Câncer de Mama, a convivência com o diagnóstico
Outros sentimentos que acompanham a pessoa nesse difícil momento são: desconfortos físicos, mudanças nos padrões de sono, entre outros
Nesta coluna de outubro, vamos conversar um pouco mais sobre como é conviver com o câncer de mama. Um diagnóstico que costuma ter um efeito devastador na vida dos pacientes oncológicos e, por isso, é necessário nos atentarmos ao efeito emocional causado ele, para que possamos prestar assistência a essa pessoa.
Pacientes relatam como o efeito de receber o diagnóstico é devastador. Há um medo em relação aos tratamentos, que podem resultar em mutilações, desfigurações, infertilidade, possíveis perdas emocionais materiais, sociais ou emocionais. E também há o medo da morte associado à situação.
Outros sentimentos que acompanham a pessoa nesse difícil momento são: desconfortos físicos, mudanças nos padrões de sono, mudanças na libido, ansiedade e depressão, episódios de raiva, problemas nos relacionamentos e dificuldades no trabalho.
O estudo “O impacto psicológico do câncer de mama: um estudo a partir dos pacientes de um grupo de apoio” (2012), nos mostra também que as diferentes formas que o diagnóstico pode afetar pessoas pacientes. E traz algumas falas importantes que ilustram esse momento: “A gente nunca acha que vai acontecer com a gente”; “Só queria pegar isso (tumor) e jogar fora”; “A gente pensa que vai ser forte até o final, mas é muito difícil”.
Entendendo tudo isso, ressaltamos mais uma vez a importância de um diagnóstico precoce. Quando falamos sobre isso, estamos falando sobre o estágio em que a doença é detectada e sobre as opções de tratamento oferecidas que entram na equação quando um paciente ouve sobre tudo isso.
Ou seja, sobre questões psicossociais. E para entender melhor a parte social, o estudo “Reinventando a vida: proposta para uma abordagem socioantropológica do câncer de mama feminina” (2002) nos introduz a ideia de que o paciente irá viver a doença de acordo com a forma que ela nos é apresentada.
E por isso, podemos pensar na simbologia que a doença acarreta. Como por exemplo: os tratamentos (quimioterapia, radioterapia e mastectomia) podem comprometer aspectos físicos do paciente, afetando assim a autoestima, imagem corporal e senso de identidade. Além disso, socialmente, o diagnóstico de câncer adquiriu para muitos uma equivalência de culpa, dor, sofrimento, deterioração, punição divina e morte. O que os desencoraja de até mesmo buscar tratamento.
Tendo em mente que o câncer de mama ainda toma esse lugar de segredo difícil de ser falado, compartilhado e ouvido, precisamos estar abertos a acolher quem está passando por esse momento. É preciso que essas pessoas saibam que não estão sozinhas. E que a sua rede de apoio pode ser fortalecida por profissionais e espaços (como a terapia) para lidar com tudo isso.
Psicólogo formado pela PUC-Campinas.
Psicanalista pós-graduado pela Mackenzie-SP.
Especializado em Psicanálise, Gênero e Sexualidade pelo Instituto Sedes Sapientiae.
Matheus Wada Santos
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