Stürmer supera obstáculos para levar o ouro
No melhor estilo James Bond, personagem que escolheu como inspiração para sua apresentação na competição de patinação artística em Guadalajara 2011, Marcel Stürmer superou todos os obstáculos que encontrou pelo caminho e conquistou nesta segunda-feira, 24, sua terceira medalha de ouro consecutiva nos Jogos Pan-americanos. Campeão em Santo Domingo 2003 e Rio 2007, o brasileiro levantou o público no Patinódromo de Guadalajara com sua exibição no programa livre e deixou para trás não só a concorrência, mas principalmente os problemas que enfrentou às vésperas da competição.
Marcel teve seu equipamento roubado pouco antes do embarque para o México, ficando sem seus patins e a roupa que usaria na apresentação, além de outros itens de treinamento. Para amaciar os novos patins enviados às pressas para Guadalajara, precisou passar horas na pista, ao invés dos 30 minutos que costuma dedicar aos treinos antes das competições, e ajustou a roupa feita em dois dias por amigos com alfinetes.
Nenhuma barreira, entretanto, foi suficiente para impedir a conquista de Marcel. Reconhecidamente superior a seus rivais na competição, o brasileiro fez uma apresentação impecável e recebeu nota 533,20, batendo o argentino Daniel Arriola, que obteve 513,10, e o colombiano Leonardo Parrado, que somou 493,00.
“Estou muito feliz, esta é a conquista da superação. Não poderia ter escolhido personagem melhor, porque a minha realidade era muito difícil quando cheguei aqui, depois do assalto, sem meu patins, minha roupa, o material que uso todos os dias há um ano e meio. É claro que isso provocou uma desestrutura emocional, então foi muito mais fácil sair da minha realidade e entrar na do James Bond, um cara que passa por cima de tudo, supera todos os obstáculos”, disse Marcel. “Ele pode até levar um tiro, mas vence no final”.
O patinador reconheceu que a falta do equipamento afetou menos em termos de desempenho do que no aspecto psicológico. “Por um lado eu perdi meus patins, mas ganhei horas e horas de treino nessa pista, que era difícil por ser aberta, com vento e condições diferentes dependendo da hora. Cheguei a treinar cinco horas para amaciar os patins e passei a conhecer essa pista como ninguém”, disse o patinador. “Mas é claro que o tempo todo tive de dizer para mim mesmo: ‘Vou conseguir, o patins não vai atrapalhar tanto’. Era uma missão impossível, mas o pé está ótimo e deu tudo certo”.
Um pouco antes da conquista de Marcel, o Brasil já havia faturado sua primeira medalha na patinação artística em Guadalajara. Apesar de sofrer quedas durante sua apresentação, Talitha Haas conquistou a medalha de bronze, com a nota 484,60 (a argentina Elizabeth Soler ficou com o ouro, com 516,40, e a chilena Marisol Villarroel levou a prata, com 494,40), e não escondeu a surpresa diante do resultado.
“Foi uma surpresa muito grande, estava quase empatada com a colombiana!”, vibrou a brasileira ao saber do resultado. “Não estou tão satisfeita com a minha apresentação, pois sei que poderia ter sido muito melhor, mas estou muito feliz pela medalha. Tenho que trabalhar esse lado do nervosismo, depois que caí senti muito a pressão”, revelou.
A técnica de Talitha, Janaína Espíndola, elogiou a maturidade da atleta, de apenas 16 anos, diante da pressão de disputar pela primeira vez os Jogos Pan-americanos.
“Acho que fiquei mais tensa do que ela. Talitha começou mal, mas conseguiu se recuperar. Ela é um exemplo, uma guerreira. Ainda vai ganhar muita experiência, que faz falta às vezes. Mas ela tem um futuro brilhante pela frente. Suportou muito bem a pressão do primeiro Pan e conquistou essa medalha”. (cob.org.br)
Foto: Divulgação/Vipcomm{jcomments on}
