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Pesquisas propõem novos modelos para Educação Física nas escolas

12/12/2013 00h13 - Atualizado há 10 anos Publicado por: Redação
Pesquisas propõem novos modelos para Educação Física nas escolas

A educação física realizada nas escolas, desde a Educação Infantil até o Ensino Médio, e principalmente, as mudanças necessárias nessa prática, são tema de pesquisas realizadas pelos professores do Departamento de Educação Física e Motricidade Humana (DEFMH) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).

 

Fernando Alves Donizete, docente do DEFMH, pesquisa a educação física infantil, compreendendo crianças até os 10 anos de idade. Ele explica que a prática esportiva nas escolas ainda está bastante ligada ao cumprimento de um currículo ultrapassado e propõe uma visão diferente, que compreende o movimento enquanto linguagem. “O ato de correr não é apenas um ato motor. Nós pensamos a ação em um contexto sociocultural, em que ela simboliza diversas coisas. As brincadeiras e os jogos são manifestações culturais, são processos educativos fundamentais para a formação da criança, e também sua porta de entrada na cultura. O que as escolas tradicionalmente propõem é diferente do que a criança vive em seu dia a dia, não considera as experiências particulares das infâncias. Em vez disso, apresenta um conjunto predeterminado de saberes, que geralmente se limita ao treino dos esportes coletivos”, explica Donizete.

“A visão tecnicista da educação física, aquela voltada para a formação de atletas, segrega os que não têm afinidade com os esportes mais populares. Pensar uma educação física de fato educadora nos abre para outras possibilidades de diversificar as ações e, assim, promover a inclusão”, complementa o pesquisador. Para exemplificar outras possibilidades de práticas esportivas, Donizete cita o ensino da esgrima. Primeiramente, o esporte é apresentado aos estudantes, que são incentivados a pesquisar sobre o tema e entender o funcionamento e regras da modalidade. A partir disso, os próprios alunos podem confeccionar os apetrechos para a prática, como o florete e o colete de proteção, utilizando materiais reciclados. A próxima etapa é a prática do esporte, somente depois das atividades preliminares de contato com a modalidade.

No mesmo escopo de modernização e democratização das práticas escolares está o trabalho de Glauco Nunes Souto Ramos, também docente do DEFMH, voltado para a educação física no Ensino Médio. Ele explica justamente que as práticas tradicionais no Ensino Fundamental dificultam a proposição de mudanças no próximo estágio e aponta caminhos para a renovação.

Ramos parte do mesmo princípio que Donizete, o de tentar entender os jovens antes de propor atividades predeterminadas. “Precisamos olhar para os jovens como sujeitos em construção e trabalhar com suas características. Não falamos mais em juventude, no singular, mas em juventudes, pois não há apenas uma forma de vivenciar essa fase. Entendendo as características dos jovens, podemos aproveitá-las para propor atividades que contemplem seus gostos e propiciem a inclusão”, pondera o professor.

Ele ressalta que diversos entraves podem prejudicar as aulas de Educação Física, mas não podem limitar a atividade. “Muitas vezes faltam espaços adequados para a prática esportiva, bem como materiais. Isto acaba favorecendo o modelo já instaurado de que a aula de Educação Física é a ‘aula de jogar bola’. Há também a resistência dos próprios alunos, que estão acostumados a ver essa disciplina como o momento de se libertar da sala de aula. É importante que a atividade seja prazerosa, mas a Educação Física é uma disciplina curricular e deve ser vista com tanta seriedade como as demais”, defende Ramos.

 

O pesquisador afirma que essa discussão é fundamental para a renovação das práticas pedagógicas na área e que a Universidade desempenha papel de destaque, uma vez que fomenta a reflexão e, também, é responsável pela formação dos futuros profissionais. Além disso, o próprio contato entre a Universidade e as escolas, principalmente por meio dos próprios estudantes de Educação Física, promove o encontro com novas formas de pensar e cria oportunidades de transformação.

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