Ghosting, você já passou por isso?
Para lidarmos com o ghosting é necessário pensarmos e refletirmos sobre a história como um todo, desde o começo
Em artigos anteriores já falamos sobre como nos relacionamos conosco internamente e com o outro e como as telas afetam nossas vidas (se você perdeu algum deles, pode acompanhá-los em nossa coluna). Mas e quando ambos os assuntos se entrelaçam? Hoje falaremos sobre o “ghosting”, uma maneira cruel e que vem se tornando comum de se encerrar relações.
O ghosting é um fenômeno das redes que vem se popularizando quando falamos de relacionamentos. Por definição é: uma maneira de terminar um relacionamento sem aviso prévio ou explicação com o uso da tecnologia, ignorando qualquer tentativa de contato.
A situação pode parecer corriqueira para alguns: você conhece uma pessoa, começam a trocar mensagens, tudo vai bem e então, silêncio. E nesse momento é preciso se conscientizar que o outro não lhe deu nem a dignidade de um adeus.
E ocorre quando, por exemplo, há falhas no processo de comunicação e falta de alinhamento de expectativas. Como resultado, aqueles que passam por isso, sentem-se: desrespeitados, tristes, não cuidados, rejeitados, têm problemas na autoestima, culpados pelo abandono, com sentimentos de negação e até mesmo de luto.
É comum que aqueles que praticam essa forma de terminar relações tenham medo de conflitos, por isso evitam todas as formas possíveis de enfrentamento presenciais, até mesmo o ato de dizer o adeus se torna difícil.
Essas pessoas não comunicam seus afastamentos. Uma comunicação que deveria ser fluida, direta, respeitosa e assertiva. Estas também costumam ter sofrido quebras de confiança por pessoas próximas, tendo assim dificuldade de viver novos encerramentos, ou nem mesmo têm consciência do dano que causam.
Assim, é mais fácil imaginar que não se deve nada a uma tela e que essa tela não irá ver mensagens ou fazer cobranças, do que seria descartar uma pessoa na realidade. Aos poucos, se perde a prática em viver relações reais, com o contato interpessoal.
Mas é importante que, mesmo que nos tratem como pessoas a serem dispensadas por uma mensagem e sem sentimentos, isso não se torne nossa realidade. Não se pode deixar que nossa empatia comece a desaparecer.
Para lidarmos com o ghosting é necessário pensarmos e refletirmos sobre a história como um todo, desde o começo. Sobre tudo aquilo que foi dito, onde as expectativas e fantasias foram colocadas. Para que não se repitam os mesmos padrões ansiosos. Uma vez que se elaboram sofrimentos, podemos curar nossas feridas e viver uma nova história.
Psicólogo formado pela PUC-Campinas.
Psicanalista pós-graduado pela Mackenzie-SP.
Especializado em Psicanálise, Gênero e Sexualidade pelo Instituto Sedes Sapientiae.
Matheus Wada Santos
CRP 06/168009
@psi_matheuswada
(16)99629-6663