Seminário sobre água aponta solução para preservação do Feijão
O Seminário de Recursos Hídricos Problemas e Perspectivas, apresentado nesta sexta-feira, 22, na Embrapa Instrumentação em comemoração ao Dia Mundial da Água, apontou algumas pesquisas e soluções para a preservação de mananciais e o abastecimento consciente à população.
A manutenção e a recuperação dos ciclos hidrológicos, ecológicos e da disponibilidade de água são hoje questões fundamentais, especialmente em regiões urbanas onde o crescimento populacional e o elevado grau de impermeabilização interferem no ciclo hidrológico, na vazão dos rios e na drenagem.
O seminário discutiu esses tópicos no intuito de elaborar propostas concretas de manejo, utilização e conservação dos recursos hídricos, contribuindo assim para a definição e composição de políticas públicas que assegurem o uso racional e sustentável de um dos mais importantes recursos naturais.
Na palestra apresentada pelo professor da Universidade Federal de Itajubá, Francisco Dupas, discutiu-se a possibilidade de projeto de pagamento por serviços ambientais e os mananciais de São Carlos e região.
Inicialmente, os estudos fazem um comparativo do que está sendo consumido através dos métodos de água superficial e subterrânea. Segundo o professor, São Carlos tem histórico de consumo de água superficial nas décadas passadas e atualmente a situação está se invertendo, e grande parte da água utilizada é de captação subterrânea, principalmente do Aquífero Guarani.
Isto se torna um grande problema por deixar a cidade com abastecimento escasso, impulsionando cada vez mais o aumento da profundidade dos poços de maneira que consiga trazer esta água para cima. Enquanto a água superficial de rios, córregos e outros mananciais pode ser retirada de forma mais simples e em maior quantidade, preservando-se os mananciais.
O córrego do Feijão é um manancial muito importante em São Carlos que, se recuperado, poderá suprir mais de 80% do abastecimento local, como já ocorria décadas atrás. Atualmente, por causa de vários fatores, como poluição e o assoreamento, o rio permite abastecer apenas 30% da população da cidade.
O pagamento por serviços ambientais se encaixa como uma possível solução na recuperação e preservação do manancial do Feijão, com o interesse da população em fornecer recursos para o trabalho. Desta forma, o projeto propõe a cobrança de uma taxa extra nas contas de água destinada à preservação do Feijão.
O professor explica que a cidade pouco a pouco vem avançando e tomando a área e sempre que o crescimento urbano o atinge, o manancial se deteriora, associando também os fatores de má gestão do uso agricultura e pecuária o problema se agrava mais.
“O objetivo da proposta do pagamento dos serviços ambientais é preservar este importante manancial da cidade. Junto, uma pesquisa realizada na cidade apontou que mais de 50% da população tem interesse por este serviço”, comenta Dupas.
O dinheiro estaria vinculado ao Serviço Autônomo de água e Esgoto (Saae) e seria destinado na recuperação da bacia. Isto é um processo que dependerá muito do interesse da população e da vontade político. De acordo com o professor, há uma sinalização do Executivo para que o Saae não perfure mais poços e mantenha o Feijão como a melhor opção para abastecimento e preservação.
Mas para todo o processo dar resultados completos, é necessário também a colaboração do setor agrícola que transporta muito agrotóxicos através de águas das chuvas para o manancial. Na região há muitos cultivos como de cana, laranja eucalipto, milho e pastagem.
“Tudo isso contribui para que, ao longo do tempo, águas fiquem comprometidas para abastecimento e consumo. O próximo passo é colocar em ação o projeto piloto, financiando pela Fapesp e CNPq, com parceria da ONG Amigos do Feijão, para limpeza e preservação do manancial”, explica o professor.