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“O PSDB já morreu”, afirma Ney Vilela

No Estado de SP em 2020, partido elegeu 180 prefeitos e 1.209 vereadores

13/04/2024 23h35 - Atualizado há 2 semanas Publicado por: Redação
“O PSDB já morreu”, afirma Ney Vilela Redes Sociais/Facebook/Divulgação

Tucano de carteirinha desde a fundação do partido em 1988, o historiador, professor e escritor Ney Vilela afirma que o PSDB já morreu. Ele faz tal afirmação, discordando do também tucano e ex-senador e ex-ministro Aloísio Nunes Ferreira, que, em 2022 disse que o PSDB era um partido “em estado terminal”. “Discordo do Aloísio, o PSDB já morreu, não existe mais”, desabafa ele.

Depois de comandar o Estado de São Paulo durante 30 anos e governar o Brasil por oito anos entre 1995 e 2002, com várias obras e projetos, os tucanos vêm vivendo uma decadência há tempos e foi engolido pela polarização Lula x Bolsonaro, como mostrou a ridícula votação do ex-governador Geraldo Alckmin (hoje vice-presidente de Lula) em 1988.

Em 2004, o PSDB elegeu 865 prefeitos espalhados pelo Brasil. Em 2008 elegeu 791. Em 2012 elegeu 695, em 2016 elegeu 799 e em 2002 elegeu apenas 531. De 2016 para 2020, o número de prefeituras tucanas caiu em 268%.

No Estado de São Paulo em 2020, o partido elegeu 180 prefeito e 1.209 vereadores. Para a eleição e outubro, a expectativa é de um número ínfimo de eleitos. Lideranças como o ex-prefeito de São Carlos, Paulo Altomani, a prefeita de Itirapina, Dona Graça Zucchi de Moraes, o pré-candidato a prefeito de Descalvado, Luisinho Panone, o ex-prefeito de Porto Ferreira por dois mandatos, André Braga e sua irmã e também ex-prefeita, Renata Braga, o ex-prefeito de Descalvado, José Carlos Calza, deixaram o PSDB.

“Os políticos da região estão deixando o PSDB porque o partido não existe mais. Não será sequer um partido nanico. A tendência é simplesmente desaparecer”, destaca Ney Vilela.

Ele afirma que a derrocada do PSDB começa em 2002, quando na sucessão de FHC, que tinha gerado o Plano Real e estabilizado a economia do país, da moeda que passou a ser de verdade, implantado a responsabilidade fiscal, ter realizado privatizações de sucesso como a da telefonia, democratizando o acesso ao telefone entre outras conquistas. “O Lula falava que o legado tucano era uma ‘herança maldita’ e o PSDB não defendeu FHC. O PSDB perdeu sua alma, sua postura de centro-esquerda. As lideranças tucanas entenderam que este espaço que Lula e o PT haviam ocupado este espaço e se conformaram com isso”.

Segundo Vilela, um capítulo importante na tragédia tucana foi a empáfia do ex-governador João Dória que acabou decretando o final infeliz do partido. “Esta situação de tirar a alma do PSDB se prolongou e se agravou com a chegada de João Dória. Dória destruiu a estrutura administrativa do PSDB tentando ser candidato à presidência da República em 2022. Ele impediu que Alckmin fosse candidato a governador de São Paulo. Em 2018 ele fez a chapa Bolsodória e colocou o PSDB na centro direita. O PSDB foi engolido no governo Bolsonaro.  Entre as opções de aderir à centro direita ou à direita braba, os eleitores conservadores preferiram a segunda opção. Em outros momentos, Aécio Neves pregou ao voto Lula-Aécio em Mina Gerais, desarticulando o partido de forma estrutural”, explica.

ESPÓLIO TUCANO

O historiador acredita que como o eleitor paulista é anti-petista, a direita deve herdar os votos que antes eram dos tucanos. “O espólio do partido deve fia pra a direita. O PSDB abandou sua própria herança e por isso está em extinção. Apesar dos 30 anos de governos paulistas, com programas como Bom Prato, AME, Poupatempo, FATEC e Virada Cultural, vai desaparecer”, aposta ele.

SOCIAL DEMOCRACIA

Ney Vilela, que se define como um defensor das ideias sociais democratas afirma que há um enorme espaço para lideranças de centro esquerda com a bandeira social democrata ocuparem neste momento. “Precisamos de lideranças que tenham coragem de enfrentar os extremos, que hoje dominam a política. Hoje só tem a Tábata Amaral com o perfil de uma liderança necessária para um projeto como este. Dependendo do resultado das eleições na cidade de São Paulo haverá uma recomposição dos grupo de centro e centro direita, o que é necessário no momento em que as redes sociais não discutem ideias, mas apenas bravatas de seus líderes políticos. Não vejo qualquer futuro para o PSDB, mas torço muito por Tábata Amaral”, conclui ele.

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