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Funcionário do SAAE reclama de condições precárias de refeitório

03/09/2015 03h08 - Atualizado há 9 anos Publicado por: Redação
Funcionário do SAAE reclama de condições precárias de refeitório

Um funcionário do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de São Carlos procurou a reportagem do Primeira Página para fazer sérias denúncias contra a autarquia, hoje comandada por Sérgio Pepino. Condições precárias de um refeitório improvisado, supostos privilégios a alguns cargos e supostos casos de assédio moral estão no bojo do desabafo da pessoa, que prefere o anonimato com medo de represálias, mas concordou em gravar entrevista.
Ataulfo (nome fictício) promoveu outras denúncias. Ele explicou que a bomba do poço do bairro Douradinho queimou e o SAAE se empenhou para não faltar água à região. A pessoa revelou uma informação que pode suscitar dúvidas quanto ao uso correto do dinheiro público.
“O SAAE tem uma carreta com capacidade para 30 mil litros de água e outro caminhão para 15 mil litros. Como queimou a bomba, é preciso jogar água na caixa para não faltar para a população. E o SAAE? O que fez? Alugou duas carretas para jogar água na caixa, que custam entre R$ 100 e R$ 150 a hora de uso e deixaram a carreta e o caminhão parados. Eu acredito que o conserto da bomba pode demorar de dois a três dias. Em tempo de crise, falam de enxugar despesas, cortar gastos, mas lá [no SAAE] está esse desvario [insanidade, loucura]”, disse Ataulfo.
O sujeito conta outros pormenores da autarquia. Segundo ele, existem dois cargos de confiança, que ganham “5 paus [5 mil reais] para não fazerem nada”. “Eles só ficam fumando e tomando café”, desabafa.
PRIVILÉGIO – A indignação de Ataulfo, que convive nos bastidores do SAAE, é maior. Ele conta que aposentados recebem privilégio em detrimento de inúmeros concursados. “Um é assessor de assuntos estratégicos, que trabalha sozinho dentro de uma sala. É assessor dele próprio. É aposentado e com cargo de confiança. E tem uma assessora de fiscalização. Ela é assessora de setor e lá tem a chefe. Na minha opinião, não tem necessidade de ter assessora naquele departamento. Estão privilegiando quem é aposentado, dando cargo. No setor de perdas tem chefe de si próprio. O cara trabalha sozinho, não tem quase serviço nenhum. Isso [a função] foi inventado para dar cargo para essa pessoa”, comenta.

Ataulfo pede intervenção da Vigilância Sanitária no refeitório improvisado

Ataulfo comentou que o autor da retirada do pagamento da insalubridade tem como artífice um servidor concursado e que possui função gratificada. De acordo com Ataulfo, a atual gestão da autarquia adotou a filosofia de prejudicar o servidor que tem um salário baixo. “Tiraram a insalubridade do setor de fiscalização, sendo que o SAAE paga esse benefício há mais de 20 anos. Pra quem vai esse dinheiro? Estão desestruturando as famílias dos servidores. Quando você baixa o salário, você está desestruturando famílias”, afirma.
E faz outras acusações contra o servidor que ocupa cargo de chefia. “Ele persegue todo mundo lá [no SAAE]. Não deixa a gente em paz”.
Ataulfo disse que Sérgio Pepino começou a reformar o refeitório faz 90 dias. “Mas já tem 30 dias que as obras estão paradas”, enfatiza o denunciante. “Os pedreiros foram embora de lá. Estão alegando [o SAAE] que não tem dinheiro, que está no vermelho. O refeitório está parado. E o que eles fizeram? Pegaram um barracão velho, onde guarda viatura, que vaza óleo pelo chão e fizeram um cercado, como um chiqueiro. Lá os servidores tomam café, almoçam e uma turma que trabalha à noite está jantando no refeitório. Fizeram um cercado de telha reciclável, que parece um mangueirão de porco. Eu queria que o Pepino almoçasse, jantasse e tomasse café naquele espaço. O chão está cascudo, manchado de óleo e as cozinheiras preparando café naquele lugar. Improvisaram uma pia, mas o resíduo está correndo a céu aberto. A Vigilância Sanitária precisa verificar aquela situação”, comenta. As informações dão conta que na tarde de terça-feira, uma equipe limpava o espaço.
Na opinião de Ataulfo, Sérgio Pepino só enxerga o SAAE e não o servidor. “Ele [Pepino] não serve. Só está olhando para o SAAE, não está olhando para o servidor. Tem dois servidores que são de sua confiança que estão perseguindo e detonando. Estão mandando no SAAE e o Pepino concorda com tudo. O Pepino foi bom para o SAAE numa parte, na estrutura, mas com o funcionário ele é péssimo demais da conta”, terminou.

Sindspam confirma condições de refeitório e investiga assédio moral

O presidente do Sindicato dos Servidores Municipais (Sindspam), Adail Alves de Toledo, visitou o refeitório improvisado do SAAE e constatou as condições precárias do espaço. “Fui hoje [ontem] de manhã e não encontrei nenhum pedreiro. Enquanto isso, os servidores estão enfiados num canto, com uma lona preta. Um local que não tem condições de refeição”, atestou.
Segundo o presidente do Sindicato, num primeiro instante os servidores concordaram com a improvisação do espaço, uma vez que o refeitório passaria por reformas que ampliariam as condições de acolhimento do trabalhador. “Mas agora abandonaram a obra do refeitório e outras situações foram colocadas pelos servidores, inclusive de assédio moral. Vamos sentar com o Pepino na segunda-feira e acertar isso”, disse Adail.
Adail demonstrou todo o seu desapontamento com servidores de carreira, que na atual gestão ganharam novo status no SAAE. “Estou chateadíssimo. Há três anos, essas mesmas pessoas estavam aqui com os motoristas, conversando, prometendo coisas. Agora, têm cargo e não se preocupam com os colegas. Mas um dia ele volta à função normal. Ou deixa o SAAE, quem sabe, por estar bem de vida”, cutucou.
Adail confirmou que os funcionários do SAAE estão proibidos de comer um segundo pãozinho durante o café da manhã. “Quando inaugurarem o refeitório novo, limpinho, aparece o prefeito e o Pepino. Mas e na atual situação? Os servidores estão fazendo as suas refeições num espaço que era usado para guardar carros”, disse Adail. “Eu tenho respeito pelo Pepino, mas o que está acontecendo no SAAE não pode. E sobre as denúncias de assédio moral, estamos apurando. O prefeito assinou um Termo de Ajustamento de Conduta se comprometendo a não assediar mais os servidores”, disse Adail.
Sobre o assédio moral, Adail disse: “Chegou ao nosso conhecimento que o Departamento Jurídico do SAAE, com base em um laudo firmado por um técnico de segurança do trabalho, determinou que a partir deste mês, os servidores não receberiam mais o Adicional de Insalubridade. Por conta dessa determinação, estamos querendo, com a máxima urgência, conhecer os fundamentos que levaram o SAAE a adotar esta providência que estará gerando reflexos nos vencimentos dos servidores”, explicou Adail.

SAAE responde às críticas de servidor

Em nota, o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) comentou a respeito das denúncias do servidor e que foram apresentadas em entrevista. “A autarquia realmente terceirizou o serviço de carretas, para o abastecimento emergencial do reservatório do bairro Douradinho, durante o trabalho de manutenção corretiva no poço desse bairro,nos últimos dias 31 de agosto e 1º de setembro, já que a carreta com capacidade de 30 mil litros de água do SAAE encontra-se em manutenção. Quanto ao caminhão com capacidade para 15 mil litros, esse veículo é usado apenas para abastecimento de escolas, UPAs e demais equipamentos públicos menores e não para o abastecimento de grandes reservatórios”, informou.
Sobre as denúncias de privilégios a alguns cargos, a “autarquia informou que as atividades são distribuídas de forma homogênea dentro dos vários setores que compõem o SAAE”. “Tratando-se do Setor de Perdas, que hoje é composto por uma chefia e uma pessoa, o SAAE esclarece que esse setor foi criado recentemente, durante a Restruturação Administrativa da autarquia (em maio de 2015) e que deve crescer, em breve, atendendo a demanda na área”, informou. Sobre as denúncias de assédio moral, o SAAE afirma que não recebeu notificação oficial quanto ao servidor mencionado na entrevista. Por esse motivo, a reportagem preferiu omitir o nome do funcionário até que o Sindicato dos Servidores Municipais (Sindspam) e a presidência do SAAE tomem conhecimento do caso.
A respeito do refeitório, o Setor de Obras do SAAE não confirma a paralisação da obra de reforma e ampliação do refeitório da sede da autarquia (à Avenida Getúlio Vargas, 1500) e informa que, para a realização das melhorias, foi necessária a transferência temporária da estrutura do refeitório para, posteriormente, oferecer ao servidor espaço mais adequado.

 

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