Newton debate biografias na entrega do Troféu Juca Pato
O Troféu Juca Pato é uma das maiores honrarias da cena cultural brasileira. Este ano foi entregue ao jornalista Audálio Dantas, autor do livro As Duas Guerras de Vlado Herzog, que também ganhou o prêmio Jabuti.
Antes da cerimônia de entrega do prêmio, o presidente da União Brasileira de Escritores, Joaquim Maria Botelho, convidou Fernando Moraes, Paulo Cesar de Araújo, Ricardo Kotscho e o deputado Newton Lima (PT-SP) para um debate sobre a censura às biografias brasileiras.
Newton abriu o debate comentando as duas possibilidades do fim da censura. A primeira é a aprovação de seu projeto de lei que deve entrar em votação nas próximas semanas, assim que a pauta da Câmara for destravada. A segunda, é o julgamento do processo pelo Supremo Tribunal Federal, onde o deputado também apresentará sua posição na plenária que acontece nesta quinta-feira (21). “Não perderei a oportunidade de defender no Supremo Tribunal minhas convicções e o teor do projeto de lei que espero seja aprovado na Câmara, antes do final do julgamento no STF”, disse Newton.
Paulo Cesar de Araújo, autor da biografia censurada por Roberto Carlos, comentou o processo que acabou por recolher os seus livros. Para o biógrafo, quando os advogados alegam defesa do patrimônio do biografado, o autor pode ser acusado de furto, pode ser preso por roubo.
O jornalista e escritor Ricardo Kotscho foi rápido. Para ele, não pode existir censura prévia. Não existe biografia autoriza, ainda mais com participação nos lucros. “Este debate já está vencido, pois tanto na Câmara, quanto no STF, a turma da Paula Lavigne vai perder de goleada”, disse.
O escritor Fernando Moraes leu a Carta de Fortaleza, manifesto assinado por 12 dos mais renomados biógrafos brasileiros, que declara apoio ao processo jurídico que tramita no STJ e ao Projeto de Lei do deputado Newton Lima. A carta afirma que a legislação em vigor transformou nosso país na única grande democracia do planeta a consagrar a censura prévia, em evidente afronta aos princípios de liberdade de expressão e direito à informação conquistados com a Constituição Cidadã de 1988.
Depois da leitura da Carta, Fernando Moraes, entregou-a para o deputado Newton Lima e pediu que ele a lesse no plenário da Câmara e na participação que ele terá na audiência pública do STF.
Audálio Dantas recebeu o Troféu Juca Pato dizendo que a premiação e seus 81 anos lhe davam a oportunidade de deixar a humildade de lado para comemorar a honraria de receber o prêmio que já foi entregue a Aziz Ab’Saber, Lygia Fagundes Telles, Antonio Candido, Caio Prado Jr., Érico Veríssimo, Jorge Amado, Sérgio Buarque de Holanda, Carlos Drummond de Andrade, Cora Coralina, Frei Beto, entre outros.
