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Morte de atleta levanta polêmica em São Carlos

17/12/2013 23h06 - Atualizado há 10 anos Publicado por: Redação
Morte de atleta levanta polêmica em São Carlos

A morte de Pedro Henrique Dib, de 18 anos, que havia concluído uma sequência de exercícios em uma academia de São Carlos, levantou a seguinte questão: antes de frequentar as atividades físicas, o que é necessário para o interessado?

 

Professores de educação física destacam que uma avaliação clínica é fundamental, antes de começar os treinos. Uma professora da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) defende que as atividades necessitam de um planejamento adequado e, hoje, as academias aplicam o fitness, que segundo ela, é o máximo do condicionamento físico. O cardiologista afirma que o exercício físico aumenta a chance da parada cardíaca porque aumenta arritmia, que é mais frequente nas pessoas que não praticam o esforço físico.

Vinícius Gerdes trabalha é professor de uma academia no Centro de São Carlos. Ele considera que a morte do jovem, que jogava handebol desde os 11 anos, e mantinha uma atividade física constante, foi uma fatalidade.

A academia em que trabalha submete o interessado a um questionário, que identifica o histórico do aluno. “Caso a pessoa queira, pode apresentar os exames médicos para que possamos apresentar a sequência de exercícios mais adequada. O interessante também é estreitar o diálogo com o aluno, com o objetivo de identificar alguma situação, que pode comprometer a saúde do indivíduo, por meio da prática esportiva”, destaca.

“Avaliação médica e alimentação adequada são dois fatores importantes, que devem ser observados”, acredita o professor de Educação Física, Guilherme Barbosa. Na opinião dele, toda academia tem o dever de exigir um diagnóstico médico da pessoa, mas faz algumas ponderações.

“Algumas academias, não todas, exigem um atestado médico antes de matricular o aluno, mas e no decorrer do tempo? Se houver alguma instabilidade na saúde? O aluno também tem de fazer a sua parte, procurando sempre um médico para check-up”, recomenda.

Guilherme acredita que falta preparação dos professores de educação física para lidar com situações do gênero. “90% dos professores não estão preparados para lidar com uma situação de mal súbito de um aluno”, lamenta.

 

O CASO

Pedro Henrique Dib morreu na tarde de segunda-feira (16), após passar mal em uma academia de musculação. No local, Dib recebeu os primeiros atendimentos e foi levado pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) à Santa Casa, mas, a caminho do hospital, o jovem sofreu outro ataque e morreu. O velório ocorreu durante a madrugada de ontem, no Cemitério Nossa Senhora do Carmo e o enterro ocorreu em São Paulo, no Cemitério de Congonhas, na tarde de ontem.

 

“Cada pessoa tem que trabalhar no seu limite”, diz professora da UFSCar

A professora-doutora em Educação Física da Universidade Federal de São Carlos, Ana Claudia Garcia de Oliveira Duarte, defende que a academia é um lugar de iniciação à atividade física. “O treino é um processo pedagógico de aprender a se movimentar. O que nós vemos hoje, nas academias, é o fitness, que é o máximo do processo de condicionamento físico”, afirma.

A professora afirma que cada aluno necessita trabalhar no seu limite. “O que falta para as academias é entender as questões do treinamento físico e os cuidados iniciais da questão prática dos exercícios”, ressalta.

A professora também faz o alerta. “Não é o profissional de academia que deve indicar o uso de uma proteína, ou um tênis adequado. Para isso, existem profissionais especializados, como médicos e nutricionistas”, afirma.

“Geralmente, as academias têm métodos de treino prontos para todos os alunos. É necessário entender que as pessoas não são as mesmas. Cada pessoa tem que trabalhar no seu limite”, observa.

 

Cardiologista defende treinamento de suporte básico para academias

O médico cardiologista Sérgio Luiz Brasileiro Lopes, que também é diretor do Hopsital Escola, defende dois pontos que considera importantes para as academias. O primeiro é o treinamento dos profissionais de Educação Física para o atendimento de suporte básico de vida. “Um atendimento básico apresenta uma chance muito boa de reversão dos casos de morte súbita”, comenta.

Ao que tudo indica, segundo o médico, o jovem que morreu após a prática de exercícios físicos teve, em princípio uma taquicardia, “Mas a taquicardia não se mantém por muito tempo. Ela evolui para uma fibrilação ventricular”, explica.

Lopes salienta que os locais que têm circulação, em média, de 2.500 pessoas por dia, devem ter um desfibrilador externo automático, que tem um custo que varia de R$ 4 mil a R$ 6 mil e que o treinamento para o manuseio é bem simples.

“O atendimento de suporte básico reduz em 10% as chances de um novo ataque cardíaco em cada minuto. Ou seja, se houver a compressão torácica no paciente, respiração boca a boca, a chance do indivíduo sobreviver aumenta significativamente antes do socorro”, esclarece. “A morte súbita pós esforço físico não acontece em pessoas com o coração completamente normal”, disse o cardiologista.

 

“O exercício aumenta a chance da parada cardíaca porque aumenta arritmia cardíaca e é mais frequente nas pessoas que não praticam o esforço físico. O esforço físico é um paradoxo porque protege a pessoa se é feito regularmente. No atleta de final de semana, por exemplo, a incidência de problemas é maior, aproximadamente 18 vezes mais do que aquele que pratica o exercício semanalmente”, encerra.

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