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Os dinossauros invadiram São Carlos

10/09/2013 22h12 - Atualizado há 11 anos Publicado por: Redação
Os dinossauros invadiram São Carlos

Eles trouxeram o passado de volta para a cidade da tecnologia. Foi inaugurada nesta terça-feira, 9, na USP São Carlos, a exposição “Cabeça Dinossauro: o novo titã brasileiro”, que traz uma réplica feita em resina do esqueleto do Tapuiasaurus macedoi – carinhosamente apelidado de “Jesuíno” – com 4,5 metros de altura e 11 de comprimento. Aberta a toda a comunidade, a mostra fica em cartaz até 30 de novembro, no hall da biblioteca Achille Bassi, no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC), campus I da USP de São Carlos.

 

“Não sabemos calcular o que significam os dinossauros para a história da nossa espécie, assim como não conseguimos calcular o que serão os computadores – ainda tão pouco compreendidos – para o futuro da humanidade”, declarou a Pró-Reitora de Cultura e Extensão Universitária, Maria Arminda do Nascimento Arruda, durante a cerimônia que marcou a chegada dos dinossauros ao ICMC. “As áreas da matemática e da computação são essenciais para a sociedade contemporânea. Esse mundo virtual, que é o mundo dessas áreas, também é o mundo da cultura. Hoje, ao ouvir o som dos dinossauros, vejo que nada é mais perfeito do que os computadores para fazer os dinossauros estarem aqui”, completou.

A exposição é organizada pelos museus de Ciências e de Zoologia da USP e reúne diversos fósseis, apresentando o trabalho de paleontólogos da Universidade que desenvolvem pesquisas na área, acarretando descobertas importantes, como o crânio do Jesuíno. “Esse é o crânio mais completo que existe dentro da família dele, que é chamada Titanosauridae. É a primeira vez que a gente tem a certeza de como eram as faces desses dinossauros aqui no Brasil”, ressalta o pesquisador do Museu de Zoologia da USP, Alberto Carvalho, um dos curadores da mostra.

O presidente do Conselho Gestor do Campus da USP São Carlos e diretor do ICMC, José Carlos Maldonado, ressaltou que o apoio recebido de todas as unidades do campus e também da prefeitura possibilitou a vinda da exposição. Para ele, Cabeça Dinossauro é um marco, um exemplo do que uma atividade de cultura e extensão desse porte pode gerar para o município. “Já temos o apoio da Pró-Reitora de Cultura e Extensão para um novo Museu de Ciência e Tecnologia, na área 2 do campus de São Carlos. Acredito que um espaço para interiorizar parte do acervo da USP teria um impacto muito positivo na formação de novos talentos em toda a região”, disse Maldonado.

Segundo a presidente da Comissão de Cultura e Extensão Universitária do ICMC, Solange Rezende, já existem 60 grupos de alunos de escolas particulares e públicas agendados para visitar a exposição, totalizando mais de 2,3 mil pessoas. “O dinossauro nos escolheu. Esperamos acolher todos os visitantes com o carinho de quem quer divulgar as nossas áreas do saber, que permeiam todos os demais campos do conhecimento. Queremos que os jovens que nos visitem saiam daqui com o sonho de se tornarem um estudante da USP”, destacou Rezende.

“Quando éramos crianças, brincávamos com coisas materiais. As crianças de agora brincam com o virtual. E se precisamos de uma nova geração formada a partir de novos conteúdos, nada melhor do que oferecer a eles a história da humanidade”, disse o Secretário Municipal de Educação, Carlos Alberto Andreucci, que representou, durante a cerimônia, o Prefeito Municipal, Paulo Altomani.

 

Passado e futuro interligados

Por incrível que pareça, Carvalho conta que a história da descoberta de Jesuíno já começou totalmente relacionada à era da tecnologia. Via uma rede social, um estudante de biologia que vivia na região de Coração de Jesus, em Minas Gerais, entrou em contato com um dos parceiros de Carvalho para falar sobre questões relacionadas à comunidade de jipeiros da qual participavam. Quando o estudante descobriu que o jipeiro era também paleontólogo, disse que havia encontrado pedras diferentes na região, que pareciam ossos petrificados, e questionou se ele poderia dar uma olhada.

Então, o estudante enviou algumas fotos e a equipe do Museu de Zoologia da USP começou a avaliar o material. “Pedimos mais informações para ter uma ideia de qual era o perfil geológico daquela região. Aí resolvemos apostar, tínhamos apenas uma ideia do que poderia ser. Mas quando chegamos lá, percebemos que estávamos diante de alguma coisa diferente, que tinha tudo para ser um dinossauro”, contou Carvalho.

Os pesquisadores começaram a achar os primeiros ossos em 2005 e, somente em 2008, encontraram a cabeça do dinossauro. Em 2011, foi organizada a primeira exposição temporária sobre o tema, na sede do Museu de Zoologia, em São Paulo, onde permaneceu por cerca de seis meses. Foi aí que se estabeleceu a parceria com o Museu de Ciências e a mostra se tornou uma exposição itinerante, passando por Coração de Jesus, Ribeirão Preto, Bauru e, agora, São Carlos.

“Nossa ideia é passar por todos os campi da USP, o que vai acontecer até 2015, e queremos incorporar todas as impressões de cada itinerância, porque temos muito a aprender”, afirmou diretora do Museu de Ciências da USP, Marina Mitiyo Yamamoto.

“O nosso dinossauro está saindo dessa experiência no ICMC um pouco mais tecnológico, ele até ganhou um hotsite (www.dino.icmc.usp.br). Isso vem se somar ao nosso projeto, que é uma iniciativa de grandes parcerias, que vão se somando ao longo desse percurso. Quem sabe, além do hotsite, outras interfaces interessantes sejam criadas com as áreas de matemática e computação. Afinal, estamos vivendo um momento de interdisciplinariedade”, declarou a chefe da Divisão de Difusão Cultural do Museu de Zoologia da USP, Maria Isabel Lamdim, que também é uma das curadoras da mostra.

Yamamoto adiantou que está sendo estudada a possibilidade de se construir uma exposição virtual junto com um grupo de pesquisadores do ICMC. Ela ressaltou ainda que, ao invadir São Carlos, os dinossauros podem contribuir para que o público, que se relaciona predominantemente com as ciências exatas, tenha a oportunidade de realizar uma reflexão mais humanística.

 

“Em paleontologia, você precisa pegar exemplos do presente para entender um pouco do passado e fazer projeções para o futuro. A gente trabalha muito com o passado e, aqui no ICMC, trabalha-se muito com o futuro. Na verdade, essas coisas acabam se ligando e interagindo. Precisamos das tecnologias novas que preveem o futuro para entender as questões do passado”, finalizou Carvalho.

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