Estremecendo o mundo dos adultos, Terremota chega a São Carlos
Vencedor do Prêmio de Melhor Texto 2012 pela Associação Paulista dos Críticos de Arte – APCA e indicado duas vezes ao Prêmio Femsa de Teatro Infantil 2012 por melhor texto e melhor atriz, o espetáculo infantil “Terremota” chega hoje, 9, a São Carlos para “tremer o mundo dos adultos” no Sesc a partir das 11h. A entrada é gratuita.
“Terremota” conta a história de Maria, uma menina corajosa e esperta, que vive com o Tio Bigode e tem um gato chamado Platão. Passa grande parte do dia sozinha em casa e sua maior diversão é analisar o mundo pela janela. Um dia, indignada com o que vê, cheia de idéias e transbordando liberdade, Maria decreta autonomia e funda, na própria sala, uma nova ordem, a República Terremota.
A peça, com direção e texto inédito de Marcelo Romagnoli, busca inspiração em duas grandes personagens do universo infantil: Mafalda, a menina sagaz, política e profundamente humanista criada pelo cartunista argentino Quino, e Pippi Meia longa, a adorável garota inventada pela escritora sueca Astrid Lindgren, símbolo de independência e coragem.
Jackie Obrigon vive Maria, abusando de uma composição corporal espevitada e elétrica, imprimindo à protagonista uma alma cheia de sagacidade e humor infantil. Tio Bigode, o metódico solteirão de meia idade, é interpretado por Guto Tognazzolo. Ele cuida da sobrinha e do gato Platão, que é um boneco manipulado pelos atores.
Com trilha e músicas compostas por Tata Fernandes e Morris Picciotto, “Terremota” apropria-se, em sua essência, dos estudos do educador Jean Piaget, principalmente no que se refere ao embate entre os desejos da criança e as regras do mundo adulto.
Ao transformar a sala de casa num território livre, Maria assume o poder e passa a governar segundo suas leis. Assim, o que antes não podia, como por exemplo, usar cinco chapéus de uma vez, agora, neste novo “reinado”, pode.
O cenário, criado por Marisa Bentivegna, permite representar estes dois “reinos”, transformando-se de um ambiente organizado e monocromático num espaço de
brincadeira e diversão.
O jogo criado por Maria e seu Tio Bigode pretende revelar a psicologia da relação de poder entre adultos e crianças e está presente também nos figurinos criados por Cláudia Schapira. Enquanto a menina usa roupas coloridas, misturadas e sobrepostas, o tímido e envergonhado tio veste-se com rigor e equilíbrio.
As reflexões do espetáculo estendem-se sobre a própria essência da educação, tocando em questões políticas, éticas e pedagógicas. Com uma linguagem simples e direta, o espetáculo pretende criar um universo de fantasia para o público, ao mesmo tempo em que discute temas importantes na formação da criança: mundo idealizado & mundo real; educação e limite; autoridade e liberdade.
“Terremota” quer propor um olhar mais feliz, curioso e instigante para a criança e para o adulto do mundo contemporâneo, abrindo uma janela para entender as diferentes formas de educar.