou sempre bem preparada para qualquer competição. Foi uma fatalidade e estou esperando ir bem no Pan-Americano.
– Os resultados do Pan-Americanos não podem mascarar o nível em relação aos Jogos Olímpicos?
Acho que não mascara, pois se está entre os melhores das Américas você pode chegar a uma final olímpica brigando de igual pra igual com todas as outras, como já aconteceu comigo.
– Depois de duas medalhas no Pan-Americano (Winnipeg em 1999 e Rio de Janeiro em 2007) e uma nos Jogos Olímpicos há motivação para disputar mais um Pan?
Quero buscar o tricampeonato no Pan-Americano, é o meu objetivo. Claro que qualquer medalha será bem vinda, mas quero tentar o tricampeonato.
– Qual é a importância dessa medalha pra você em relação à visibilidade e patrocínio?
É uma maneira justa de mostrar patrocinadores, aqueles que apoiam a gente quatro anos para chegarmos a uma grande competição. Acho que o Pan-Americano tem mais visibilidade que um Mundial, mas não é por isso que busco o Pan. Esse ano foi uma prioridade, pois talvez participe do próximo Pan, mas participando ou não quero o tricampeonato em Guadalajara.
– Tem alguma expectativa de marca para o Pan-Americano?
Se eu ganhar com 6m20 estarei muito feliz. Se estiver chovendo ou com vento contra atrapalha. A marca de 6m80 é boa, mas acho que tenho condições de saltar mais. É uma marca que garante medalha, mas não dá pra ganhar ainda.
– Entra como favorita na disputa?
Eu acho que qualquer norte-americana que entrar vai me dar trabalho. Considero todas as adversárias fortes. Tem a competidora das Bahamas, a Keyla (Costa, brasileira), as cubanas, muita gente saltando bem. Não é porque a campeã do mundo não estará lá que o nível será menor. Todas estarão saltando longe.
– O que significa mais um Pan na sua carreira?
Mais uma competição de alto nível pro meu currículo e com certeza uma experiência de vida. São três Pan-Americanos e é uma honra e um orgulho grande poder participar e representar o Brasil em mais uma competição de alto nível.
– Diferenças da Maurren de 1999 para a Maurren de 2011
Não vejo muita coisa. Meu técnico falou que eu era bochechuda (risos) e na época tinha cabelo cacheado. Tecnicamente melhorei muito, amadureci muito dentro das competições, acho que melhorei bastante.
– Ainda fica ansiosa antes das provas?
Gosto do frio na barriga antes das competições, é legal, positivo. Sinal de que a adrenalina está ali e você está preparado da melhor maneira. Muita ansiedade atrapalha, mas é difícil eu ficar muito nervosa antes das provas hoje.
– Tem um carinho especial pelo Pan-Americano?
Por ter surgido em um Pan-Americano, que me deu uma visibilidade muito grande, considero muito. Importante ser campeã das Américas, lembro de como foi em Winnipeg, foi emocionante ganhar o salto em distância lá. Considero muito o Pan-Americano por tudo, abriu portas, me trouxe patrocínios, inúmeros benefícios.
– Até que ponto um resultado negativo em Guadalajara pode te atrapalhar na preparação para os Jogos Olímpicos?
Nenhum, mas não penso em resultado negativo nunca. Não posso pensar negativo se nada aconteceu.
– Pensa se estará competindo no próximo Pan-Americano?
Eu ainda estou competitiva e não vou parar enquanto estiver bem. É claro que depois de uma medalha olímpica ( que ganhou em 2008, na China) seria encerrar a carreira em grande estilo, mas não estava pronta pra parar e nem o atletismo está pronto pra eu ir embora. Estou treinando muito bem, tive grandes conquistas, grandes marcas, fico entre as dez do mundo e isso considero bastante. (Ana Luiza Rosa – saopaulofc.net)
Foto: David J. Phillip/AP/AE{jcomments on}