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Prefeitura avalia viabilidade financeira para abrir hospital de campanha

“Pretendemos montar dez leitos de UTI e dez leitos de enfermaria com suporte respiratório para liberar as UPAs”, afirma Palermo

26/05/2021 05h46 - Atualizado há 3 anos Publicado por: Redação
Prefeitura avalia viabilidade financeira para abrir hospital de campanha Fotos: Divulgação / Câmara Municipal de São Carlos (SP)

O secretário municipal de Saúde de São Carlos (SP), Marcos Palermo, pediu uma avaliação financeira à Secretaria de Municipal de Fazenda para a contratação de quatro equipes médicas para dar andamento ao projeto do hospital de campanha em São Carlos. “Pretendemos montar dez leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e dez leitos de enfermaria com suporte respiratório para liberar as UPAs (Unidade de Pronto Atendimento) para o atendimento geral. Os equipamentos para os leitos de UTI nós já temos, falta o local e a avaliação financeira com os custos da infraestrutura e manutenção”, afirmou.

Palermo alegou falta de verba e investimento dos governos estadual e federal para justificar a inexistência do hospital de campanha em São Carlos. Em abril de 2020, o Comitê Emergencial de Combate a COVID-19 da Prefeitura cogitou a abertura de uma unidade, contudo o projeto migrou para o Centro de Centro de Atendimento e Triagem de Síndrome Gripal instalado no Ginásio Milton Olaio Filho. “Desde novembro a cidade não recebe verba dos governos federal e estadual para combater a Covid-19. Tudo que está sendo feito são com recursos da própria Prefeitura”, alegou.

Após a reunião ocorrida nesta terça-feira, 25, no plenário da Câmara Municipal, com os vereadores da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito), Palermo e o prefeito Airton Garcia (PSL), a criação de um hospital exclusivo para atender pacientes com a Covid-19 voltou à pauta de discussão no Paço Municipal.

A CPI da Saúde composta pelos vereadores Marquinho Amaral (PSDB), que preside a Comissão, Elton Carvalho (Republicanos), Bruno Zancheta (PL), Azuaite Martins de França (Cidadania) e Dé Alvim (Solidariedade) investiga as ações e gastos da Prefeitura no enfrentamento à pandemia do novo coronavírus.

Após a oitiva no domingo, 23, no Centro de Triagem e Upas do Santa Felícia e Cidade Aracy, foi elaborado um relatório parcial da CPI da Saúde, o qual apontou irregularidades no tratamento de uma paciente de 43 anos diagnosticada com o novo coronavírus nestas unidades.

Os vereadores afirmaram não haver um protocolo claro e em atividade que estabeleça o fluxo dos pacientes entre as unidades e a destinação aos hospitais de referência para casos graves. Exemplo da fala dos vereadores foi o caso da paciente Wandra, de 43 anos. Ela morreu na UPA do bairro Cidade Aracy, na segunda-feira, 24, após passar 48 horas no Centro de Triagem, sem ter acesso a um leito de UTI.

Os membros da CPI indagam por que a paciente foi para a UPA da Cidade Aracy se a unidade referenciada neste caso era a do Santa Felícia, exclusiva para Covid-19. Segundo o secretário Palermo, a oferta de leitos é menor que a demanda de pacientes, e com isso, não há protocolo que se sustente. “Não adianta ter um fluxo se os hospitais não têm condições de absorver. Estamos com mais de 97,3% dos leitos para Covid-19 de UTI do SUS (Sistema Único de Saúde) ocupados. Esta é a realidade da cidade em 2021”, disse Palermo.

O secretário afirmou que nem mesmo as UPAs são adequadas para pacientes graves. “Não foram construídas para esse propósito de internação. Estamos utilizando esta estrutura porque é o que temos em mãos”, afirmou.

São Carlos conta com três UPAs, sendo que atualmente estas unidades contam com 11 leitos de suporte respiratório, sendo três no Cidade Aracy, outros três na Vila Prado e cinco no Santa Felícia e ainda mais um leito especial para Covid-19 no Centro de Triagem. “Nós montamos esta estrutura para manter os pacientes vivos, até que se saia uma vaga em hospital para que possamos transferi-los”.

DOCUMENTO – No relatório enviado à Prefeitura, a CPI considerou desumanas as condições de atendimento do Centro de Triagem. Os vereadores identificaram que o local é inapropriado para o funcionamento dos leitos de observação e internação, que o prédio é frio e sem a estrutura mínima adequada para abrigar um equipamento público de saúde.

Na UPA do Cidade Aracy os profissionais de saúde relataram não ter capacidade técnica necessária para prestar atendimento de intubação e a estrutura não atende as necessidades de uma UTI. “Além de falta de estrutura física adequada para a internação. Não existe, por exemplo, serviço de hotelaria e alimentação para os pacientes internados”, trouxe o relatório.

Na UPA do Santa Felícia, que desde o dia 7 de abril atende somente pacientes diagnosticados com a Covid-19, o documento identificou não haver infraestrutura de rede de gases medicinais para mais de três pacientes simultâneos.

A indicação da CPI é que a UPA do Santa Felícia está subutilizada. “Antes de abril a unidade atendia 250 pessoas e agora passou a atender um número expressivamente menor”.

HOSPITAL DE CAMPANHA

Durante a reunião foram tomadas deliberações, anunciadas em seguida durante entrevista coletiva online concedida à imprensa pelos integrantes da CPI e pelo presidente da Câmara, Roselei Françoso.  Entre as propostas acatadas pelo prefeito e pelo secretário estão a realização de testagem em massa no bairro Cidade Aracy, no horário das 13h às 20h, no Centro da Juventude e a instalação de um hospital de campanha com 20 leitos (10 semi-intensivos e 10 de enfermaria) em local a ser definido, e instalação, nas dependências da FESC na Vila Nery de uma unidade para recuperação de pacientes Pós-Covid, com equipe multidisciplinar. Terá continuidade a testagem de Covid no Ginásio Milton Olaio Filho e, com a ativação do Hospital de Campanha, a UPA do Santa Felícia retomará o atendimento normal.

REUNIÃO – O presidente da CPI, Marquinho Amaral e o relator, Elton Carvalho, informaram que visitas presenciais serão também feitas à Santa Casa e ao Hospital Universitário da UFSCar. Marquinho destacou a presença do prefeito na reunião na Câmara e disse que as medidas anunciadas são “conquistas da Câmara e da CPI, que com seriedade estão debatendo ideias, criticando o que está errado e trazendo soluções”. Ele agradeceu o apoio do presidente da Câmara, que tem atendido às solicitações e dado suporte aos trabalhos da CPI.

O prefeito Airton Garcia Ferreira afirmou, após o encontro, que “todos têm que se empenhar para ajudar a resolver ou minimizar a crise”, acrescentando que buscará a instalação do hospital de campanha.  O secretário Marcos Palermo avaliou a reunião como “muito proveitosa” e antecipou que “haverá avanços” na estrutura de atendimento de pacientes da Covid-19 no município.

OITIVA – A CPI programou para esta quinta-feira (27), às 10 horas, a realização da oitiva com o secretário municipal Marcos Palermo, agendada após análise de documentação enviada à análise da Comissão.

Devido às restrições impostas pela pandemia de Covid-19, a população não terá acesso ao evento, mas poderá acompanhar ao vivo pela Rede Alesp (Canal 8 da NET), pela Rádio São Carlos (AM 1450) e pelo site, Youtube e Facebook oficiais da Câmara Municipal.

Após análise minuciosa de documentos e concluída a fase de oitivas, a CPI irá elaborar o relatório final conclusivo a ser encaminhado aos órgãos competentes para apontar responsabilidades e eventuais punições por irregularidades constatadas.

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