20 minutos que podem custar uma vida
Brincadeira de mau gosto. Uma atitude insensata. Até crianças envolvidas. Essa é a realidade que convive atendentes e socorristas do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).
Diariamente, 3 a 4 ligações telefônicas, que acabam sendo trotes diários que atrapalham os trabalhos realizados por aqueles que buscam salvar as vidas de pessoas que tem um mal súbito ou se envolvam em acidentes. Mensalmente o número preocupa, já que pode variar de 90 a 120 trotes. Cada atendimento demora de 15 a 20 minutos.
A chefe da Divisão de Atenção Pré-Hospitalar Móvel da Secretaria Municipal de Saúde de São Carlos, Éllen dos Santos Alves não esconde a preocupação já que ela comanda um grupo de funcionários cuja finalidade é justamente salvar vidas de são-carlenses e daqueles que se envolvam em um acidente.
“O trote atrapalha muito o sistema, pois quando nos deslocamos para atender um chamado e depois verifica-se que é trote, algumas vezes poderá deixar alguém que realmente precise esperando a liberação da viatura para atendê-lo”, disse Éllen, salientando que muitas vezes crianças acabam se envolvendo neste tipo de “brincadeira de mal gosto”.
Segundo Éllen, nos últimos três anos a média de ligações que são trotes diminuíram. Em 2011 foram 2.777 trotes, em 1.773 e em 2013, 1.062. “Durante alguns anos a instituição desenvolveu um trabalho nas escolas com crianças e adolescentes, o que fez com que houvesse uma queda nos chamados”, afirmou a chefe da Divisão de Atenção Pré-Hospitalar Móvel da Secretaria Municipal de Saúde de São Carlos.
ENTREVISTA
Em uma entrevista exclusiva ao portal www.jornalpp.com.br, Éllen dos Santos Alves explicou os problemas que os trotes proporcionam aos socorristas do Samu. Falou também do perigo que esta atitude causa e que seria importante a conscientização de toda a população.
Jornal Primeira Página – Hoje, como está a questão do trote em São Carlos. São diários?
Éllen dos Santos Alves – Durante alguns anos a instituição desenvolveu um trabalho nas escolas com crianças e adolescentes, o que fez com que houvesse uma queda nos chamados de trotes. Ultimamente tem diminuído muito, porém ainda existem alguns, com menor frequência, mais ainda há.
PP – Eles atrapalham os trabalhos dos socorristas?
Éllen – Com certeza sim, não o trabalho do socorrista em si, pois para qualquer chamado estamos prontos, mas o trote atrapalha muito o sistema, pois quando nos deslocamos para atender um chamado e depois verifica-se que é trote, algumas vezes poderá deixar alguém que realmente precise esperando a liberação da viatura para atendê-lo.
PP – Em média, por dia quantos trotes são passados? Quais os mais comuns?
Éllen – Em média são de 3 a 4 chamados de trotes diários e as causas são as mais diversas possíveis. Mas muitas delas envolvem chamados efetuados por crianças.
PP – O que leva uma pessoa a passar um trote?
Éllen – Muitas vezes o mal uso do serviço público, pode acarretar em brincadeiras desse tipo.
PP – O trote pode fazer com que uma pessoa possa até morrer por uma suposta falta de atendimento?
Éllen – Não há registros deste tipo de situação, onde por causa do trote, deixamos de atender alguém com risco de vida, mas o importante é conscientizarmos para que esse tipo de atitudes diminua, para que tal fato jamais venha a acontecer.
PP – Quando ocorre um trote e uma viatura acaba atendendo? Quantos minutos se perdem nessa falsa ocorrência?
Éllen – Em torno de 15 a 20 minutos, desde o chamado até a chegada da equipe no local
PP – Nos últimos anos quantos trotes aconteceram em São Carlos?
Éllen – Em 2011 foram 2.777 trotes; em 2012, 1.773 trotes e em 2013, 1.062 trotes.
