Mensalão: Relator diz não haver dúvida sobre compra de votos
O relator da ação penal do chamado mensalão, ministro Joaquim Barbosa, disse nesta segunda-feira, 17, não haver dúvidas sobre a existência de um esquema de compra de apoio político ao governo na Câmara dos Deputados.
Barbosa começou a leitura do voto sobre a questão relativa a corrupção ativa, passiva e lavagem de dinheiro, que envolve os réus integrantes do chamado “núcleo político” do suposto esquema.
“(Não há) qualquer dúvida sobre a existência do esquema de compra de votos nesta altura do julgamento”, disse Barbosa, ao iniciar o seu voto.
São 23 acusados neste item, o quarto a ser analisado, entre eles o ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu, o ex-presidente do PT José Genoino e o ex-tesoureiro Delúbio Soares. Esta questão pode comprovar o uso de recursos ilícitos para a compra de apoio político na Câmara.
O relator analisa, na primeira parte do seu voto, os repasses que teriam sido recebidos pelo Partido Progressista (PP). A legenda teria recebido cerca de 3 milhões de reais, que teriam sido oferecidos por Dirceu, para votarem a favor de matérias do interesse do governo federal, segundo a denúncia do Ministério Público Federal (MPF).
“Os parlamentares prestaram seu apoio ao governo na Câmara influenciados por esses pagamentos… Os partidos eram opositores, eram antípodas”, disse Barbosa.
“É evidente o potencial exercido pelos pagamentos sobre as manifestações dos parlamentares beneficiados”.
Barbosa disse que a compra de apoio entre parlamentares já era conhecida entre parlamentares, e citou depoimento do deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), que citou que os comentários eram “sorrateiros”.
A denúncia em 2005 do chamado mensalão resultou na pior crise política dos oito anos de governo de Lula.