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Para Joelson Carvalho, esquerda cumpriu “papel histórico”

Para professor, PSOL trouxe a política nacional para o debate local

15/11/2020 15h49 - Atualizado há 3 anos Publicado por: Redação
Para Joelson Carvalho, esquerda cumpriu “papel histórico” Foto: Divulgação

Os candidatos a prefeito de São Carlos mais identificado com o espectro político da esquerda – Erick Silva (PT) e Ronaldo Motta (PSOL) cumpriram seu papel histórico de associar as dinâmicas e demandas municipais à lógica mais geral da política nacional. A análise é do professor Joelson Gonçalves de Carvalho, que é mestre e doutor em Desenvolvimento Econômico pela UNICAMP e atua como professor no Departamento de Ciências Sociais da UFSCar.

“Vimos isso especialmente na campanha do Ronaldo Mota, que trouxe o debate local através da agenda nacional. Ele buscou politizar o debate local, tentando recuperar o papel do governo federal e a lógica política do Governo Bolsonaro, tentando colá-la no status quo da cidade, que acaba impregnando grande parte das candidaturas colocadas em São Carlos. Isso na campanha de Motta foi mais visível. A campanha de Erick também cumpriu outro papel”, comenta ele.

Segundo Joelso, Erick conseguiu resgatar o legado de gestões municipais petistas de sucesso. “Erick buscou recuperar o legado dos governos dos ex-prefeitos de São Carlos, Newton Lima e Oswaldo Barba. Ao fazer isso, Erick buscou mostrar a clara diferença entre os governos de esquerda que o município teve e os dois governos que vieram depois das gestões petistas.  Tivemos então um governo do PSDB e depois Airton Garcia, que começou com o PSB e terminou com o PSL.  O Erick a todo momento mostrou que há várias formas de se fazer gestão local.  Ele buscou ligar a política local à nacional, mas também mostrar que a esquerda está ligada a processos mais democráticos em nível municipal”, ressalta.

O professor vislumbra um forte embate entre o governo Airton Garcia, caso ele seja reeleito e uma bancada de esquerda, mesmo que pequena. “ Nos últimos quatro anos o prefeito airton Garcia não teve que enfrentar, na Câmara Municipal, a oposição dos partidos chamados de “progressistas” ou de “esquerda” de maneira mais efetiva. Nem PSOL e nem PT fizeram vereadores em 2016. O PT sempre teve pelo menos um vereador no Legislativo e desta vez ficou sem nenhum. A perspectiva é que sejam eleitos pelo menos um vereador do PT e um vereador do PSOL. Mas os números podem até levar a uma bancada de 3 vereadores num bancada de esquerda.  Com a possiblidade de vereadores eleitos pela esquerda, a oposição tende a se articular mais e o que não ocorreu num passado recente, poderá ocorrer agora, ou seja, que os partido de esquerda possam dialogar mais e assim, a vida do prefeito não será tão fácil como foi até agora”, comenta Joelson.

Ele teme que Airton possa radicalizar o discurso de direita.  “Cabe lembrar que Airton foi eleito pelo PSB que tem o socialismo no nome. Hoje ele está no PSL que criminalizada a ideia de socialismo. Se esta mudança partidária provocar uma mudança de discurso, poderemos ter um Airton Garcia um discurso mais duro. Assim, a convivência com uma bancada de esquerda será mais tensa, mas dinâmica. Airton Garcia deve conhecer uma oposição que não conheceu até agora”.

Para Joelson, a polarização que ocorreu em nível nacional não se deu em nível municipal. Não houve este link entre a pauta nacional e as questões locais. “O PSOL tentou fazer isso, mas não tinha tempo de TV e a campanha foi muito curta. Esta polaridade esquerda X direita praticamente não existiu em nível municipal”.

Com relação ao grande número de candidatos na disputa, Joelson avalia que faltou capacidade de diálogo e articulação para a maioria das lideranças. “Tivemos um número elevado de candidaturas. Tirando o PT e o PSOL, tivemos várias candidaturas de centro-direita ou de direita. O Partido de Airton, caso ele se reeleja, tem pautas bastante conservadoras. Nas eleições municipais não tivemos muitas articulações, faltou diálogo”, conclui ele.

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