Diva Ângela Maria fala sobre passado e presente
A grande estrela da música popular brasileira, Ângela Maria, esteve em São Carlos na última terça-feira, 19, e encantou o público que há décadas admira seu trabalho nos palcos, sua simplicidade e voz privilegiada.
Em entrevista ao jornal Primeira Página, Ângela falou sobre o passado e deu sua opinião sobre a música brasileira nos dias de hoje. A artista também contou o motivo que a fez ficar por um longo período longe das gravações e falou sobre o último disco, “Eu Voltei”, onde grandes compositores foram lembrados neste novo trabalho, como Tom Jobim, Luiz Bonfá, Caetano Veloso e Chico Buarque.
Perguntada sobre do que mais sente saudade das épocas de ouro do rádio e da televisão, Ângela afirma. “Eu sinto saudade de tudo daquela época, dos programas, das músicas, do rádio, o público estava sempre presente no auditório, dos programas de Manoel Barcelos, Paulo Gracindo, entre outros. Sinto realmente saudade das músicas e dos compositores, que não estão mais entre nós, aqueles que foram os maiores compositores como Vicente Paiva, Caymmi, Vinicius de Moraes, Ary Barroso, graças a Deus eu tive a honra de gravar músicas de todos eles”.
Sobre a música brasileira na atualidade, a cantora diz que ainda há coisas boas, porém houve uma desvalorização pelos próprios brasileiros e pelo mercado fonográfico.
“Felizmente a música brasileira ainda não morreu por completo para dar lugar a outros valores e a outros ritmos, nós aqui estamos cheios de ritmos estrangeiros, diferente de tudo aquilo que eu sempre fui acostumada a ouvir. Antigamente, por exemplo, nós tínhamos o tango, o bolero, o tcha tcha tcha, mas sempre a música brasileira era colocada acima de tudo, não só na execução das rádios como também nos clubes e nos programas de calouros”.
“Hoje em dia vamos dizer que ela ocupa o terceiro lugar, infelizmente, porém continua uma música rica, não só no Brasil como em outros países por onde passei. Na minha opinião e até deles lá fora, é a música mais bonita do mundo”, completa Ângela.
Sobre o fato de ter ficado afastada das gravações, Ângela explica. “Fiquei afastada durante uns quatro anos por vontade própria. Voltei depois que resolvi ouvir o conselho do meu marido Daniel que sempre me pedia para voltar a gravar. Parei por causa de alguns fatores, entre eles a pirataria e o fechamento de grandes gravadores me deixaram desmotivada. Meu marido tinha toda a razão quando dizia que meus fãs não tinham culpa de nada e que eles queriam me ouvir e ter novas gravações. O álbum ‘Eu Voltei’ é por isso”.
“Eu Voltei’ faz referência ao refrão de ‘O Portão’, clássico de Roberto Carlos e Erasmo. Tem músicas que vão agradar até o público jovem, já que possuem autores da atualidade como Caetano e Roberto Carlos”, finaliza Ângela.