Sesc recebe espetáculo inspirado na obra de Chico Buarque
Livremente inspirado no livro “Figuras do Feminino na canção de Chico Buarque” a Magesto Cia. de Dança apresenta nesta terça-feira, 26, no Sesc São Carlos o espetáculo “Chico no Feminino”. Com direção artística de Carla Nader e Mônica Ferraro. Será a partir das 20h no teatro.
Chico Buarque sempre foi reconhecido como um dos poetas que mais sensivelmente captam o feminino e o exprimem, traduzindo-o em palavras e música. Em sua Lírica entranhadamente corporal, emerge o ser e a fala da mulher, de uma perspectiva por vezes espantosamente feminina. É esta a proposta do espetáculo “Chico no Feminino”, baseada no livro “Figuras do Feminino na Canção de Chico Buarque” em que Adélia Bezerra de Menezes, a partir das canções de Chico Buarque, desenvolve uma reflexão sobre o tema do feminino e passa do afetivo ao social, do sexual ao político, sempre sob um prisma original – diferentemente do discurso habitual sobre a mulher, utilizando uma abordagem ora sociológica, ora psicanalítica.
No espetáculo coreográfico a mulher surge como uma vigorosa metáfora da confluência do erótico e do político, do afetivo e do social, da ordem da festa e do trágico. Mais do que isso, emerge como o próprio Eros de um povo que parece ambicionar, acima de tudo, a liberdade no prazer, independente do caos urbano, dos períodos de ditadura, dos percalços pessoais ou da marginalidade social.
Em outras palavras, a imagem da mulher se sobrepõe a tudo: à cidade com suas multidões, às classes trabalhadoras, ao longo ciclo dos governos militares, ao futebol, ao carnaval e, assim, sucessivamente. Ela só não se sobrepõe ao próprio homem porque sem o masculino o elemento feminino se torna incompleto. É impossível tratar-se da mulher, sem que o masculino seja convocado: é no contexto de uma intensa relação afetiva que se flagra o fundamental do feminino.
Fundamentado na dança contemporânea, “Chico no Feminino” propõe a interatividade de diversas linguagens artísticas a fim de abordar os princípios que constituem o feminino na obra de Chico Buarque. Todo trabalho coreográfico tem o suporte técnico da psicanálise, contando inclusive, com a consultoria de uma psicanalista dentro do grupo de intérpretes-criadores, gerando análise, entendimento e resgate da história da subjetividade do indivíduo contemporâneo que será exposto na coreografia, através do enredo, intenções, plasticidade e movimentos.
