Medo de sair de casa
Na segunda-feira, enquanto tomava meu café da manhã, assistia ao Bom dia, Brasil. Assustadoras demais para qualquer espírito, as notícias que o jornal exibia fizeram com que o salgado e o suco de laranja descessem pela minha garganta com dificuldade.
No jornal, passavam as notícias com o tema “violência”. Parecia mentira que tudo aquilo que o repórter narrava tinha acontecido num único final de semana: um sem número de ônibus e carros incendiados, troca de tiros entre policiais e bandidos em plena luz do dia, arrastões a condomínios de luxo etc.
Surpreende tanto esse tipo de coisa se pensarmos que a humanidade, no que diz respeito à evolução científica e tecnológica, já avançou- e continua avançando- assustadoramente, mas, ao mesmo tempo, ainda é totalmente incapaz de lidar com problemas básicos, como educação, saúde e segurança.
As soluções estão todas aqui, na nossa cara. E, ao não conseguir sanar problemas básicos que deixem toda humanidade à vontade para usufruir de tudo que já foi criado, faz com que entremos numa contradição sem precedentes.
Com a violência se multiplicando pelo mundo, mesmo aqueles que, aparentemente, estão isolados desse cenário, são também atingidos. Já percebemos que os altos muros dos condomínios fechados não estão mais sendo suficientes para isolar os “bem abastados” daqueles que não possuem o mínimo.
Diferente da invenção de um supercomputador, carro ou casa, a solução para problemas relacionados à segurança é muito mais simples! Porém, encontrar alguém disposto a resolvê-los está mais difícil do que construir a máquina do tempo. E isso a própria realidade tem nos mostrado cotidianamente.
Será que precisaremos chegar ao ponto de não poder colocar os pés para fora de casa sem sermos surpreendidos com uma arma na cabeça para que algum administrador público resolva fazer algo? Será que, então, já não será tarde demais?…
(*) Jornalista
